Poeta, Tradutor e letrista * http://fernandokoproski.bandcamp.com/ * www.facebook.com/Fkoproski
quarta-feira, 25 de março de 2015
Leonard Cohen está com CD
novo: "Can't Forget: A Souvenir of the Grand Tour". Enquanto
aguardamos o disco, dá pra ouvir uma canção aqui: http://www.theguardian.com/…/leonard-cohen-hear-an-exclusiv…
E aqui,
um dos poemas da antologia poética que organizei e traduzi do Leonard Cohen, o
livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR, que por sinal já está ESGOTADO na
editora. As últimas unidades estão à venda aqui:
QUERIA
LER
Queria
ler
um dos poemas
que me levaram à poesia
um dos poemas
que me levaram à poesia
Não consigo lembrar um verso
ou onde procurar
O mesmo
aconteceu com dinheiro
garotas e conversas até tarde
aconteceu com dinheiro
garotas e conversas até tarde
Onde
estão os poemas
que me afastaram
de tudo que amava
que me afastaram
de tudo que amava
para me
deixar aqui
nu diante da idéia de te encontrar?
nu diante da idéia de te encontrar?
poema:
Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
tradução: Fernando Koproski
E pra
quem quiser conferir outros poemas de Mr. Cohen
é só procurar o livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7LETRAS),
que é a primeira antologia poética do Leonard Cohen publicada no Brasil,
organizada e traduzida por mim, na qual seleciono poemas de 8 livros desse grande autor e compositor canadense
aqui:
que é a primeira antologia poética do Leonard Cohen publicada no Brasil,
organizada e traduzida por mim, na qual seleciono poemas de 8 livros desse grande autor e compositor canadense
aqui:
domingo, 22 de março de 2015
Começamos
hoje com uma boa notícia: a 2a edição do BUKOWSKI "ESSA LOUCURA ROUBADA
QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM..." está esgotada na grande editora 7Letras!
Depois de esgotar a tiragem do AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA, também
do Bukowski, agora esgotamos a tiragem do ESSA LOUCURA. Meus agradecimentos a
todos o fãs e apreciadores da poesia do velho Buk. Há 13 anos (lá em 2002),
quando tinha os originais do ESSA LOUCURA na gaveta, um editor da obra em prosa
do Bukowski me disse por email que o público brasileiro não estava de maneira alguma interessado na poesia desse autor... Como é bom
saber, a cada dia que passa, o quanto ele estava enganado... Ah, meus amigos, é
pra vcs que eu traduzo. É pelo indescritível prazer de compartilhar esses
poemas incríveis com vcs, que eu faço este trabalho... Obrigado por tornarem
esse sonho a minha realidade! abraço do Fernando Koproski
sexta-feira, 20 de março de 2015
esperava viver
e depois então escrever
escrever com liberdade
sobre aquele verão lento em nossos lábios
e só depois então morrer
morrer como eu esperava morrer
quando morria de tanta leveza
morria de silenciosa delicadeza
ao morrer do fogo que é sangue
e do sangue que é fogo
queimando de loucura todas as certezas
pois nessa vida morrer de novo
a minha única e sincera destreza
esperava amar
e só depois morrer
mas morrer do jeito
que eu queria morrer
e não do jeito que os mortos vivem,
não do jeito que os mortos amam,
acordam cedo e apesar do café
ou de toda a sua fé
ficam com sono o resto do dia
e trabalham e trabalham e trabalham
e reclamam
e desperdiçam os melhores dias de suas vidas
enquanto a luz da manhã esmurra suas verdades
o sol do meio-dia soca seus olhos com insistência
e a tarde quando não consegue um nocaute
sempre ganha por pontos no final
porque esse é o jeito que os mortos vivem,
esse é o jeito que os mortos amam:
secando as flores nos vasos
oferecendo água sanitária para os beija-flores
inundando os armários de mágoas e insensatez
escurecendo os olhos da memória
cegando o brilho das fotografias antigas
e gritando e gritando e gritando
toda a loucura e angústia de sua paisagem interior
e proclamando o reinado do egoísmo
e ensurdecendo a música natural dos olhares
e protegendo a covardia
sobretudo mantendo a valiosa incompreensão
e a estúpida preciosidade de seu orgulho
e toda a fragilidade de sua violência
ao abrigo da luz
porque esse é o jeito que os mortos vivem,
o jeito que os mortos amam
aqui
Fernando
Koproski
do
livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)
e
aqui está o livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
outros
livros do autor estão aqui:
e aqui também:
sexta-feira, 13 de março de 2015
DANDO NOME AOS GATOS
Dar nomes aos gatos não é tarefa fácil, decerto...
Não é como um desses jogos que passam em sua mente
Você deve até pensar que eu já não sou muito certo
Quando te digo, um gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES
Primeiro há o nome como os que em casa se usam
Como Paulo, Rodolfo, Manoela ou Anamaria
Tal como Wilson ou Francisco, Cinthia ou Susan
Todos sensatamente nomes do dia-a-dia
Há outros, se você achar que soem mais ternos
Uns para os cavalheiros, outros para as damas
Tais como Plato, Admetus, Electra, Demetrius
Mas todos sensatamente nomes em poucas semanas
Mesmo assim acho que um gato precisa de um nome particular
Um nome que lhe seja peculiar, mais que digno de uma rima
Senão, como ele irá deixar o seu rabo perpendicular
Ou ajeitar os seus bigodes e assim manter a sua estima?
De nomes como esses eu posso te dar uma lista
Tais como Munkustrap, Quaxo, ou Coricopato
Talvez Bombalurina, ou Jellylorum já te dê uma pista
Nomes que nunca pertencem a mais de um gato
Mas entre esses há um outro ainda por vir
E esse nome eu sei que você não irá adivinhar
Um nome que nenhum cientista poderá descobrir
Que SÓ O SEU GATO SABE, mas que jamais irá confessar
Quando você perceber o seu gato em estado de meditação
A razão disso eu te falo é sempre a mesma, vê se pode:
A sua mente está ocupada numa elevada contemplação
Do pensar no pensar do pensar de seu nome:
É o seu inefável efável
Efaninefavelmente
O seu profundo, inecoável e singular nome.
T. S. Eliot
Tradução: Fernando Koproski
quinta-feira, 12 de março de 2015
LIVRO DE FOGO
meu amor, hoje eu taquei fogo naquele livro todo
que escrevi pra você. nada mais justo que isso, ver todos aqueles poemas que
foram fogo depois de anos voltarem a ser fogo novamente e queimarem mais uma
vez.
e ao
ver eles queimarem mais uma vez na minha frente, pensei em como é bom meu verso
não ser mais chama, meu coração não ser mais aquela estúpida e ingênua – ou
seja uma pura e verdadeira – bomba de gasolina prestes a explodir a qualquer
você, a qualquer estilhaço retalho ou papel almaço de você, a qualquer faísca
de promessa de sim, a qualquer ridícula possibilidade de fim. meu amor, como é
bom meu sangue não ser mais o caminho pra você queimar e se alastrar por dentro
de mim.
hoje
eu taquei fogo naquele livro todo que escrevi pra você. não precisei nem riscar
um fósforo. bastou abrir o livro e o fogo começou a queimar pelas bordas das
páginas e ir em direção ao centro. conforme o fogo ia queimando e caminhando
para o centro das páginas, ele ia lendo os versos ardentes que escrevi pra
você.
e
assim ele ia retorcendo as páginas uma a uma, queimando e virando elas aos
poucos, de forma que no fim desse livro de fogo ia formando uma imensa rosa
negra de páginas queimadas, retorcidas umas sobre as outras, cinzas sobre as
cinzas.
sim,
meu amor, essa é a rosa que eu trago pra você agora, feita de pétalas
cauterizadas, acesas e abraçadas e abrasadas e arruinadas em todos os incêndios
alastrados em versos de nosso amor.
vinda
de um jardim ingenuamente inflamável, onde ousei cultivar no mesmo lugar no
mesmo corpo e no mesmo verão esse livro, cheio de flores de fogo da juventude e
de poemas com indiscretas queimaduras de terceiro grau.
Fernando
Koproski
do
livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)
e
aqui está o livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
outros
livros do autor estão aqui:
e aqui também:
a
boa notícia é que meu amigo e músico/compositor Carlos Machado está prestes a
gravar seu novo CD, que se chama BÁRBARA. Para tanto, está levantando $$
através de financiamento coletivo. O disco promete... E Vale a pena conferir!
