segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

"O Fernando Koproski está na capa do especial de fim de semana do Paraná Online. Aproveite a ilustre presença e confira a lista com os 10 melhores livros de 2014, tem também o Cezar Tridapalli, o Rodrigo Garcia Lopes, o Ian McEwan e outros. Vale a pena."
Contracapa
Jonatan Silva para o ParanaOnline

CONFIRA OS 10 MELHORES LIVROS LANÇADOS EM 2014:

Retrato do artista quando primavera – Fernando Koproski (7letras) R$34,00

O poeta e tradutor curitibano cria um mosaico do seu próprio ofício. No entanto, o retrato é muito mais que um olhar narcísico, ao contrário, Koproski vê a poesia refletida no cotidiano de uma sociedade mais preocupada com o consumo e menos envolvida com a arte.”


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Dos poemas que escrevi esse ano, estava selecionando um pra postar hoje e descobri agora que o facebook excluiu meu poema "oração de coração", aquele poema que fiz pra São Francisco de Assis e pra todos que têm e amam seus bichinhos de estimação. O porquê do facebook ter censurado e excluído esta postagem é um mistério pra mim... Por acaso esses versos têm conteúdo impróprio? Vou postar ele de novo aqui, junto ao meu desejo de um ótimo natal e um grande ano novo pra todos os meus amigos que leem essa modesta e humilde página... E por fim, abraços impróprios... do próprio!

ORAÇÃO DE CORAÇÃO

Ah, meu São Francisco de Assis
me perdoa pelo que eu fiz
e o que eu não fiz

Às vezes os humanos são vis
e uns verdadeiros animais
Às vezes meus amigos bichanos
são muito mais humanos
até humanos demais

Ah, meu São Francisco de Assis
me perdoa por amar quem eu não quis
me perdoa por amar e não amar
quem eu quis

Às vezes os humanos
são menos que seus ais
Às vezes são só meus bichanos
que me trazem paz

Ah, meu São Chiquinho
me perdoa por amar de menos
e me perdoa por amar demais

Que um dia os humanos
aprendam contigo o mesmo carinho
que ensinam os animais

Fernando Koproski

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ESTOU AMANDO

ela é jovem, ela disse,
mas olhe pra mim,
tenho tornozelos bonitos,
e olhe para os meus pulsos, tenho pulsos
bonitos
ah meu deus,
eu pensei que tudo estava dando certo,
e agora é ela de novo,
toda vez que ela liga você pira,
você me disse que tinha acabado
você me disse que tinha terminado,
escuta, já vivi tempo suficiente para me tornar
uma boa mulher,
por que você precisa de uma mulher má?
você precisa ser torturado, não?
você acha que a vida é podre se alguém te tratar
mal tudo se encaixa,
não é?
me fala, é isto? você quer ser tratado como
merda?
e o meu filho, meu filho ia te conhecer.
eu contei para o meu filho
e deixei todos os meus amantes.
eu fiquei parada num café e gritei
ESTOU AMANDO,
e agora você me faz de idiota...

me desculpe, eu disse, me desculpe mesmo.

me abraça, ela disse, me abraça por favor?

nunca estive numa coisa dessas antes, eu disse,
nesses triângulos...

ela se levantou e acendeu um cigarro, estava tremendo toda.
ela começou a andar sem parar, histérica e louca. ela tinha
um corpo pequeno. seus braços eram finos, muito finos e
quando ela gritou e começou a me bater eu segurei seus pulsos
e então eu vi bem dentro dos olhos: ódio, há séculos puro e
profundo. eu estava errado e sem graça e me sentindo mal.
tudo que eu tinha aprendido tinha sido desperdiçado.
não havia um ser vivo mais desprezível do que eu
e todos os meus poemas eram
falsos.

