terça-feira, 9 de dezembro de 2014

ENTRE DOIS AMORES

quando ficamos juntos
    não pensei que seria muito
quando ficamos juntos
    eu nem pensei em você
não pensei que fosse acontecer
    nem pensei no depois
não sei você, mas eu
    só pensei em nós dois

dia e noite, noite e dia
    você só pensava no amor
mas o amor não perdia
    tempo pensando em você
o amor tinha mais o que fazer
    ah, como o amor é ilógico
o amor é como um relógio
    nunca vem quando a gente quer

o amor sempre chega antes
    o amor sempre chega depois
e sempre é hora do amor
    chegar para uma mulher
o amor é tão contraditório
    até isso é uma contradição:
como posso estar e não estar
    com você em meu coração?

quando ficamos juntos
    não pensei que seria muito
mas ainda está pra nascer
    um amor assim: sem fim
talvez eu faça bem pra você
    fazendo mal pra mim
talvez eu faça mal pra você
    fazendo bem pra mim

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
aqui está o livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno”

outros livros do autor estão aqui:

e aqui também:

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Fiquei sabendo que o Sebo Kapricho está com uma ótima promoção de natal, vendendo o livro do LEONARD COHEN “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR”, por R$29,90!! É uma boa pedida pra quem quiser conhecer a obra poética desse grande compositor e escritor que hoje lança seu cd/dvd triplo “Live in Dublin”. Dentre as canções do Cohen que mais gosto, “Suzanne” é o tipo de poema que serve aos dois propósitos: tanto no suporte musical, funciona belissimamente como canção, como no suporte livro, mostra a que veio, isto é, na “pele da página”, funciona também como um grande poema. Sente só...

SUZANNE

Suzanne te conduz
ao seu lugar perto do rio,
você pode ouvir os barcos passarem
pode passar a noite ao seu lado.
E você sabe que ela é meio louca
mas é por isso que você quer estar ali
e ela te oferece chá e laranjas
que vêm lá da China.
Bem quando você iria dizer
que não possui presentes para lhe dar,
ela te capta em seus movimentos de onda
e permite que o rio responda
que você sempre foi o seu amor.

E você deseja viajar ao seu lado,
você deseja viajar cegamente
e sabe que ela pode confiar em você
pois você tocou seu corpo perfeito
com a sua mente.

Jesus era um marinheiro
quando andou sobre as águas daquela maneira
e passou muito tempo vigiando
de uma distante torre de madeira
e quando ele teve a certeza
de que só os afogados podiam vê-lo
ele disse Que todos os homens sejam marinheiros
até que o mar os liberte,
mas ele mesmo se deixou arruinado
muito tempo antes que o céu se abrisse,
e quase humano, desconsolado,
afundou em sua sabedoria como uma rocha.

E você deseja viajar com ele,
você deseja viajar cegamente
e você pensa que talvez possa confiar nele
pois ele tocou o teu corpo perfeito
com a sua mente.

Suzanne toma a sua mão
e te conduz ao rio,
ela veste farrapos e plumas
das bancadas do Exército da Salvação.
O sol se lança como mel
em nossa senhora da enseada
enquanto ela te mostra para onde olhar
entre o lixo e as floradas,
há heróis nas algas marinhas
há crianças no amanhecer,
eles caminham para o amor
irão caminhar assim para sempre
enquanto Suzanne segura o espelho.

E você deseja viajar ao seu lado
você deseja viajar cegamente
e você está certo de que ela pode te encontrar
pois ela tocou seu corpo perfeito
com a sua mente.

Poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
este poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)
livro à venda nas seguintes lojas:
Sebo Kapricho

Livrarias Curitiba
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx


e aqui está a música, nessa versão ao vivo do cd triplo e dvd "Live in Dublin":
http://www.stereogum.com/1719899/leonard-cohen-suzanne-from-live-in-dublin-stereogum-premiere/mp3s/

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O escritor e jornalista Jonatan Silva elenca para o ParanaOnline "10 dicas de livros pra dar de presente de natal". E estou lá muito bem acompanhado pelo David Conenberg, Ian McEwan e o Luiz Bras, com o meu filho RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA: 

Retrato do Artista Quando Primavera

Peça final – junto com Retrato do Amor Quando Verão, Outono e Inverno – da trilogia “Um poeta deve morrer”, do curitibano Fernando Koproski. O livro é a materialização em palavras da relação do poeta com seu ofício e o mundo. Na obra, Koproski cria um universo próprio em que os elementos são móveis, mas imutáveis.

http://www.parana-online.com.br/colunistas/contracapa/106556/DEZ+DICAS+DE+LIVROS+PARA+DAR+DE+PRESENTE+NO+NATAL


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

CALOR INCÔMODO

se amanhã você me esquecer
não quero nem saber
o que será de mim,
o que será de você

sim porque você é
a minha chama, a minha água
amor, a sede que sinto de você
nunca são águas passadas

sim porque você é
a minha beleza blindada
meu café, meu bourbon
você é meu cabernet sauvignon

sim porque você é
meu cabernet e aquele friozinho
amor, o verão que vejo em você
nunca deixa de me aquecer

sim porque você é
até hoje aquele calor incômodo
dentro do peito, dentro do sonho
é amor, você é fogo

amor, você pra mim
é tudo isso e mais um pouco
você acha que seria assim
nos braços de qualquer outro?

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)



terça-feira, 18 de novembro de 2014

CASA, COMIDA E ROUPA ENCARDIDA

a poesia não me deu casa,
comida, nem roupa encardida
poesia, eu vesti tua camisa

arregacei as mangas dos versos
fiz coisas que de tanto duvidar
até deus acredita

escrevi com sangue, coração
e o que mais estivesse à mão
até com o que meu ódio ojeriza

poesia, eu vesti tua camisa
mas você não me deu casa,
comida, uma passagem pra Ibiza

te dei meu corpo, alma e musa
mas você ainda abusa
e pede mais do que precisa

até hoje não me deu
nem um pastel de vento
mas quer que eu viva de brisa

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

meu poema "Não se fazem mais poetas como antigamente", do livro "Retrato do artista quando primavera (7letras)", acaba de ser publicado no Jornal RelevO! Meus agradecimentos aos editores Daniel Zanella e Ricardo Pozzo!

ele está aqui:
http://issuu.com/jornalrelevo/docs/relevo_novembro_2014_-/32
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-aut-paranaense,product,LV341627,3393.aspx



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma tradução pra não perder a linha! "Mostre-me o lugar" é a tradução que fiz para "Show me the place" do Leonard Cohen:

Mostre-me o lugar

Mostre-me o lugar
Do seu escravo ficar
Mostre-me o lugar
Eu me esqueci, sei lá
Mostre-me o lugar
Pra cabeça abaixar
Mostre-me o lugar
Do seu escravo ficar

Mostre-me o lugar
Ajuda a empurrar a rocha
Mostre-me o lugar
Sozinho não acho que possa
Mostre-me o lugar
Onde a Palavra se fez homem
Mostre-me o lugar
Onde o sofrimento fez nome

Começaram as desgraças
Eu salvei o que pude salvar
Uma linha de luz
Um pingo, uma onda do mar
Mas havia correntes
Então corri me comportar
Havia correntes, então
Como um escravo fui te amar

Mostre-me o lugar
Do seu escravo ficar
Mostre-me o lugar
Eu me esqueci, sei lá

poema/letra: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski

E outros poemas e letras de Leonard Cohen
vc pode encontrar na antologia poética que organizei e traduzi
chamada ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7letras)
à venda, pra todo o Brasil, pelo site das livrarias Curitiba:


essa é a matéria do escritor e jornalista Jonatan Silva sobre a antologia Hiperconexões - Realidade Expandida, com organização de Luiz Bras:



terça-feira, 4 de novembro de 2014

Uma garota que eu conheço
adormece em uma cama
e de todas as coisas adoráveis
que eu possa dizer eu digo isso
eu vejo seu corpo confuso
com as marcas de lábios
de todos os beijos de todos os homens
que ela conheceu
como um piano de cabaré
com marcas de anos de copos de coquetel
e enquanto ela avança tilintando
em sua peculiar e conhecida dança pervertida
eu caminho
pela chuva clara de novembro
punindo-a com minha felicidade

fragmento do poema “por que aconteceu de me sentir livre”
de Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
este poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)

à venda, pra todo o Brasil, pelo site das livrarias Curitiba:
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx

"101 poetas" é a grande antologia, organizada por Ademir Demarchi, onde tenho o prazer de estar ali dividindo as páginas com uma verdadeira brigada de poetas! Entre outros, estão ali os meus amigos Antonio Thadeu Wojciechowski, Mario Bortolotto, Bárbara Lia, Alexandre França, Ademir Assunção, Rodrigo Garcia Lopes, Adriano Smaniotto, Roberto Prado, Marcos Prado, Edson de Vulcanis, Jaques Brand, Marcio Davie Claudino, Marcos Losnak, Paulo Venturelli, Luiz Felipe Leprevost, Solda e Ivan Justen. E seguimos em frente, acelerando!
http://www.bpp.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=572


terça-feira, 21 de outubro de 2014

BUKOWSKI na USP: hoje há leitura de poemas e prosas do velho BUK na USP. Na programação, poemas do livro ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM. Pra quem estiver na área, vale a pena conferir!

mais informações do evento:
Cinco Encontros sobre Poesia Norte-Americana Moderna:

O Centro Ángel Rama (Centro Interdepartamental da FFLCH-USP) promoverá cinco Encontros sobre Poesia Norte-Americana Moderna, nos dias 14, 21 e 28 de outubro, 04 e 11 de novembro (terças-feiras, das 18 às 19h30), na sala 110 do Prédio de Letras (Av. Prof. Luciano Gualberto, 403, Cidade Universitária, São Paulo).

Profa. Responsável: Maria Sílvia Betti (DLM e Centro Ángel Rama)
Público-alvo: interessados em geral. Os poemas a serem discutidos foram extraídos de edições bilíngues.

Serão concedidos certificados de participação aos alunos que comparecerem a todos os Encontros.
Contato: carama@usp.br (11) 3091-4879

POETAS
W.H. Auden (Wynstan Hugh Auden) [1907-1973]
Charles Bukowski [1920-1994]
Elizabeth Bishop [1911-1979]
Allen Ginsberg [ 1926 -1997]

AGENDA DE LEITURAS

21 de outubro
CHARLES BUKOWSKI
Notas de um velho safado. Porto Alegre: L & Pm, 1985. Tradução de Poli Junior, Albino.
Factotum / Charles Bukowski. São Paulo: Brasilense, 1985. Tradução de Knapp, Carlos H.
Cartas na rua / Charles Bukowski. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. Tradução de Felinto, Marilene e Martins, Alberto Alexandre.
Pulp / Charles Bukowski; tradução Marcos Santarrita. Porto Alegre: LPM, 1995.
Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém / Charles Bukowski; Fernando Koproski, seleção e tradução.
Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém / Charles Bukowski; Fernando Koproski, seleção e tradução. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012. Tradução de Koproski, Fernando.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Não há felicidade maior do que esgotar uma tiragem. É sinal de que um livro foi bem recebido e alcançou o seu propósito, que é encontrar os seus leitores. E isso o meu livro do Bukowski encontrou... Isso já tinha acontecido com o ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM. E agora aconteceu com o AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA, o qual está oficialmente esgotado! Um brinde a todos os que adquiriram e se deleitam continuamente com os poemas deste livro. Abraço do tradutor Fernando!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O MILAGRE

