sexta-feira, 11 de abril de 2014


Pois é, todo mundo tem seu dia da faxina. Pra uns é sexta-feira. Pra outros é sábado... mas ela é fatal, sempre vem...

CANÇÃO PRA SER FELIZ

se te dessem trela
você não seria capaz
de se fazer poeta
e acender um verso

e queimar poemas
até apagar as estrelas?
você não seria capaz
de fazer tudo por ela?

se te dessem ela
você não seria capaz
de lavar a louça
e passar aspirador?

e esfregar o chão,
passear com o cão
e passar a roupa,
tirar o pó da casa toda?

ah, meu amigo
você diz que não é,
que nunca foi disso
de pôr a roupa no varal

mas você ia esfregar
o chão que ela pisa,
dançar o vendaval
até fazer brisa

você ia torcer o pano
sem torcer o nariz
veja só até onde, fernando,
você foi pra ser feliz

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)


os livros também estão disponíveis na Livraria Arte e letra (Al. Presidente Taunay, 130, Batel, Curitiba)

ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski

quinta-feira, 10 de abril de 2014


Escrevi este poema em 2007, e ele saiu tão natural como o suor. Depois de 2 anos e meio sendo obrigado a escrever um texto inútil para uma (de)preciação crítica igualmente inútil, finalmente eu estava limpando meu corpo das toxinas do meio acadêmico... rsrs...

UNIVERSIDADE FEDERAL

primeiro
eles amarraram
o poema
na mesa de cirurgia
e o drogaram
e o intoxicaram
durante semanas
com toda forma conhecida
até o momento
de artigos ensaios teses e dissertações

eles se dedicaram
eles realmente se esforçaram para anestesiar
as simples e naturais
capacidades expressivas do poema

depois
seguindo o procedimento padrão
eles tentaram retirar cada um dos seus órgãos
isolaram verso a verso as veias
artérias aurículas e ventrículos
enfim todo o sistema vascular e circulatório
do poema

mas mesmo assim
os órgãos continuaram pulsando
separadamente

para surpresa e desgosto de todos os doutores
em literatura presentes
os órgãos internos
do poema
apresentavam
de forma insuportavelmente musical
e intoleravelmente ritmada
a mesma arritmia lírica
que o autor havia denunciado
em muitos momentos simples espontâneos
e aparentemente sem significância
de sua biografia

como isso era possível?

eles simplesmente não compreendiam
como aquele poema
sem rigor científico algum
depois de completamente
e meticulosamente esquartejado
poderia ainda estar
vivo

o que eles fizeram então?

eles isolaram a área
lacraram as portas
cimentaram as janelas
queimaram todas as evidências
distribuíram cianureto para todos os envolvidos
pois não poderia haver registro
ou testemunho futuro
que comprovasse uma falha assim

um fracasso como esse
poderia muito bem comprometer
seus currículos lattes para sempre
e arruinar suas carreiras na universidade

depois disso
os poucos que restaram
após semanas e semanas
de muitas mesas de discussão
de literatura
chegaram à seguinte conclusão
lida em ata pelo mediador
ao final da sessão:

– visto que ele não pode mais ser apanhado
e que os seus poemas
não quiseram colaborar conosco,
teremos que pôr em prática
o plano B...

algum dos ilustres doutores
que acompanharam o caso Koproski...
por acaso sabe onde mora
a sua musa?

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)

os livros também estão disponíveis na Livraria Arte e letra (Al. Presidente Taunay, 130, Batel, Curitiba)

ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski


quarta-feira, 9 de abril de 2014


De 5 em 5 minutos
enquanto chove
passa todo ônibus que não é o meu
de 5 em 5 minutos
a máquina do mundo engasga,
as suas engrenagens perdem fôlego
e ela tosse sangue e óleo queimado
de 5 em 5 minutos
a máquina do mundo vê
mais um poeta no meio do caminho
e sem pensar duas vezes o atropela
de 5 em 5 minutos
chove e chove e chove
de 5 em 5 minutos
se passam muito mais do que cinco minutos
de 5 em 5 minutos
uns morrem de câncer
outros de solidão
de 5 em 5 minutos
a solidão foi tomando
um a um os seus órgãos
de 5 em 5 minutos
a solidão foi comendo
mastigando ele por dentro
até que um dia acabou morrendo
de solidão generalizada
de 5 em 5 minutos
ainda chove
de 5 em 5 minutos
os sonhos crescem como ervas daninhas
em teus mais belos e conformados
jardins da mente
de 5 em 5 minutos
novas formas de beleza
são inauguradas e perdidas para sempre
na tua frente
de 5 em 5 minutos
em pleno inverno
os ipês têm a sublime audácia
de expor suas pétalas roxas
para nós mais uma vez
de 5 em 5 minutos
a vida não pode perder seu tempo com esse poema
de 5 em 5 minutos
a menina de 4 aninhos
tem seus bracinhos e costas queimados
por pontas de cigarro
de 5 em 5 minutos
há mais de três meses
a menina de 4 aninhos
está sendo estuprada
de todas as maneiras
que se possa imaginar
de 5 em 5 minutos
um caminhão se perde na curva
e esquarteja gérberas
quando corta de fora a fora
pela linha de cintura
uma mulher grávida
que esperava o ônibus
de 5 em 5 minutos
as árvores são asfixiadas
pelas sombras tóxicas dos edifícios
de 5 em 5 minutos
os rios morrem afogados em triste sujeira
e suja tristeza
de 5 em 5 minutos
a chuva não limpa mais nada
de 5 em 5 minutos
a chuva suja muito mais
do que simplesmente a roupa no varal
ou a inocência dos desavisados
ou a ingenuidade dos distraídos
de 5 em 5 minutos
violências inimagináveis passam a ser imagináveis
por alguém
bem perto de você
de 5 em 5 minutos
almas de alfazema morrem
de doenças seguramente erradicadas
há mais de um século em meu país
de 5 em 5 minutos
a menina de 4 aninhos
vê uma minipétala de sangue crescendo
no lugar do que um dia seria seu seio
ao ter seu primeiro mamilo arrancado
de 5 em 5 minutos
se passam muito mais do que cinco minutos
de 5 em 5 minutos
ninguém mais se lembra
do que aconteceu com a menina de 4 aninhos
ou com a mulher grávida
ou com a chuva
ou com as árvores
de 5 em 5 minutos
somos intoxicados por um amor
que nunca será o bastante
de 5 em 5 minutos
você pode optar pela urgente
veloz e ingrata corrida dos ratos
ou pela sábia e paciente renúncia dos gatos
de 5 em 5 minutos
novas doenças estão sendo criadas
para conter o avanço de seus filhos
e dos filhos de seus filhos
para evitar que o nosso inadmissível fracasso
se prolongue por muito mais tempo
de 5 em 5 minutos
nossas ideias de felicidade
se espatifaram entre a gente
de 5 em 5 minutos
hoje eu ando devagar
com cacos de sonhos
fincados nos pés
de 5 em 5 minutos
volta a chover novamente
de 5 em 5 minutos
enquanto chove
eu vivo aqui
esperando o ônibus
junto com a mulher grávida,
a menina de 4 aninhos
e a chuva

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)

os livros também estão disponíveis na Livraria Arte e letra (Al. Presidente Taunay, 130, Batel, Curitiba)

ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski

terça-feira, 8 de abril de 2014


A MÉDIUM MEDÍOCRE

A madame diz que é médium
Mas só anda com o cu na cara
Prefere se atirar de um prédio,
Pois sorrir custa os olhos da cara

Sorrir é pra quem tem grandeza
Algo que você não tem, madame
É do interior que se mira a beleza:
Na vida amar até o que não se ame

Você se acha uma pessoa iluminada
Mas não passa de uma puta letrada
A cada doutorado adoece com louvor,
Esquece que sorrir é uma forma de amor

Ah, mas você anda com o cu na cara
Posando de rainha entre os escombros
É tão medíocre que nem repara
Que no fim da linha, eu dou de ombros

