quarta-feira, 9 de julho de 2014

PARA E.J.P.

Houve um tempo em que acreditava que um só verso
de um poema chinês pudesse mudar
para sempre a forma com que as flores caíam
e que a mesma lua se levantava
sobre a dor dos que choram calados
a fim de flutuar além dos cálices de vinho
Pensava que as invasões se iniciavam com corvos
bicando ossos
as dinastias dispersas e desperdiçadas
para servir à linguagem de uma dor delicada
Pensei que os governantes terminassem seus dias
como suaves monges bêbados
vendo a passagem do tempo na chuva e nas velas
orientados pela peregrinação de um inseto
através da página – tudo
para que se pudesse enviar do exílio uma carta perfeita
a um velho amigo de infância

Escolhi o país da solidão
dividido pelo amor
desprezei a irmandade da guerra
Afiei minha língua na lua laminada
flutuei minha alma em vinho de cereja
um bote perfumado aos Senhores da Memória
para desmaiar sorver sussurrar
seu estoque de chamas
como se além da névoa ao longo das águas
suas meninas ainda os obedecessem
como relógios mutilados por mil anos
(...)

Fragmento do poema de Leonard Cohen
Tradução: Fernando Koproski

E pra quem quiser conferir o poema inteiro
é só adquirir o livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7LETRAS),
que é a primeira antologia poética do Leonard Cohen publicada no Brasil,
organizada e traduzida por mim, na qual seleciono poemas de 8 livros desse grande autor e compositor canadense
aqui:


http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx

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