terça-feira, 26 de agosto de 2014

Saíram 12 poemas meus na grande "Germina - revista de literatura e arte". Meus agradecimentos às editoras! E os poemas estão aqui:
http://www.germinaliteratura.com.br/2014/naberlinda_fernandokoproski_ago14.htm

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mariana Fonseca fez uma bela leitura sobre o poema "o bluebird" e o livro "Essa loucura roubada" do velho Buk. Está aqui:
http://viescrevi.com/2013/12/10/bluebird-bukowski/#comments

Bluebird [Bukowski]
Lá pelo meio do ano comprei esse livro mas só consegui lê-lo agora que fiquei de férias da faculdade e relaxada o suficiente para ler poesia. Ele é uma seleção de poemas do Bukowski feita e [muito bem] traduzida pelo Fernando Koproski. O livro é dividido em 3 partes por temática, a primeira se chama “Há um lugar no coração“, basicamente são poemas sobre mulheres que o Buk já teve: amores, putas e loucas. A segunda  se chama “Este é meu plano“, fala sobre o ato de escrever e a relação do próprio Bukowski com a poesia, é uma coisa bem metalinguística. Já a terceira parte, minha favorita, se chama “Como uma lua alta sobre a impossibilidade“, é difícil definir um tema mas eu a vi como algo mais existencial e da relação do próprio “eu”.

O velho safado realmente me surpreendeu com sua sensibilidade em alguns desses poemas. São uns 50 no total e eu marquei 8 deles que me tocaram de uma maneira muito delicada. Um deles é o “Bluebird”, que abre a terceira parte do livro. Ele foi o poema que melhor me fez entender o autor e me fez ver um lado que eu não imaginava dele, além de falar de um sentimento que eu nunca tinha realmente parado para pensar sobre antes, mas julgo ser familiar a muitas pessoas.

(…)
em meu coração há um pássaro azul
que quer sair
mas eu sou mais esperto, só o deixo sair
de noite, às vezes
quando todos estão dormindo.
eu falo, sei que você está aí,
então não fique
triste.
daí ponho ele de volta,
mas ele ainda canta um pouco
aqui dentro, eu não o deixei morrer
totalmente
e a gente dorme juntos desse
jeito
com nosso
pacto secreto
e isso é bem capaz de
fazer um homem
chorar, mas eu não
choro, você
chora?

(vi esse vídeo do Buk recitando Bluebird, se alguém quiser escutar fica bem legal o jeito que ele próprio entoa os versos)

Esse poema realmente me despertou um lamento muito grande. Fiquei imaginando como seria miserável viver nessa contradição de não assumir uma característica sua, um traço de personalidade, um sentimento que se tem, ou qualquer coisa assim por medo do que isso causaria se viesse a superfície do seu eu, mas ao mesmo tempo, ser tão apegado a essa coisa, ou lado, ou vontade que simplesmente não se consegue nem sequer tentar mata-lo. E olha que não conseguir mata-lo tentando já é algo bem triste.

Porque, afinal, quando não gostamos de algo, abarreira que costuma nos dificultar a mudança é o hábito que se tinha de praticar o que já não é querido, então não há pena em se matar isso porque não há apego verdadeiro. Mas ser tão apegado assim à coisa para preferir viver de migalhas, saudades e tristezas em vez de simplesmente viver sem isso é algo realmente infeliz. Pela minha interpretação, o Buk se referia a seu Bluebird como sendo seu lado mais sensível, brando, dócil talvez… Características não demonstradas em seus textos e que ele teria medo que se expostas mudassem o jeito que as pessoas o olhassem e ao seu trabalho. (ex. trecho: “fica na tua, você quer me ver em apuros? / você quer sacanear com a minha obra? / acabar com minha venda de livros na Europa?”)

Acho que se tratando de como se lida com seu próprio eu, o caminho mais curto para a infelicidade é ser miserável com os próprios os sentimentos e suas consequentes vontades. Também não acho que a highway para a felicidade seja a abundância da satisfação dessas vontades, afinal racionalidade é fundamental para evitar que caiamos em nossas próprias armadilhas, e para mim um pouco de tristeza e/ou incorformismo fazem pare de uma vida feliz. Mas acho que a plenitude, essa sim, deve ser buscada. Ter coragem para viver com o que realmente se quer, ou pelo menos na melhor das piores hipóteses ter coragem de arrancar isso da sua vida por completo - take it or leave it. Tenho a impressão de que quem faz escolhas apenas “confortávéis”  sempre terá uma vida cheia de “e se”s. Quem sempre busca refúgio em suas escolhas não terá mais do que um refúgio. E há sempre tanto mais do que imaginamos serem as possibilidades.

Depois de toda essa viagem e de ter escapado totalmente do objetivo dessa postagem, vou fechar bruscamente com uma citação do Manoel de Barros porque tô atrasada e esse texto já não tem mais conserto hahaha “Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade, caça, jeito.”

