segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Essa é a cena 70 do meu romance Narciso para matar. Como hj é niver da minha irmã Letícia, é pra ela esse post... (Parabéns Lets!! )

Cena 70 – Narciso fala esses versos na cara da morte...

Amor da minha morte

Por quem já está morto,
A morte não se interessa
A morte só se aproxima
De quem está cheio de vida

Morte, não precisa ter pressa
Posso ter dado meus tropeços
Mas eu já passei do começo
E se é agora que a vida começa

Pelo menos tenho uma vantagem,
Estou só alguns corpos atrás do amor
E você, o quem tem pela frente?
Só mais morte e o fim da dor

Se é pra morrer ou só doer
Prefiro sempre ser um aprendiz
Nunca ser como você, um professor
Pois mais veloz que a morte, só o amor

Só o amor é que queima o óleo
Arranca o motor, explode a gasolina
Só o amor no fundo dos teus olhos,
Ah morte, pode me fazer deixar essa vida

Fernando Koproski
no romance NARCISO PARA MATAR (livro 1 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
CRÔNICA DE UM AMOR MORTO (livro 2 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p
A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA (livro 3 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Quando passei na frente do bar, já vi ela lá dentro. Era impressionante a desenvoltura que ela tinha dentro de um bar. Parece que todo o ambiente tinha sido planejado para atender suas exigências. Cada novo pedido de kir royal que ela fazia ao garçon era coreografado por uma nova música e uma nova sede que nela se iniciava. Ela parecia estar sempre na fissura, seca por um brilho momentâneo, o que se refletia na maneira sutilmente desesperada com que ela acendia o cigarro e, depois da primeira tragada, olhava para um lugar pra fora do bar, um lugar longe, que ao mesmo tempo era lugar nenhum, além e atrás de você.
“A senhorita gostaria de um drinque, uma água de valeta talvez?”, eu perguntei.
“Nããããão! Por favor, não!”, ela disse.
“Chega de drinques sofisticados? Tudo bem! Dessa vez e só dessa vez eu bebo algo mais rude e tosco com você... Garçon, duas piñas coladas, por favor!”

Ela sorriu de leve e não precisava muito mais que isso para acender a possibilidade do inevitável. Naquele fim de tarde, Aurora estava de vestidinho vermelho, colado no corpo, naquele corpinho dourado que já esteve irremediavelmente colado ao meu. E a distância entre nós era de uns trinta centímetros, ou de uns três drinques, ou de treze minutos dependendo de quem olhasse. Naquela hora ainda não sabia direito, mas esperava que seu corpo ainda se lembrasse do meu, como eu ainda me lembrava do seu, irreversivelmente atado em queda-livre ao meu.
E depois de três drinques ela falou:
“Revelei as nossas fotos na ilha...”
“Que fotos?”

Fernando Koproski
no livro CRÔNICA DE UM AMOR MORTO (livro 2 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p 
A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA (livro 3 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p
NARCISO PARA MATAR (livro 1 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p

Outros livros do Fernando:

RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA - Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p
RETRATO DO AMOR QUANDO VERÃO, OUTONO E INVERNO - Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p
NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA - Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/nunca-seremos-tao-felizes-como-agora-7-letras-lv244140/p
TUDO QUE NÃO SEI SOBRE O AMOR
http://www.livrariascuritiba.com.br/tudo-que-nao-sei-sobre-o-amor-aut-paranaense-lv181720/p

Antologias Poéticas organizadas e traduzidas pelo Fernando:

MALDITO DEUS ARRANCANDO ESSES POEMAS DE MINHA CABEÇA (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/maldito-deus-arrancando-esses-poemas-de-minha-cabeca-aut-paranaense-lv386681/p
ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (antologia poética de LEONARD COHEN) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana-lv220048/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/fernando%20koproski?&utmi_p=_para-matar-aut-paranaense-lv395563_p&utmi_pc=BuscaFullText&utmi_cp=fernando+koproski

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Eu adoro histórias, ela me disse. Na hora pensei, ah, você nem imagina a história que estou pensando agora... Mas isso foi só por um instante, porque na hora de falar, faltou a sagacidade e eu disse:
“Ah, então você odiou muito o meu livro...”
“Odiar? Por quê? Ele é tão lindo!”
“É, mas ele não tem histórias... é só um livro de poemas.”
“Você que pensa.”
E ela me olhou mais uma vez com aqueles olhos claros que ardiam de tão verde. Não era um verde despretensioso como o da grama ou do capim depois da chuva há tanto tempo esperada. Decididamente, não era um verde comum. Não, era outro verde, mais espesso e ao mesmo tempo translúcido, era mais uma onda verde esculpida num mar absurdamente claro de jasmim, sem a menor necessidade de encrespar. Assim ela me olhava, e assim ela me perturbava: com suas duas formações líquidas imóveis que estavam sempre prestes a quebrar. Mas que nunca quebravam.
“E quando você vai me mostrar o seu romance? Olha, estou esperando...”
“Ah, ainda vai demorar. Não tenho uma história pra contar. Ainda é só uma ideia, só uma imagem.”
“Ah...”
“Pois é.”
“Mas eu acho que você tem uma história sim. Só não está querendo me contar.”

Fernando Koproski
no livro A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA (livro 3 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p
NARCISO PARA MATAR (livro 1 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
CRÔNICA DE UM AMOR MORTO (livro 2 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p

A barca que levava pra ilha sacudia de forma mais descompassada do que samba em pé de polaco, e Berenice enjoou de cara, vomitando sem dignidade alguma por todo o passeio. Amadeo acendeu mais unzinho para rebater e confirmar o balanço do thc na cabeça, enquanto eu deslizava suavemente para o fundo do oceano daqueles olhos de maré tranquila de Aurora.

