Hoje faz
21 anos que o velho Buk não morreu, pois continua vivo em muitos versos,
histórias, memórias e poéticas. A quantidade de livros que é lançada ano após
ano no mercado americano atesta a vitalidade dessa poética desbocada e visceral.
E por falar em poética, nada melhor que lembrar desse poema que na verdade não é
um poema, mas uma “borboleta em seu cérebro”.
SPLASH
a ilusão
é pensar que você está apenas
lendo
este poema.
a
realidade é que isto é
mais que
um
poema.
isto é a
faca do mendigo.
isto é
uma tulipa.
isto é um
soldado marchando
sobre
Madrid.
isto é
você no seu
leito de
morte.
isto é Li
Po rindo
lá
embaixo.
isto não
é a porra
de um
poema.
isto é um
cavalo adormecido.
uma
borboleta em
seu
cérebro.
isto é o
circo
do diabo.
você não
está lendo isto
numa
página.
a página
é que está lendo
você.
sacou?
é como
uma cobra.
é uma
águia faminta
rondando
o quarto.
isto não
é um poema.
poemas
são um tédio,
eles te
fazem
dormir.
estas
palavras te arrastam
para uma
nova
loucura.
você foi
abençoado,
você foi
atirado
num
lugar que
cega
de tanta
luz.
o
elefante sonha
com você
agora.
a curva
do espaço
se curva
e
ri.
você já
pode morrer agora.
você já
pode morrer do jeito
que as
pessoas deveriam
morrer:
esplêndidas,
vitoriosas,
ouvindo a
música,
sendo a
música,
rugindo,
rugindo,
rugindo.
poema:
Charles Bukowski
tradução:
Fernando Koproski
do livro
ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7
Letras)
E aqui, o
poema numa versão que fiz com meu amigo Alexandre França:
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