garotas quietas e limpinhas de vestidos xadrez
de algodão...
todas as
que eu conheci são putas, ex-prostitutas,
mulheres
loucas. vejo homens com mulheres quietas,
delicadas
– eu os vejo em supermercados,
eu os vejo
andando na rua juntos,
eu os vejo
em seus apartamentos: pessoas em
paz,
vivendo juntas. sei que a sua
paz é
apenas parcial, mas há
paz, várias
horas e dias de paz.
todas as
que eu conheci são viciadas em pílulas, alcoólatras,
putas,
ex-prostitutas, mulheres loucas.
quando uma
parte
outra
chega
pior que a
anterior.
vejo
tantos homens com garotas quietas e limpinhas de
vestidos
xadrez de algodão
garotas
que não têm cara de onça ou
de
predadora.
“jamais
apareça com uma puta,” falo para meus
poucos
amigos, “eu ia me apaixonar por ela.”
“você não
conseguiria suportar uma boa mulher, Bukowski.”
eu preciso
de uma boa mulher. preciso de uma boa mulher
mais do
que preciso desta máquina de escrever, mais do que
preciso de
meu automóvel, mais do que preciso
de Mozart;
eu preciso tanto de uma boa mulher que
até posso
sentir o gosto dela no ar, posso senti-la
na ponta
dos dedos, posso ver se fazerem calçadas
para os
seus pés passarem,
posso ver
travesseiros para sua cabeça,
posso
sentir minha risada à espera,
posso
vê-la acariciando um gato,
posso
vê-la dormindo,
posso ver
os seus chinelos no chão.
eu sei que
ela existe
mas nesse
mundo, onde ela está
enquanto
as putas continuam me encontrando?
poema: Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
do livro: ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 LETRAS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário