quarta-feira, 25 de março de 2015


Leonard Cohen está com CD novo: "Can't Forget: A Souvenir of the Grand Tour". Enquanto aguardamos o disco, dá pra ouvir uma canção aqui: http://www.theguardian.com/…/leonard-cohen-hear-an-exclusiv…

E aqui, um dos poemas da antologia poética que organizei e traduzi do Leonard Cohen, o livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR, que por sinal já está ESGOTADO na editora. As últimas unidades estão à venda aqui:

QUERIA LER

Queria ler
um dos poemas
que me levaram à poesia

Não consigo lembrar um verso
ou onde procurar

O mesmo
aconteceu com dinheiro
garotas e conversas até tarde

Onde estão os poemas
que me afastaram
de tudo que amava

para me deixar aqui
nu diante da idéia de te encontrar?

poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
 E pra quem quiser conferir outros poemas de Mr. Cohen
é só procurar o livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7LETRAS),
que é a primeira antologia poética do Leonard Cohen publicada no Brasil,
organizada e traduzida por mim, na qual seleciono poemas de 8 livros desse grande autor e compositor canadense
aqui:



domingo, 22 de março de 2015

Começamos hoje com uma boa notícia: a 2a edição do BUKOWSKI "ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM..." está esgotada na grande editora 7Letras! Depois de esgotar a tiragem do AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA, também do Bukowski, agora esgotamos a tiragem do ESSA LOUCURA. Meus agradecimentos a todos o fãs e apreciadores da poesia do velho Buk. Há 13 anos (lá em 2002), quando tinha os originais do ESSA LOUCURA na gaveta, um editor da obra em prosa do Bukowski me disse por email que o público brasileiro não estava de maneira alguma interessado na poesia desse autor... Como é bom saber, a cada dia que passa, o quanto ele estava enganado... Ah, meus amigos, é pra vcs que eu traduzo. É pelo indescritível prazer de compartilhar esses poemas incríveis com vcs, que eu faço este trabalho... Obrigado por tornarem esse sonho a minha realidade! abraço do Fernando Koproski

sexta-feira, 20 de março de 2015

esperava viver
e depois então escrever
escrever com liberdade
sobre aquele verão lento em nossos lábios

e só depois então morrer
morrer como eu esperava morrer
quando morria de tanta leveza
morria de silenciosa delicadeza

ao morrer do fogo que é sangue
e do sangue que é fogo
queimando de loucura todas as certezas
pois nessa vida morrer de novo
a minha única e sincera destreza

esperava amar
e só depois morrer
mas morrer do jeito
que eu queria morrer
e não do jeito que os mortos vivem,
não do jeito que os mortos amam,

acordam cedo e apesar do café
ou de toda a sua fé
ficam com sono o resto do dia
e trabalham e trabalham e trabalham
e reclamam
e desperdiçam os melhores dias de suas vidas
enquanto a luz da manhã esmurra suas verdades
o sol do meio-dia soca seus olhos com insistência
e a tarde quando não consegue um nocaute
sempre ganha por pontos no final
porque esse é o jeito que os mortos vivem,

esse é o jeito que os mortos amam:

secando as flores nos vasos
oferecendo água sanitária para os beija-flores
inundando os armários de mágoas e insensatez
escurecendo os olhos da memória
cegando o brilho das fotografias antigas
e gritando e gritando e gritando
toda a loucura e angústia de sua paisagem interior
e proclamando o reinado do egoísmo
e ensurdecendo a música natural dos olhares
e protegendo a covardia
sobretudo mantendo a valiosa incompreensão
e a estúpida preciosidade de seu orgulho
e toda a fragilidade de sua violência
ao abrigo da luz

porque esse é o jeito que os mortos vivem,
o jeito que os mortos amam

aqui

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)
 e aqui está o livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
outros livros do autor estão aqui:

e aqui também:

sexta-feira, 13 de março de 2015

DANDO NOME AOS GATOS

Dar nomes aos gatos não é tarefa fácil, decerto...
Não é como um desses jogos que passam em sua mente
Você deve até pensar que eu já não sou muito certo
Quando te digo, um gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES
Primeiro há o nome como os que em casa se usam
Como Paulo, Rodolfo, Manoela ou Anamaria
Tal como Wilson ou Francisco, Cinthia ou Susan
Todos sensatamente nomes do dia-a-dia
Há outros, se você achar que soem mais ternos
Uns para os cavalheiros, outros para as damas
Tais como Plato, Admetus, Electra, Demetrius
Mas todos sensatamente nomes em poucas semanas
Mesmo assim acho que um gato precisa de um nome particular
Um nome que lhe seja peculiar, mais que digno de uma rima
Senão, como ele irá deixar o seu rabo perpendicular
Ou ajeitar os seus bigodes e assim manter a sua estima?
De nomes como esses eu posso te dar uma lista
Tais como Munkustrap, Quaxo, ou Coricopato
Talvez Bombalurina, ou Jellylorum já te dê uma pista
Nomes que nunca pertencem a mais de um gato
Mas entre esses há um outro ainda por vir
E esse nome eu sei que você não irá adivinhar
Um nome que nenhum cientista poderá descobrir
Que SÓ O SEU GATO SABE, mas que jamais irá confessar
Quando você perceber o seu gato em estado de meditação
A razão disso eu te falo é sempre a mesma, vê se pode:
A sua mente está ocupada numa elevada contemplação
Do pensar no pensar do pensar de seu nome:
É o seu inefável efável
Efaninefavelmente
O seu profundo, inecoável e singular nome.

T. S. Eliot
Tradução: Fernando Koproski 

quinta-feira, 12 de março de 2015

LIVRO DE FOGO

meu amor, hoje eu taquei fogo naquele livro todo que escrevi pra você. nada mais justo que isso, ver todos aqueles poemas que foram fogo depois de anos voltarem a ser fogo novamente e queimarem mais uma vez.
    e ao ver eles queimarem mais uma vez na minha frente, pensei em como é bom meu verso não ser mais chama, meu coração não ser mais aquela estúpida e ingênua – ou seja uma pura e verdadeira – bomba de gasolina prestes a explodir a qualquer você, a qualquer estilhaço retalho ou papel almaço de você, a qualquer faísca de promessa de sim, a qualquer ridícula possibilidade de fim. meu amor, como é bom meu sangue não ser mais o caminho pra você queimar e se alastrar por dentro de mim.
    hoje eu taquei fogo naquele livro todo que escrevi pra você. não precisei nem riscar um fósforo. bastou abrir o livro e o fogo começou a queimar pelas bordas das páginas e ir em direção ao centro. conforme o fogo ia queimando e caminhando para o centro das páginas, ele ia lendo os versos ardentes que escrevi pra você.
    e assim ele ia retorcendo as páginas uma a uma, queimando e virando elas aos poucos, de forma que no fim desse livro de fogo ia formando uma imensa rosa negra de páginas queimadas, retorcidas umas sobre as outras, cinzas sobre as cinzas.
    sim, meu amor, essa é a rosa que eu trago pra você agora, feita de pétalas cauterizadas, acesas e abraçadas e abrasadas e arruinadas em todos os incêndios alastrados em versos de nosso amor.
    vinda de um jardim ingenuamente inflamável, onde ousei cultivar no mesmo lugar no mesmo corpo e no mesmo verão esse livro, cheio de flores de fogo da juventude e de poemas com indiscretas queimaduras de terceiro grau.

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)

e aqui está o livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
outros livros do autor estão aqui:

e aqui também:
a boa notícia é que meu amigo e músico/compositor Carlos Machado está prestes a gravar seu novo CD, que se chama BÁRBARA. Para tanto, está levantando $$ através de financiamento coletivo. O disco promete... E Vale a pena conferir!