Poema: Charles Bukowski
Tradução: Fernando Koproski
da antologia poética ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras)


De 5 em 5 minutos
enquanto chove
passa todo ônibus que não é o meu
de 5 em 5 minutos
a máquina do mundo engasga,
as suas engrenagens perdem fôlego
e ela tosse sangue e óleo queimado
de 5 em 5 minutos
a máquina do mundo vê
mais um poeta no meio do caminho
e sem pensar duas vezes o atropela
de 5 em 5 minutos
chove e chove e chove
de 5 em 5 minutos
se passam muito mais do que cinco minutos
de 5 em 5 minutos
uns morrem de câncer
outros de solidão
de 5 em 5 minutos
a solidão foi tomando
um a um os seus órgãos
de 5 em 5 minutos
a solidão foi comendo
mastigando ele por dentro
até que um dia acabou morrendo
de solidão generalizada
de 5 em 5 minutos
ainda chove
de 5 em 5 minutos
os sonhos crescem como ervas daninhas
em teus mais belos e conformados
jardins da mente
de 5 em 5 minutos
novas formas de beleza
são inauguradas e perdidas para sempre
na tua frente
de 5 em 5 minutos
em pleno inverno
os ipês têm a sublime audácia
de expor suas pétalas roxas
para nós mais uma vez
de 5 em 5 minutos
a vida não pode perder seu tempo com esse poema
de 5 em 5 minutos
a menina de 4 aninhos
tem seus bracinhos e costas queimados
por pontas de cigarro
de 5 em 5 minutos
há mais de três meses
a menina de 4 aninhos
está sendo estuprada
de todas as maneiras
que se possa imaginar
de 5 em 5 minutos
um caminhão se perde na curva
e esquarteja gérberas
quando corta de fora a fora
pela linha de cintura
uma mulher grávida
que esperava o ônibus
de 5 em 5 minutos
as árvores são asfixiadas
pelas sombras tóxicas dos edifícios
de 5 em 5 minutos
os rios morrem afogados em triste sujeira
e suja tristeza
de 5 em 5 minutos
a chuva não limpa mais nada
de 5 em 5 minutos
a chuva suja muito mais
do que simplesmente a roupa no varal
ou a inocência dos desavisados
ou a ingenuidade dos distraídos
de 5 em 5 minutos
violências inimagináveis passam a ser imagináveis
por alguém
bem perto de você
de 5 em 5 minutos
almas de alfazema morrem
de doenças seguramente erradicadas
há mais de um século em meu país
de 5 em 5 minutos
a menina de 4 aninhos
vê uma minipétala de sangue crescendo
no lugar do que um dia seria seu seio
ao ter seu primeiro mamilo arrancado
de 5 em 5 minutos
se passam muito mais do que cinco minutos
de 5 em 5 minutos
ninguém mais se lembra
do que aconteceu com a menina de 4 aninhos
ou com a mulher grávida
ou com a chuva
ou com as árvores
de 5 em 5 minutos
somos intoxicados por um amor
que nunca será o bastante
de 5 em 5 minutos
você pode optar pela urgente
veloz e ingrata corrida dos ratos
ou pela sábia e paciente renúncia dos gatos
de 5 em 5 minutos
novas doenças estão sendo criadas
para conter o avanço de seus filhos
e dos filhos de seus filhos
para evitar que o nosso inadmissível fracasso
se prolongue por muito mais tempo
de 5 em 5 minutos
nossas ideias de felicidade
se espatifaram entre a gente
de 5 em 5 minutos
hoje eu ando devagar
com cacos de sonhos
fincados nos pés
de 5 em 5 minutos
volta a chover novamente
de 5 em 5 minutos
enquanto chove
eu vivo aqui
esperando o ônibus
junto com a mulher grávida,
a menina de 4 aninhos
e a chuva

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)
outros livros do autor estão aqui:

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Atenção Switzerland, estamos chegando! O meu amigo e parceiro de composições Carlos Machado estará fazendo shows na Suíça em janeiro. Em Bern e Langenthal, o moço estará desempenhando em músicas de nossa parceria, como esta: "outra canção". sente só:
http://carlosmachado.bandcamp.com/track/outra-can-o

OUTRA CANÇÃO

quando você vinha
nos meus braços
uma canção acendia
não havia espaço
pra mais nada
era só você e tua dor
e tudo mais escurecia

a tua dor sob o refletor
sempre pareceu maior
mais dor do que a minha

quando você fugia
nos teus braços
uma canção sufocava
não havia espaço
pra mais nada
era só você e teu rancor
e tudo mais ardia

a tua pele sob o cobertor
sempre pareceu calor
mais amor do que devia

na hora da despedida
a tua voz de menina
sempre pareceu flor
num liquidificador
na hora da reconciliação
a tua voz de menina
sempre pareceu mais
maré do que maresia

nos meus braços, então
já havia outra canção

poema: Fernando Koproski (do livro "RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA")
música: Carlos Machado
ALELUIA

Ouvi dizer que há um acorde secreto
Que Davi tocava pra ter Deus por perto,
Mas sem dúvida você não liga pra música.
Começa assim: a quarta, a quinta
Uma nota desce, outra sobe, sinta
Como o rei se complica compondo Aleluia!