Fernando Koproski
8/Abril/2014

segunda-feira, 7 de abril de 2014


LIVRO DO SONHO

o sonho está conquistando células, inaugurando músculos e ossos. o sonho está tomando corpo, ocupando espaço em mim. o sonho não pede licença, quando menos se espera está abrindo caminho entre livros, discos e fotografias na estante. o sonho está rasgando seu caminho entre as coisas certas e conformadas que se decantaram ano após ano em mim. o sonho agora está revirando meus pertences, desafiando e desfiando a segurança que eu vestia, desarrumando um a um meus armários de resignação. o sonho já conquistou artérias, angariou veias e músculos dissidentes em mim. o sonho nesse momento está persuadindo outros órgãos com suas ideias febris. o sonho não se contenta com pouco. o sonho aos poucos está tomando corpo. e mais uma vez estou em desvantagem, tentando inutilmente equilibrar do lado de dentro essa pilha de ideias perecíveis, certezas solúveis e crenças falíveis entre frágeis catálogos de musas em desuso. eu tento andar sem deixar nada cair. mas o sonho se levanta com sangue, músculos e ossos num corpo a corpo sublime e inglório contra mim.

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)

os livros também estão disponíveis na Livraria Arte e letra (Al. Presidente Taunay, 130, Batel, Curitiba)

ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Fernando Koproski: esse poeta deve viver
- Paraná-Online - Paranaense como você

Publicado em 02/04/2014 às 00:00:00

Perfil de Jonatan Silva
Jonatan Silva é formado em Jornalismo e apaixonado por literatura e cinema. Escreve sobre o hábito neurótico e pouco ortodoxo de ler.


Em uma entrevista de 1994, Jô Soares perguntou a Renato Russo se ele era lírico ou romântico. A resposta saiu feito um tiro: lírico. Passados 20 anos, o poeta curitibano Fernando Koproski coloca em xeque não só o significado do que é ser lírico ou romântico, mas também do que é ser poeta em um tempo em que não se fazem mais amores como antigamente.

Koproski encerra - com "Retrato do artista quando primavera" e "Retrato do amor quando verão, outono e inverno" - a trilogia Um poeta deve morrer - iniciada em 2009 com o livro "Nunca seremos tão felizes como agora". Os dois volumes de poesia, lançados na semana passada, muito mais que um conclusão, são, na realidade, uma nova fase, mais madura e consciente do papel da poesia - e por que não, do poeta? - na sociedade contemporânea.

O poema que inicia o segundo livro da trilogia dá o ultimato: "O Livro que não se vende". A brincadeira, entre o livro encalhado na prateleira da livraria e a poesia não-comercial, aquela realmente não rende ao status quo, já permite entrever o humor e o lirismo de Koproski nas próximas páginas - o melhor amálgama entre Bukowski e Cohen, dois autores que já tiveram sua poesia vertida ao português pelo curitibano.

As Quatro estações

O templo de um poeta não é somente o corpo de sua musa, mas também o cotidiano, que o coloca ao lado de qualquer um de nós. "As Flores em greve de fome" retratam justamente o dia a dia de um poeta moderno, que precisa deixar seus afazeres literários e lavar a louça, pagar as contas e escolher cada uma das palavras que irá compor a sua criação, dá mesma forma que a sua musa escolhe o feijão que alimenta, materialmente, a relação.

Assim como uma tatuagem, em especial a "Tatuagem" de Chico Buarque, as marcas do amor estão da pele do casal:

leio toda a sua pele
toda a epiderme das páginas
desse livro
que sou eu e você

A poesia de Fernando Koproski, que já serviu de alimento para as canções de Carlos Machado, Beijo AA Força e Alexandre França, tem lá também seus inimigos e, o maior adversário, sem dúvida é o impetuoso academicismo poético que brota como erva daninha nas universidades de todo o mundo. "Universidade federal" é um recado direto e duro contra todos os que dopam a poesia para tentar explicá-la, dissecando o poema e acabando por matá-lo.

A poesia não precisa de rigor, não precisa de rima, precisa de sentimento e desejo; o poeta não deve ser um escravo da linguagem, como se a escrita fosse uma ameaça. O papo de Koproski é reto, os "Escravos da linguagem":

vivem em um condomínio fechado
habitado por rimas enrugadas,
canções cansadas estrofes diabéticas
e figuras de linguagem desfiguradas

"Retrato do artista quando primavera" é a formalização do vazio que preenche o ser humano e que o forma, permitindo a contestação do que é o mundo ao redor, mesmo que mundo acabe em um dia ou acabe em poesia ("As Vezes").