Em tempo, declaro publicamente a quem possa interessar que "Bárbara", a faixa título do CD não se refere a nenhuma pessoa real, viva, morta (ou muito menos morta-viva... rsrs...) Escrevi esta letra há alguns anos e ela decididamente não tem nada a ver com minhas amigas Bárbaras, sejam elas Bárbaras no nome ou em suas atitudes... Um abraço pra elas, do fernando!

e aqui, finalmente, é o Carlão falando:

Quinto CD de Carlos Machado: "bárbara!"
Meu novo trabalho "bárbara!" é o resultado de 15 anos pensando nessa minha música. Depois de 4 CDs, 1 DVD (gravado ao vivo no Teatro Guairinha em 2012) e alguns shows pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Suiça etc., juntei-me novamente com meu parceiro mais constante, o poeta e tradutor (recomendo as traduções que ele fez de Bukowski e Leonard Cohen pela editora 7Letras) Fernando Koproski para compor algumas canções.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Hoje faz 21 anos que o velho Buk não morreu, pois continua vivo em muitos versos, histórias, memórias e poéticas. A quantidade de livros que é lançada ano após ano no mercado americano atesta a vitalidade dessa poética desbocada e visceral. E por falar em poética, nada melhor que lembrar desse poema que na verdade não é um poema, mas uma “borboleta em seu cérebro”.

SPLASH

a ilusão é pensar que você está apenas
lendo este poema.
a realidade é que isto é
mais que um
poema.
isto é a faca do mendigo.
isto é uma tulipa.
isto é um soldado marchando
sobre Madrid.
isto é você no seu
leito de morte.
isto é Li Po rindo
lá embaixo.
isto não é a porra
de um poema.
isto é um cavalo adormecido.
uma borboleta em
seu cérebro.
isto é o circo
do diabo.
você não está lendo isto
numa página.
a página é que está lendo
você.
sacou?
é como uma cobra.
é uma águia faminta
rondando o quarto.

isto não é um poema.
poemas são um tédio,
eles te fazem
dormir.

estas palavras te arrastam
para uma nova
loucura.

você foi abençoado,
você foi atirado
num
lugar que cega
de tanta luz.

o elefante sonha
com você
agora.
a curva do espaço
se curva e
ri.

você já pode morrer agora.
você já pode morrer do jeito
que as pessoas deveriam
morrer:
esplêndidas,
vitoriosas,
ouvindo a música,
sendo a música,
rugindo,
rugindo,
rugindo.

poema: Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
do livro ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras)

 E aqui, o poema numa versão que fiz com meu amigo Alexandre França:



domingo, 8 de março de 2015

e hoje em homenagem ao dia delas, um poema para aquela que são todos os meus dias... um beijo pra vc, ingrid...

DARK LADIES

queria um poema que fosse como essas mulheres: um poema que andasse, passasse como essas mulheres passam. um poema que olhasse, sorrisse, ignorasse, cortasse, chovesse, queimasse, distraísse, silenciasse, ficasse como essas mulheres ficam. um poema que como elas hesitasse toda sua beleza decidida. mas como o poema para as páginas, a forma e a força com que ele não lhes pertence, as mulheres. pois só assim elas podem ser – como os poemas que só são poemas pelo buraco que deixam em quem os escreve, pelos espaços, distâncias e impermanências imperecíveis que com delicadeza nos permitem ser abatidos e lembrados indignos de suavidade entre um poema e outro. mas talvez eu apenas esteja errado, talvez as mulheres já sejam poemas. nós é que não as reconhecemos como tal. daí o motivo de todos os nossos problemas, da nossa angústia incontornável, da inutilidade de nossa solidão, estupidez de nossa objetividade, insuperável covardia, inaptidão à completude e exata insinceridade. pois as mulheres já existem como poemas, pensam como poemas, passam como poemas. assim e apenas assim desejam ser escritas ou percebidas – como poemas.

nós, uma prosa apenas.