Sua fé tinha força mas queria provas.
Quando viu ela no banho em águas novas
Você ficou alucinado com ela à luz da lua
Ela te deixou amarrado até os pelos
Rompeu seu reinado, cortou seus cabelos,
E arrancou dos teus lábios um Aleluia!

Você diz que falei o Nome em vão;
Qual seria o nome, eu não sei não.
Mas se eu soubesse, sério, qual é a tua?
Há uma luz nua em cada palavra;
Não importa qual escute quando falada,
A suja ou a sagrada Aleluia!

Fiz o melhor que pude; nem foi tanto.
Como não sabia sentir, aprendi tocando.
Só disse a verdade, não se iluda.
E ainda que tudo acabe em não,
Ficarei diante do Deus da Canção
Com nada mais nos lábios, só Aleluia!

Versos adicionais

Amor, eu já estive aqui antes.
Conheço o quarto, já fui adiante.
Antes de te conhecer, a solidão era de lua.
Sei que teu estandarte fez história,
Mas o amor não é a marcha da vitória,
É só uma fria e cansada Aleluia!

Antes você me contava passo a passo
Tudo que te acontecia lá embaixo
Agora não me encaixo mais, então conclua.
Lembro quando morava em você,
O Espírito Santo foi morar também,
E cada vez que a gente respirava era Aleluia!

Talvez exista um Deus lá em cima
Mas só sei o que o amor ensina:
Atirar em quem tem bala na agulha.
Mas isso não é uma queixa,
Encontrar a luz não é minha deixa —
É só uma fria e cansada Aleluia!

poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski


E outros poemas e letras de Leonard Cohen
vc encontra na antologia poética que organizei e traduzi
chamada ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7letras)
à venda, pra todo o Brasil, pelo site das livrarias Curitiba:
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

ENTRE DOIS AMORES

quando ficamos juntos
    não pensei que seria muito
quando ficamos juntos
    eu nem pensei em você
não pensei que fosse acontecer
    nem pensei no depois
não sei você, mas eu
    só pensei em nós dois

dia e noite, noite e dia
    você só pensava no amor
mas o amor não perdia
    tempo pensando em você
o amor tinha mais o que fazer
    ah, como o amor é ilógico
o amor é como um relógio
    nunca vem quando a gente quer

o amor sempre chega antes
    o amor sempre chega depois
e sempre é hora do amor
    chegar para uma mulher
o amor é tão contraditório
    até isso é uma contradição:
como posso estar e não estar
    com você em meu coração?

quando ficamos juntos
    não pensei que seria muito
mas ainda está pra nascer
    um amor assim: sem fim
talvez eu faça bem pra você
    fazendo mal pra mim
talvez eu faça mal pra você
    fazendo bem pra mim

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
aqui está o livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno”

outros livros do autor estão aqui:

e aqui também:

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Fiquei sabendo que o Sebo Kapricho está com uma ótima promoção de natal, vendendo o livro do LEONARD COHEN “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR”, por R$29,90!! É uma boa pedida pra quem quiser conhecer a obra poética desse grande compositor e escritor que hoje lança seu cd/dvd triplo “Live in Dublin”. Dentre as canções do Cohen que mais gosto, “Suzanne” é o tipo de poema que serve aos dois propósitos: tanto no suporte musical, funciona belissimamente como canção, como no suporte livro, mostra a que veio, isto é, na “pele da página”, funciona também como um grande poema. Sente só...

SUZANNE

Suzanne te conduz
ao seu lugar perto do rio,
você pode ouvir os barcos passarem
pode passar a noite ao seu lado.
E você sabe que ela é meio louca
mas é por isso que você quer estar ali
e ela te oferece chá e laranjas
que vêm lá da China.
Bem quando você iria dizer
que não possui presentes para lhe dar,
ela te capta em seus movimentos de onda
e permite que o rio responda
que você sempre foi o seu amor.

