quinta-feira, 6 de setembro de 2012





como ser um grande escritor


você tem mais é que comer muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever uns poemas de amor decentes.

não se preocupe com a idade
e/ou novos talentos.

apenas beba mais cerveja
mais e mais cerveja

e vá às corridas ao menos uma vez por
semana

e ganhe
se possível.

aprender a ganhar é difícil –
qualquer porcão pode ser um bom perdedor.

e não se esqueça de Brahms
e de Bach e de sua
birita.

não faça muito exercício.

durma até o meio-dia.

evite cartões de crédito
ou pagar qualquer coisa no
dia.

lembre-se que não existe um cu
nesse mundo que vale mais de $50
(em 1977).

e se você tiver a capacidade de amar
primeiro ame a si mesmo
mas sempre tenha em mente a possibilidade de
derrota total
ainda que a razão dessa derrota
pareça certa ou errada –

um gostinho de morte cedo não é necessariamente
uma coisa ruim.

fique longe de igrejas e bares e museus,
como a aranha seja
paciente –
o tempo é a cruz de todo mundo,
mais
solidão
derrota
traição

toda essa sujeira.

fique com a cerveja.

cerveja é sangue contínuo.

um amor contínuo.

pegue uma boa máquina de escrever
e enquanto os passos vêm e vão
além de sua janela

bata nela
bata nela com força

como se fosse uma luta de pesos pesados

faça como o touro em sua primeira investida

e lembre-se dos velhões
que lutaram tão bem:
Hemingway, Céline, Dostoiévski, Hamsun.
se você acha que eles não enlouqueceram
em quartos minúsculos
assim como você faz agora

sem mulheres
sem comida
sem esperança

você então não está pronto.

beba mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
também.


poema: Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
do livro ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras)

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