Fernando Koproski
do livro “NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA” (7Letras)
outros livros do autor estão aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/searchresults.aspx?type=2&dskeyword=KOPROSKI

sexta-feira, 6 de março de 2015

ASSIM É QUE SE FAZ UM BLUES

você acha que sou louco
    por passar a vida nas nuvens
só pensando em azuis
    mas sente só a canção que compus

amor, não sou louco
    muito menos um bêbado de luz
acontece que o amor esqueceu
    de me dar o troco

mas ainda faço jus
    todo o amor que me deste
é uma dádiva e não uma dívida
    que eu já repus

assim é que se faz um blues
    veja o que se desenha
no canto dos teus lábios
    e enche teu olho de luz

assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues

assim é que se faz um blues
    essa é a minha cruz
você acha que estou morto
    mas ainda faço jus

mesmo com as rosas
    com a garganta cortada,
toda a tua pureza amordaçada
    eu ainda te vejo, blues

quando não tem luz
    trago a lua no peito
só para o amor deixar de ser besta
    e ver nós dois nus

assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues

assim é que se faz um blues
    veja o que se desenha
no canto dos teus lábios
    e enche teu olho de luz

Fernando Koproski
fragmento do poema “Assim é que se faz um blues”
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)

    a possibilidade de lua me atormenta. sei que não
será sutil, tampouco sensato quando ela chegar. a
lua nunca é discreta. confissões, desastres, intenção
de voo, suicídios, tudo que a gente for capaz
quando a lua daquele jeito no céu. sei que serei
inconsequente, certamente indesculpável. depois
que ela passar, vou me preocupar. tenho
atenuantes, não importa o que disserem. essa noite
azul o meu motivo, sem razões aparentes. depois
que a lua passar vou me preocupar. agora não, é
inútil, a lua não vai me deixar tão cedo. ela chega
inquestionável como um mar onde o delírio uma
música imprescindível. não adianta mais desviar o
olhar. nada mais há que eu possa fazer. agora a lua
é minha, minha e de mais ninguém.

Fernando Koproski
do livro “O livro de sonhos”

outros livros do autor estão aqui:

quarta-feira, 4 de março de 2015

EVIDÊNCIA

putas e grandes poetas deveriam
evitar uns aos outros:
suas profissões são perigosamente
parecidas:
do Império Romano à nossa
Era Atômica
há um número quase
igual de putas e
poetas
com as autoridades continuamente
tentando banir
as primeiras
e ignorar os últimos
– o que te diz
o quão perigosa
a poesia
realmente
é.

Poema: Charles Bukowski
Tradução: Fernando Koproski
do livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (7 Letras)
outros livros do fernando estão aqui:


terça-feira, 3 de março de 2015

ESSES HERÓICOS

Se eu tivesse uma cabeça iluminada
e as pessoas parassem para me olhar
nos bondes;
e pudesse estender meu corpo
pela água límpida
ficando par a par com os peixes e as cobras d’água;
se pudesse arruinar minhas asas
voando para o sol;
você acha que eu estaria nesse quarto,
recitando poemas para você,
e compondo sonhos ultrajantes
com os mínimos movimentos de seus lábios?

Poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
este poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)
livro à venda com exclusividade nas lojas da Livrarias Curitiba:

segunda-feira, 2 de março de 2015

CANÇÃO MORTAL

dentro desse poema imortal
teu amor é mortal
e irá morrer quietinho
lentamente
aos poucos
e bem devagarinho
dentro de mim

sim teu amor irá morrer demoradamente
só para que um dia eu possa dizer
que morreu assim de repente

até que um dia enfim
ele tenha morrido totalmente

antes que esse dia aconteça
irei me contentar em te ver morrer
apenas nesse poema

sei que essa morte não é o fim do problema
mas já é uma morte aceitável
considerando quem você é
e do que você é capaz
essa morte, meu bem,
já é uma paz

dentro desse poema imortal
teu amor é mortal
e irá morrer
onde eu o enterrei
no fundo
bem lá no fundo
do coração dessas páginas

assim quem sabe um dia enfim
você possa morrer para sempre
para mim

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
aqui está o livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno”

outros livros do autor estão aqui:

e aqui também:

Poema: Charles Bukowski
Tradução: Fernando Koproski
da antologia poética ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras)