foi com a chuva que chopin aprendeu a tocar piano. não
pensei
que a tristeza fosse ficar assim tão triste, mas tive que a deixar.
era de uma forma recorrente quando o fim de tarde me fazia
impraticável, por isso não pude mais ficar. chopin insiste em me
acompanhar, acha que possa me fazer mudar de idéia. a chuva
eu lembro, demorava em mim memórias inadmissíveis de
jasmim. mas para onde eu ia havia essa suavidade
incompreensível. chopin desde o início sabia para onde eu ia,
ele leu tudo que a lua escreveu em seus diários.
era primavera quando eu passava discreto entre meus
desesperos, esperando ser possível um suicídio sutil. lembro que
queria ouvir uma chuva que chopin não tocasse, a chuva que fez
sol em sua última tarde. então esqueci a dor dos ventos, a dor
que se disse necessária para que me nascessem pianos. e percebi
o quanto era ela quando havia aquela lua interminável,
inquietando de noite minhas lembranças de jasmim. chopin me
avisou, disse que ela iria me desperdiçar em incêndios sem
gravidade, guardar sem cuidado o que nos fosse para as pétalas
impecável. mas chopin não era mais o mesmo, há tempos tudo
que fazia era escrever sobre tristezas que a chuva não conhece
ou simplesmente esquece. chopin escrevia um dicionário de suas
tristezas para que a chuva pudesse entender.
caro chopin, tudo que escrevi não foi o que eu quis,
tampouco era o que sonhei. foi só o que eu vivi.
todos os que amam ou amaram um dia deixam a dor escrever
a sua biografia.
poema de Fernando Koproski
do livro "TUDO QUE NÃO SEI SOBRE O AMOR"
que a tristeza fosse ficar assim tão triste, mas tive que a deixar.
era de uma forma recorrente quando o fim de tarde me fazia
impraticável, por isso não pude mais ficar. chopin insiste em me
acompanhar, acha que possa me fazer mudar de idéia. a chuva
eu lembro, demorava em mim memórias inadmissíveis de
jasmim. mas para onde eu ia havia essa suavidade
incompreensível. chopin desde o início sabia para onde eu ia,
ele leu tudo que a lua escreveu em seus diários.
era primavera quando eu passava discreto entre meus
desesperos, esperando ser possível um suicídio sutil. lembro que
queria ouvir uma chuva que chopin não tocasse, a chuva que fez
sol em sua última tarde. então esqueci a dor dos ventos, a dor
que se disse necessária para que me nascessem pianos. e percebi
o quanto era ela quando havia aquela lua interminável,
inquietando de noite minhas lembranças de jasmim. chopin me
avisou, disse que ela iria me desperdiçar em incêndios sem
gravidade, guardar sem cuidado o que nos fosse para as pétalas
impecável. mas chopin não era mais o mesmo, há tempos tudo
que fazia era escrever sobre tristezas que a chuva não conhece
ou simplesmente esquece. chopin escrevia um dicionário de suas
tristezas para que a chuva pudesse entender.
caro chopin, tudo que escrevi não foi o que eu quis,
tampouco era o que sonhei. foi só o que eu vivi.
todos os que amam ou amaram um dia deixam a dor escrever
a sua biografia.
poema de Fernando Koproski
do livro "TUDO QUE NÃO SEI SOBRE O AMOR"