Quando olhei, ela
estava ruiva. Os olhos eram os mesmos, mas um incêndio de cerejas agora se
alastrava por seus cabelos. E o incêndio descia delicadamente por seus
cachinhos molhados, pingando chamas à minha frente. Eu olhei praqueles olhos
verdes e esperei. Enquanto ela me perguntava sobre meu romance, senti que sabia
exatamente o que tinha que dizer. Não havia mais ansiedade ou nervosismo.
Tampouco precisava fingir ser quem não sou. Parece que alguém já tinha escrito
todas as nossas falas. E eu nem precisava ter o trabalho de decorá-las.
Enquanto olhava praqueles olhos verdes, elas simplesmente saíam da minha boca
em direção à sua boca – que era de um vermelho irremediável, ressaltando ainda
mais o incêndio delicado de seus lábios.
Uma hora sem querer,
fiz ela sorrir. Seus olhos verdes agora estavam ainda mais claros. Parece que
eu finalmente dizia a coisa certa para a menina certa.
Fernando Koproski
no livro A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p
NARCISO PARA MATAR
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
CRÔNICA DE UM AMOR MORTO
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p
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