Em
tempo, declaro publicamente a quem possa interessar que "Bárbara", a
faixa título do CD não se refere a nenhuma pessoa real, viva, morta (ou muito
menos morta-viva... rsrs...) Escrevi esta letra há alguns anos e ela
decididamente não tem nada a ver com minhas amigas Bárbaras, sejam elas
Bárbaras no nome ou em suas atitudes... Um abraço pra elas, do fernando!
e
aqui, finalmente, é o Carlão falando:
Quinto
CD de Carlos Machado: "bárbara!"
Meu novo trabalho "bárbara!" é o resultado de 15 anos pensando nessa minha música. Depois de 4 CDs, 1 DVD (gravado ao vivo no Teatro Guairinha em 2012) e alguns shows pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Suiça etc., juntei-me novamente com meu parceiro mais constante, o poeta e tradutor (recomendo as traduções que ele fez de Bukowski e Leonard Cohen pela editora 7Letras) Fernando Koproski para compor algumas canções.
Meu novo trabalho "bárbara!" é o resultado de 15 anos pensando nessa minha música. Depois de 4 CDs, 1 DVD (gravado ao vivo no Teatro Guairinha em 2012) e alguns shows pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Suiça etc., juntei-me novamente com meu parceiro mais constante, o poeta e tradutor (recomendo as traduções que ele fez de Bukowski e Leonard Cohen pela editora 7Letras) Fernando Koproski para compor algumas canções.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Hoje faz
21 anos que o velho Buk não morreu, pois continua vivo em muitos versos,
histórias, memórias e poéticas. A quantidade de livros que é lançada ano após
ano no mercado americano atesta a vitalidade dessa poética desbocada e visceral.
E por falar em poética, nada melhor que lembrar desse poema que na verdade não é
um poema, mas uma “borboleta em seu cérebro”.
SPLASH
a ilusão
é pensar que você está apenas
lendo
este poema.
a
realidade é que isto é
mais que
um
poema.
isto é a
faca do mendigo.
isto é
uma tulipa.
isto é um
soldado marchando
sobre
Madrid.
isto é
você no seu
leito de
morte.
isto é Li
Po rindo
lá
embaixo.
isto não
é a porra
de um
poema.
isto é um
cavalo adormecido.
uma
borboleta em
seu
cérebro.
isto é o
circo
do diabo.
você não
está lendo isto
numa
página.
a página
é que está lendo
você.
sacou?
é como
uma cobra.
é uma
águia faminta
rondando
o quarto.
isto não
é um poema.
poemas
são um tédio,
eles te
fazem
dormir.
estas
palavras te arrastam
para uma
nova
loucura.
você foi
abençoado,
você foi
atirado
num
lugar que
cega
de tanta
luz.
o
elefante sonha
com você
agora.
a curva
do espaço
se curva
e
ri.
você já
pode morrer agora.
você já
pode morrer do jeito
que as
pessoas deveriam
morrer:
esplêndidas,
vitoriosas,
ouvindo a
música,
sendo a
música,
rugindo,
rugindo,
rugindo.
poema:
Charles Bukowski
tradução:
Fernando Koproski
do livro
ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7
Letras)
E aqui, o
poema numa versão que fiz com meu amigo Alexandre França:
domingo, 8 de março de 2015
e hoje em
homenagem ao dia delas, um poema para aquela que são todos os meus dias... um
beijo pra vc, ingrid...
DARK
LADIES
queria um
poema que fosse como essas mulheres: um poema que andasse, passasse como essas
mulheres passam. um poema que olhasse, sorrisse, ignorasse, cortasse, chovesse,
queimasse, distraísse, silenciasse, ficasse como essas mulheres ficam. um poema
que como elas hesitasse toda sua beleza decidida. mas como o poema para as
páginas, a forma e a força com que ele não lhes pertence, as mulheres. pois só
assim elas podem ser – como os poemas que só são poemas pelo buraco que deixam
em quem os escreve, pelos espaços, distâncias e impermanências imperecíveis que
com delicadeza nos permitem ser abatidos e lembrados indignos de suavidade
entre um poema e outro. mas talvez eu apenas esteja errado, talvez as mulheres
já sejam poemas. nós é que não as reconhecemos como tal. daí o motivo de todos
os nossos problemas, da nossa angústia incontornável, da inutilidade de nossa
solidão, estupidez de nossa objetividade, insuperável covardia, inaptidão à
completude e exata insinceridade. pois as mulheres já existem como poemas, pensam
como poemas, passam como poemas. assim e apenas assim desejam ser escritas ou
percebidas – como poemas.
nós, uma
prosa apenas.