"Cohenrência"

Toda poesia é uma forma de ensaio, já que aquelas palavras impressas no papel são a visão de um indivíduo que se permite ver o que o cerca com outros olhos. Fernando Koproski é, então, um exímio ensaísta, um homem que coleta as imagens do flerte diário com a poesia, encontrado os temas em tudo - mas não em todos.

E toda essa coerência vêm de suas influências, que se estendem de rock britânico aos textos do canadense Leonard Cohen - antes que ele se transformasse em um dos principais porta-vozes da combinação entre música e poesia -, passa pelo norte-americano Charles Bukowski e desembocando em lan McEvan.

Todo esse cabedal permite a ele criar um diálogo entre a sua obra e a de seus "heróis". "You're my woman", além de uma homenagem à Ingrid, sua musa, é uma resposta a Cohen e sua canção/poesia “I’m your man".

A poesia de Koproski é pautada no real, no palpável, em tudo o que pode ser sentido e, como não poderia deixar de ser, na dor. "Canção com obturação" é mais que a representação das feridas, é a balada do perdão em que a obturação é um remendo necessário para que seja possível a convivência.

Mil e uma noites de poesia

Koproski não é nenhum novato, mas sua produção é recheada do vigor que os jovens possuem. Sem medo de deitar as páginas, ele não se interessa pelo formato em si, que nada mais é que uma plataforma para os seus pensamentos. "Retrato do amor quando verão, outono e inverno" é uma versão joyceana das mil e uma noites, em que o homem perambula, por meio da poesia, pelas ruas de uma cidade que pode ser Curitiba, mas também pode ser São José dos Pinhais, Dublin ou Tóquio.

Koproski, que perambula mas não cambaleia, brinca com a poesia em seus poemas em prosa, deixando claro que o formato é ínfimo e o que vale mesmo é o que é dito naquelas linhas. Logo, a essência de tudo é a caminhada, o andar, o perambular...

Quando sai de casa ontem, um outdoor me dizia com toda a sua sabedoria que a gente sempre herda o melhor dos pais.

O artista plástico Hélio Oiticica dizia que o artista não possui um "caminho" a seguir, ou seja, todas as direções estão certas, são corretas e não levam a becos sem saída, porque, acredito eu, em termos de arte, todo beco sem saída leva a uma vanguarda. A poesia de Koproski caminha por esses becos que, mesmo escuros - mas nunca obscuros -, permitem a ele e ao leitor ver o que é luz.

O poeta anda por temas difíceis como a morte e a angústia que é saber pensar com um quê de critica. Em "Imensidão azul", todos morrem afogados, seja em uma banheira como Jim Morrison ou em uma piscina como Brian Jones, mas também há os que morrem afogados em suas mágoas.

O poema "O Dia em que a poesia pagar meu plano de saúde" brinca com a possibilidade de não se ter onde cair morto. Não interessa o quanto um livro é reproduzido, pode ter vendido "trezentas e cinqüenta e sete mil e duzentas e noventa três" cópias, o poeta continuará a ser o que é, um criminoso - por matar as certezas do homem medíocre.

Mas como diz Koproski, nada mais próprio a um escritor que ser reincidente em um crime. Melhor ainda, meu caro Koproski, se o crime for triplo.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

fragmento do poema de Leonard Cohen
tradução de Fernando Koproski
da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)

http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx

terça-feira, 1 de abril de 2014

tem gente que diz "sou para-raios de loucos". nesse sentido, acho que sou "para-raios de sociopatas"... e às vezes até "para-raios de psicopatas" mesmo... alguns anos atrás escrevi este poema sobre um deles... hoje, ele não me incomoda mais. mas fica o poema como registro de um tempo nojento... porque até isso, pode virar poesia, não?