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Taí o disco mais esperado do ano! Leonard Cohen lança “Popular Problems”, seu 13º album. Aqui, a faixa Almost like the blues: https://www.youtube.com/watch?v=9VYXECtjOos&list=UUXWB-kykEYmLveG3Sw0LPOA  E nada mais propício do que lembrar desse grande poeta com um belo poema do “Atrás das linhas inimigas de meu amor”: 

NAS MINHAS MÃOS

Nas minhas mãos
seus seios pequenos
são essas barriguinhas pra cima
dos arfantes pardais caídos ao chão.

Onde quer que você passe
Ouço o som de asas fechando
de asas caindo.

Estou sem fala
porque você caiu ao meu lado
porque seus cílios
são as vértebras de pequeninos e frágeis animais.

Receio o momento
em que seus lábios
comecem a me chamar de caçador.

Quando você me chamar pertinho
para dizer
que seu corpo não é bonito
Quero intimar
os olhos e os lábios ocultos
de pedra e luz e água
para testemunhar contra você.

Quero que eles
libertem
de seus cofres mais secretos
a trêmula rima de seu rosto.

Quando você me chamar pertinho
para dizer
que seu corpo não é bonito
Quero que meu corpo e minhas mãos
se tornem piscinas
para você se mirar e sorrir.

poema de Leonard Cohen
tradução de Fernando Koproski

E pra quem quiser conferir outros poemas de Mr. Cohen
é só procurar o livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7LETRAS),
que é a primeira antologia poética do Leonard Cohen publicada no Brasil,
organizada e traduzida por mim, na qual seleciono poemas de 8 livros desse grande autor e compositor canadense
aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx


sábado, 16 de agosto de 2014

hoje é aniversário do velho Buk e pra comemorar um poema propício!

SE ACEITÁSSEMOS –

se aceitássemos o que podemos ver –
as máquinas nos enlouquecendo,
amantes por fim odiando;
este peixe no mercado
olhando fixo pra dentro de nossas mentes;
flores apodrecendo, moscas presas na teia;
tumultos, rugidos de leões enjaulados,
palhaços apaixonados por notas de dinheiro,
nações movendo pessoas como peões;
ladrões à luz do dia da beleza
noturna de esposas e vinhos;
as cadeias lotadas,
os desempregados habituais,
a grama morrendo, fogos baratos;
homens velhos o suficiente para amar a sepultura.

Estas coisas, e outras, em essência
mostram a vida girando sobre um eixo podre.

Mas eles nos deixaram um pouco de música
e um espetáculo estimulante na esquina,
uma dose de uísque, uma gravata azul,
um pequeno livro de poemas de Rimbaud,
um cavalo correndo como se o diabo estivesse
torcendo seu rabo
sobre a grama e gritando, e então,
o amor novamente
como um bonde dobrando a esquina
bem na hora,
a cidade esperando,
o vinho e as flores,
a água caminhando sobre o lago
e verão e inverno e verão e verão
e inverno novamente.

poema: Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
da antologia poética ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras)





quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O meu poema "de 5 em 5 minutos" saiu na revista Coyote # 26. Meus agradecimentos aos editores e poetas Ademir Assunção, Rodrigo Garcia Lopes e Marcos Losnak, que já estão há 11 anos na lida de fazer uma revista literária de qualidade nesse país!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O Cd do Carlão com as nossas composições (Koproski-Machado), vertidas para o espanhol deu na coluna do Luiz Claudio Oliveira (Gazeta do Povo):

Los Amores de Paso – Carlos Machado já apresentou esse show em cidades do Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia, e o transformou em disco que será lançado nesta quinta-feira no Teatro do Paiol, às 20h. A maioria das canções é composta em parceria com Fernando Koproski, que também fez a versão em português de “Hallelujah”. Já as versões para o espanhol foram feitas com auxílio das professoras e tradutoras Nylcéa Pedra e Fernanda Chichorro. O show terá as participações de Marcio Rosa na percussão e Rodrigo Marques, no baixo.

a coluna inteira tá aqui:

http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?id=1489080&tit=Curitiba-hermana-musical-

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O PESO DA MÁGOA

para começar um blues no violão
precisa beber inverno em pleno verão
para começar a vazar luz de meu blues
precisa regar de noite a flor da aflição

para começar é preciso secar
a sede de tanta mágoa no coração
senão essa vida não vira mais nada
a não ser esse solo de solidão

a tristeza não é uma disfunção
todo o peso da mágoa em seu peito
não é desculpa pro seu coração
deixar de abrir e acender direito

para dizer o que há em meu peito
eu podia incendiar uma igreja
ou apagar na tua boca uma estrela
mas fazer blues é o meu jeito

um blues é o que faz cauterizar
esse buraco azul em minha canção
por onde você deixou uma dor passar
depois de vazar luz de um coração

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)


essa é a capa da grande antologia Hiperconexões - Realidade Expandidavol. 2, organização de Luiz Bras, que já está aquecendo no forno... Logo, logo estará nas melhores livrarias de sua cidade!