E você deseja viajar ao seu lado,
você deseja viajar cegamente
e sabe que ela pode confiar em você
pois você tocou seu corpo perfeito
com a sua mente.

Jesus era um marinheiro
quando andou sobre as águas daquela maneira
e passou muito tempo vigiando
de uma distante torre de madeira
e quando ele teve a certeza
de que só os afogados podiam vê-lo
ele disse Que todos os homens sejam marinheiros
até que o mar os liberte,
mas ele mesmo se deixou arruinado
muito tempo antes que o céu se abrisse,
e quase humano, desconsolado,
afundou em sua sabedoria como uma rocha.

E você deseja viajar com ele,
você deseja viajar cegamente
e você pensa que talvez possa confiar nele
pois ele tocou o teu corpo perfeito
com a sua mente.

Suzanne toma a sua mão
e te conduz ao rio,
ela veste farrapos e plumas
das bancadas do Exército da Salvação.
O sol se lança como mel
em nossa senhora da enseada
enquanto ela te mostra para onde olhar
entre o lixo e as floradas,
há heróis nas algas marinhas
há crianças no amanhecer,
eles caminham para o amor
irão caminhar assim para sempre
enquanto Suzanne segura o espelho.

E você deseja viajar ao seu lado
você deseja viajar cegamente
e você está certo de que ela pode te encontrar
pois ela tocou seu corpo perfeito
com a sua mente.

Poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
este poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)
livro à venda nas seguintes lojas:
Sebo Kapricho

Livrarias Curitiba
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx


e aqui está a música, nessa versão ao vivo do cd triplo e dvd "Live in Dublin":
http://www.stereogum.com/1719899/leonard-cohen-suzanne-from-live-in-dublin-stereogum-premiere/mp3s/

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O escritor e jornalista Jonatan Silva elenca para o ParanaOnline "10 dicas de livros pra dar de presente de natal". E estou lá muito bem acompanhado pelo David Conenberg, Ian McEwan e o Luiz Bras, com o meu filho RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA: 

Retrato do Artista Quando Primavera

Peça final – junto com Retrato do Amor Quando Verão, Outono e Inverno – da trilogia “Um poeta deve morrer”, do curitibano Fernando Koproski. O livro é a materialização em palavras da relação do poeta com seu ofício e o mundo. Na obra, Koproski cria um universo próprio em que os elementos são móveis, mas imutáveis.

http://www.parana-online.com.br/colunistas/contracapa/106556/DEZ+DICAS+DE+LIVROS+PARA+DAR+DE+PRESENTE+NO+NATAL


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

CALOR INCÔMODO

se amanhã você me esquecer
não quero nem saber
o que será de mim,
o que será de você

sim porque você é
a minha chama, a minha água
amor, a sede que sinto de você
nunca são águas passadas

sim porque você é
a minha beleza blindada
meu café, meu bourbon
você é meu cabernet sauvignon

sim porque você é
meu cabernet e aquele friozinho
amor, o verão que vejo em você
nunca deixa de me aquecer

sim porque você é
até hoje aquele calor incômodo
dentro do peito, dentro do sonho
é amor, você é fogo

amor, você pra mim
é tudo isso e mais um pouco
você acha que seria assim
nos braços de qualquer outro?

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)



terça-feira, 18 de novembro de 2014

CASA, COMIDA E ROUPA ENCARDIDA

a poesia não me deu casa,
comida, nem roupa encardida
poesia, eu vesti tua camisa

arregacei as mangas dos versos
fiz coisas que de tanto duvidar
até deus acredita

escrevi com sangue, coração
e o que mais estivesse à mão
até com o que meu ódio ojeriza

poesia, eu vesti tua camisa
mas você não me deu casa,
comida, uma passagem pra Ibiza

te dei meu corpo, alma e musa
mas você ainda abusa
e pede mais do que precisa

até hoje não me deu
nem um pastel de vento
mas quer que eu viva de brisa

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

meu poema "Não se fazem mais poetas como antigamente", do livro "Retrato do artista quando primavera (7letras)", acaba de ser publicado no Jornal RelevO! Meus agradecimentos aos editores Daniel Zanella e Ricardo Pozzo!

ele está aqui:
http://issuu.com/jornalrelevo/docs/relevo_novembro_2014_-/32
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-aut-paranaense,product,LV341627,3393.aspx