trabalhar com uma forma de arte
não significa
vadiar como uma solitária
de barriga cheia,
tampouco justifica grandeza
ou ganância, nem sempre
seriedade, mas acho
que ela chama os melhores
em sua melhor fase,
e quando eles morrem
e algo mais não,
presenciamos o milagre da imortalidade:
homens vêm como homens,
partem como deuses –
deuses que nós sabíamos aqui,
deuses que enfim nos fazem continuar
quando tudo o mais dizia parar.

Poema: Charles Bukowski
Tradução: Fernando Koproski
do livro ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 letras)

http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-autores,product,LV314866,3406.aspx
ESTILO

estilo é a resposta para tudo –
um novo jeito de encarar algo estúpido ou
perigoso.
é preferível fazer algo estúpido com estilo
do que fazer algo perigoso
sem estilo.

Joana d’Arc tinha estilo
João Batista
Cristo
Sócrates
César,
García Lorca.

estilo é o que faz a diferença,
um jeito de realizar,
um jeito de estar realizado.

6 garças paradas numa lagoa
ou você saindo nua do banheiro
sem me
ver.

poema: Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
do livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (7 Letras, 2012)

Retomando nossa campanha com a SALVA BICHO, vamos transformar livros de poemas em mais do que simplesmente "livros de poemas". Agora eles serão Vacinas, Remédios e Atendimento Veterinário pra muitos bichanos abandonados. Tá a fim de colaborar? É só adquirir o livro NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA, e vc já está contribuindo com essa ajuda inestimável prestada pela SALVA BICHO. Vale pra todo Brasil, aqui:

sábado, 4 de outubro de 2014

Porque hoje é dia de São Francisco e também dia do poeta, nada como fazer desses dois temas um só poema:

ORAÇÃO DE CORAÇÃO

Ah, meu São Francisco de Assis
me perdoa pelo que eu fiz
e o que eu não fiz

Às vezes os humanos são vis
e uns verdadeiros animais
Às vezes meus amigos bichanos
são muito mais humanos
até humanos demais

Ah, meu São Francisco de Assis
me perdoa por amar quem eu não quis
me perdoa por amar e não amar
quem eu quis

Às vezes os humanos
são menos que seus ais
Às vezes são só meus bichanos
que me trazem paz

Ah, meu São Chiquinho
me perdoa por amar de menos
e me perdoa por amar demais

Que um dia os humanos
aprendam contigo o mesmo carinho
que ensinam os animais

Fernando Koproski
4/outubro/2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

É a paixão de nosso Senhor. É a escada ao longo das tranças dela. É um campo encantador que você não encontra na cidade. É algo que você não encontrará de novo assim tão terno e selvagem, então se ajoelhe e honre o que esse Nome faz se manifestar porque é provavelmente Primavera. Mostre o devido respeito por aquilo que atira sua mulher nos braços de outro, ao que hasteia estilhaços de papoula em seu coração, ao que te convida a perdoar aquele crime vil ao qual você já está à espera porque é provavelmente Primavera.

fragmento do poema “É provavelmente primavera”de Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
este poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)

à venda, pra todo o Brasil, pelo site das livrarias Curitiba:
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

E o meu livro RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA está nas indicações de leitura da revista MAPA #3 da editora Arte e letra. Está lá na livraria Arte e Letra também, junto com o RETRATO DO AMOR QUANDO VERÃO, OUTONO E INVERNO. Estamos aí, de estação em estação! 

O futuro já chegou e está aqui: Hiperconexões - Realidade Expandida, vol. 2 é o nome da antologia organizada por Luiz Bras e publicada pela editora Patuá. São 65 poetas desvencilhando o mesmo tema: o pós-humano. E o lançamento será dia 18 de outubro em SP!