Foi uma alegria receber esse
texto escrito pelo amigo poeta-dramaturgo-músico-compositor (e um dos caras
mais brilhantes q tenho o prazer de conviver) Alexandre França sobre meu livro
A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA:
NOTA:
Carta encontrada no local da morte do escritor Alexandre França junto a um
exemplar do livro A Teoria do Romance na
Prática. O livro estava com alguns de seus trechos grifados, outros
simplesmente rabiscados e algumas folhas rasgadas em pequenos pedaços em que o
escritor, França, escreveu em letras minúsculas a palavra “canalha!”. Segundo
testemunhas, morreu com um sorriso no rosto. Um sorriso amarelado pelo
alcatrão; largo como uma varanda à beira mar. No entanto, sua mandíbula, de tão
apertada e dura, acabou por trincar e logo depois quebrar seus dentes da
frente. Seus olhos esguichavam água em quem ousasse aproximar o rosto. Sua
morte, segundo o poeta Fernando Koproski, foi baseada em fatos fictícios.
Eu matei o amor aqui dentro, Koproski, e deixei
as cartas todas para o final do romance. Nunca, em toda a sua vida, você
escolheu tão bem quem fizesse uma apresentação de um livro. Pois EU tenho a
mesma coragem de me matar para deixar este pequeno texto a respeito de sua
admirável obra. EU, assim como você, brinco de esfarelar minha memória em
felipes, scarletts, clarices, cerejas e incêndios, pois sou aquele personagem –
aquele que você esqueceu de colocar – que persegue o protagonista. Que sabe
muita coisa sobre o passado do protagonista e revela, ao final, o porquê de sua
existência desenhada à medida da existência do protagonista (estaria ele em
outra parte desta Trilogia?). Pois aqui estou leitores, para dizer que este
homem, chamado Felipe, possui uma musa. Uma outra musa, que tem a mesma cara da
menina do Xerox – o nome dela é Ingrid. Vai negar agora, Koproski? Vai fazer o
típico poeta apaixonado que se esconde atrás da linguagem? Ah, se eles pudessem
saber como fui inconsequente ao entender este detalhe e retirar a Ingrid da
jogada e colocar na cara da menina do Xerox (agora a MINHA menina do xerox), a
cara da MINHA própria musa. Por que o Felipe poderia ser o França também, não?
Estou forçando a barra? I don’t think so, Koproski. – QUE ENTRE A PRIMEIRA
TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO! França:
Laura Dern, conta pra gente um pouco da sua profissão. Laura Dern: Bom, sou atriz. Fiz alguns dos filmes de David Lynch,
incluindo Coração Selvagem, Veludo Azul... França:
Você reconhece este homem? Laura Dern:
Sim. É o poeta Felipe, apaixonado pela menina do Xerox. França: Você poderia nos dar detalhes de como você conheceu este
homem? Laura Dern: Bom, lá estava eu
em mais uma exibição do filme Coração Selvagem na casa do poeta Alexandre
França/ França: Então você estava na
casa do poeta Alexandre França e não na casa do poeta Fernando Koproski? Laura Dern: Sim. Lembro até de um
momento em que o Alexandre no trecho final do filme, em que o Nicolas (o ator
Nicolas Cage) canta aquela canção do Elvis Presley. Tadinho do Alexandre –
sozinho naquela cidade imensa chamada (fala com sotaque norte americano) São
Paulo/ França: Sem mais perguntas,
meritíssimo. Juiz: Dada a
contundência das provas colocadas, condeno o réu, Fernando Koproski, a perder a
sua identidade no livro A Teoria do
Romance na Prática da mesma forma como o poeta João Cabral de Melo Neto
sentenciou em um de seus poemas, onde se lê “O amor comeu meu nome, minha
identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha
genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e
comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome”. Pois finalmente aconteceu,
Koproski. O amor é agora o seu protagonista. Pra você ele deixou este legado
incrível que é a linguagem. Aproveitemos, então, nossas mortes, antes que a
vida nos chame pelo nome.
Alexandre França
E os livros do Koproski estão aqui:
NARCISO PARA MATAR
http://www.livrariascuritiba.com.br/para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
CRÔNICA DE UM AMOR MORTO
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p
A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICAhttp://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p
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