POEMA PARA AS MÁS LÍNGUAS

busque teu ódio novas mágoas,
mais invejas e mesquinharias
pode mirar toda a tua artilharia
em mim ou na minha poesia

pois eis que visto apenas
uma armadura de epiderme,
só o que o coração me der
à prova de teus beijos de berne

se teu coração tem cãibras
de tanto ódio acumulado
ou é apenas sua estupidez
entupindo as veias e vasos

não sei mas em todo caso
contra ti não levanto a mão,
poesia, muito menos coração
dou só a outra face da página

ou o verso de meu rosto
estampado na lâmina da lágrima
pois onde você apenas vê
uma página em branco,

eu sei a pureza inabalável:
minuto a minuto da multidão calada,
os séculos de silêncio em cada
página sonhando acordada

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras, 2014)

também disponível na livraria Arte e letra (Al. Presidente Taunay, 130, Batel, Curitiba)

ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski




uma homenagem singela ao aniversário de 321 anos de minha querida cidade... 

CANÇÃO DE AMOR E ÓDIO

onde você estava que ainda
não notou que em Curitiba
suicida que é suicida ama a vida
só não vê sua paixão correspondida

onde você estava que ainda
não notou que nós passamos a vida
sonhando em se mudar desse lugar
mas quando chega a hora da partida

ah, a gente ainda hesita demais
às vezes diz que vai mas não vai
até que um corvo suspira: nunca mais
e a gente vai pra São José dos Pinhais

mas se o sol hesita, a gente aflita
dessa cidade só pensa em se matar
de vinho, vodka, solidão, neurose
tomo nas veias uma overdose de inverno

e sonho em ser eterno uma vez mais
e sonho em ser eterno uma vez mais
e sonho em ser eterno uma vez mais
e sonho em ser eterno uma vez mais

antes que mais uma vez eu repita
Curitiba, um novo toc agora tanto faz
mas dá um tempo nessa obsessão
de fazer eu te levar nas costas, no coração

não espero que você um dia coincida
com minha dor, só quero que você
deixe de ser nos versos convencida
eu sonho em ser eterno só uma vez na vida

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-aut-paranaense,product,LV341627,3393.aspx

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-inverno-aut-paranaense,product,LV341626,3393.aspx

os livros também estão disponíveis na grande livraria Arte e letra (Al. Presidente Taunay, 130, Batel, Curitiba)

ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski

e finalmente o carteiro chegou até a poeta... a minha querida amiga Bárbara Lia. obrigado pelas palavras. a poesia é coisa dos teus olhos, minha cara... abraço do fernando

"Ontem a poesia foi minha canção de ninar, revi "Flores raras" e fiquei naquele estado de graça que é ouvir poesia linda, tecida com cuidado por Bishop, depois o carteiro trouxe a trilogia - um poeta deve morrer - foi overdose de poesia e mergulho no belo, que só os grandes poetas podem imprimir. Gracias Koproski, pelas dedicatórias ternas e por poemas que lavam todo o piegas do amor, coisa que só grandes poetas conseguem. Quis ler abruptamente como quando alguém toma o café das manhãs às pressas para ir ao trabalho, e lembrei que poesia é banquete, que necessita ritos e reverência, ainda assim, devo dizer que a trilogia fala do Amor no sentido amplo. Não apenas canta o amor à musa Ingrid, a Poesia de Fernando Koproski fala sobre a vida: os nossos pares, a nossa família, o nosso meio literário com coragem e sem piedade, pois na Poesia não cabe piedade, piedade a gente deixa para os textos pobres, estas coisas tipo Martha Medeiros e Lya Luft. A Poesia é corte, cirurgia, sangue vivo, não existe poesia nas "receitinhas de felicidade" a poesia rasga, é corte cirúrgico, é real encontro com nossa humanidade e a felicidade - fugaz - se eterniza em cicatriz. Um bom poema a gente nunca esquece... Gosto muito deste fragmento que transcrevo:

"Os piores poetas morrem em grandes salões ovais, com roupa de gala e ao som de impecáveis quartetos de cordas. Os piores poetas morrem laureados por inúmeros prêmios da academia, reconhecidos pela crítica especializada como dicções únicas da literatura de sua língua ou de seu país. Os piores poetas, quando morrem, deixam seus bustos e poemas esculpidos em mármore no hall de entrada das universidades.
Os melhores poetas, quando morrem, deixam apenas seus poemas esculpidos em sangue"

Fernando Koproski\retrato do amor quando verão, outono e inverno\página 35\7Letras 2014."