Fernando
Koproski
do livro
“NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA” (7Letras)
outros
livros do autor estão aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/searchresults.aspx?type=2&dskeyword=KOPROSKI
sexta-feira, 6 de março de 2015
ASSIM É QUE SE FAZ UM
BLUES
você
acha que sou louco
por passar a vida nas nuvens
só
pensando em azuis
mas sente só a canção que compus
amor,
não sou louco
muito menos um bêbado de luz
acontece
que o amor esqueceu
de me dar o troco
mas
ainda faço jus
todo o amor que me deste
é
uma dádiva e não uma dívida
que eu já repus
assim
é que se faz um blues
veja o que se desenha
no
canto dos teus lábios
e enche teu olho de luz
assim
é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
assim
é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
assim
é que se faz um blues
essa é a minha cruz
você
acha que estou morto
mas ainda faço jus
mesmo
com as rosas
com a garganta cortada,
toda
a tua pureza amordaçada
eu ainda te vejo, blues
quando
não tem luz
trago a lua no peito
só
para o amor deixar de ser besta
e ver nós dois nus
assim
é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
assim
é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
assim
é que se faz um blues
veja o que se desenha
no
canto dos teus lábios
e enche teu olho de luz
Fernando
Koproski
fragmento
do poema “Assim é que se faz um blues”
do
livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
a possibilidade de lua me atormenta. sei
que não
será
sutil, tampouco sensato quando ela chegar. a
lua
nunca é discreta. confissões, desastres, intenção
de
voo, suicídios, tudo que a gente for capaz
quando
a lua daquele jeito no céu. sei que serei
inconsequente,
certamente indesculpável. depois
que
ela passar, vou me preocupar. tenho
atenuantes,
não importa o que disserem. essa noite
azul
o meu motivo, sem razões aparentes. depois
que
a lua passar vou me preocupar. agora não, é
inútil,
a lua não vai me deixar tão cedo. ela chega
inquestionável
como um mar onde o delírio uma
música
imprescindível. não adianta mais desviar o
olhar.
nada mais há que eu possa fazer. agora a lua
é
minha, minha e de mais ninguém.
Fernando
Koproski
do
livro “O livro de sonhos”
outros
livros do autor estão aqui:
quarta-feira, 4 de março de 2015
EVIDÊNCIA
putas
e grandes poetas deveriam
evitar
uns aos outros:
suas
profissões são perigosamente
parecidas:
do
Império Romano à nossa
Era
Atômica
há
um número quase
igual
de putas e
poetas
com
as autoridades continuamente
tentando
banir
as
primeiras
e
ignorar os últimos
–
o que te diz
o
quão perigosa
a
poesia
realmente
é.
Poema:
Charles Bukowski
Tradução:
Fernando Koproski
do
livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (7 Letras)
outros
livros do fernando estão aqui:
terça-feira, 3 de março de 2015
ESSES
HERÓICOS
Se
eu tivesse uma cabeça iluminada
e
as pessoas parassem para me olhar
nos
bondes;
e
pudesse estender meu corpo
pela
água límpida
ficando
par a par com os peixes e as cobras d’água;
se
pudesse arruinar minhas asas
voando
para o sol;
você
acha que eu estaria nesse quarto,
recitando
poemas para você,
e
compondo sonhos ultrajantes
com
os mínimos movimentos de seus lábios?
Poema:
Leonard Cohen
tradução:
Fernando Koproski
este
poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR”
(7Letras)
segunda-feira, 2 de março de 2015
CANÇÃO MORTAL
dentro desse poema imortal
teu amor é mortal
e irá morrer quietinho
lentamente
aos poucos
e bem devagarinho
dentro de mim
sim teu amor irá morrer demoradamente
só para que um dia eu possa dizer
que morreu assim de repente
até que um dia enfim
ele tenha morrido totalmente
antes que esse dia aconteça
irei me contentar em te ver morrer
apenas nesse poema
sei que essa morte não é o fim do problema
mas já é uma morte aceitável
considerando quem você é
e do que você é capaz
essa morte, meu bem,
já é uma paz
dentro desse poema imortal
teu amor é mortal
e irá morrer
onde eu o enterrei
no fundo
bem lá no fundo
do coração dessas páginas
assim quem sabe um dia enfim
você possa morrer para sempre
para mim
Fernando
Koproski
do
livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
aqui está o livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno”
outros
livros do autor estão aqui:
e aqui também:
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