Como eu já ia notar, ali ninguém se ligava muito em preparativos. Havia uma posada na ilha, que vivia lotada nessa época do ano. Mas Amadeo conhecia uns nativos surfistas que nos emprestariam uma casa para passar o fim de semana. Quando estava quase chegando, deu pra ver de longe que a “casa” era uma cabana com algumas chapas de zinco no telhado presas por pedras, latas velhas e diversos tocos de madeira e galhos de árvores. Mas quem precisaria de telhas sob um céu como aquele? O céu da ilha não tinha nada a ver com o céu de Curitiba, na verdade nenhum outro lugar tinha aquela lenta e adiposa camada de névoas eternas depositadas sobre uma só cidade. A maior parte do tempo Curitiba era aquela espécie de ralo entre as camadas de atmosfera para onde toda a pluviosidade do Paraná escoava, isso era nítido nas imagens dos telejornais na hora da previsão do tempo. Curitiba era um ralo para onde escoavam as nuvens sujas de cinza e chuva. E como tal, como qualquer ralo de banheiro, depois de escoar as águas ficava aquela espuma suja em cima que não se desmanchava. Assim era a melancolia minha e de muitos mais naquela cidade. A melancolia era aquela espuma suja que não ia embora depois da chuva, pois ficava sobre nossos olhos, nos forçando a uma miopia lenta e letal.

Mas agora não estávamos mais em Curitiba. A ilha tinha céu azul em cima, embaixo e por todos os lados. Não havia necessidade alguma de se drogar com outra coisa que não fosse aquele céu, que piscava verde e turmalina azul nos olhos de Aurora.

Fernando Koproski
no romance “CRÔNICA DE UM AMOR MORTO”
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p
O meu livro “Narciso para matar” é um romance em versos, composto de 85 Cenas. Essa é a “Cena 12 – Criando um cenário”, onde o narrador antes de criar o conflito, imagina qual seria o cenário desse romance. Começa assim:

Agora que não tenho mais leitores
É que eu vou começar a escrever
Sem ter mais a quem dirigir amores
Falsos, versos de ocasião ou por quês

Agora não preciso mais escrever nada
Que eu não queira, não sinta, não veja
Pra me livrar dessas pessoas com inveja
As lágrimas agora são águas passadas

Passei água sanitária nas minhas páginas
Para deixar elas do mais puro branco
Assim se um dia eu limpar minhas lágrimas
Eu canto o amor mas daqui do meu canto

Ademais, quem quer ter carteirinha de poeta
Numa cidade onde o cinismo impera?
A falsidade está sempre de portas abertas
Para qualquer idiota que se desespera

Nessa cidade só a mesquinharia prolifera
Se você ainda não percebeu, paciência
Ainda vai ter que ver sua querida primavera
Secar e sucumbir diante da presença

Dessa doença que é o curitibano literato
Que acha que poeta bom é poeta morto
Pra ele poeta até pode vir de outro estado
Mas poeta mesmo só ele, nunca o outro

Conclusão:

A cidade natal do poeta falhou em recebê-lo como seu filho, seu poeta. Agora, portanto ele muda de cidade e passa a cantar não mais para uma mera cidade mas para seu país. Onde se exilou com sua amada, ali numa bela praia de Paraty, um poeta ainda será feliz.

Fernando Koproski
no romance NARCISO PARA MATAR (livro 1 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p


DIREITO DE RESPOSTA
para Luiz Bras

ah, não liga não, Luiz, francamente 
esse poema é muito desobediente. 
era pra ele falar do futuro e o futuro 
ficou no passado! ah, foi o maior furo

que um poeta podia dar, veja só:
pra que deixar a rima sem rédeas
correndo como louca até o sol?
antes fazer com o leitor uma média

e manter o ritmo de trote em trote
assim talvez no avanço do galope
o leitor esqueça das rimas pobres.

na próxima quem sabe eu me oriente
e faça um poema que não me passe à frente.
a poema dado não se olham os dentes!

Fernando Koproski
no livro “A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA” (série de ficção A complicada beleza)
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Esse poema faz parte do livro “A teoria do romance na prática”. Dediquei ele à poeta Barbara Lia. Pena que ele continua atual... pois a arte na província do Paraná continua sendo contada como uma piada, sem graça. Editores são míopes (interessam-se mais por políticas do que por poéticas), jornalistas não leem (quando muito recortam e colam releases) e a academia, bem a academia nunca fez muita diferença mesmo... Ela continua uma estufa ridícula que estufa o peito e só cultiva plantas estéreis. Mas não esquenta, Bárbara, a poesia tem as raízes fortes, negras e claras. Ela trabalha lenta e se move em silêncio, longe das festinhas literárias, dos conchavos políticos e das sacanagens dessa vida. Um belo dia a poesia estoura essas calçadas bonitas...

SÓ UMA DORZINHA
para Bárbara Lia

Ontem estava com dor de cabeça
Anteontem estava com dor de cabeça
Hoje estou com dor de cabeça

Anteontem estava com dor de cabeça
por ter dormido pouco

Ontem estava com dor de cabeça
por não ter dormido nada

Hoje estou com dor de cabeça
por ter dormido demais

Caro leitor, nessa situação,
o que a gente faz?

Já tomei, entre aspas, várias “aspirinas”
E diversos sedilax

Mas a dor continua
E não é uma coisa
só da minha cabeça

Ah, poetas e professores de literatura
antes que me esqueça:

Isso não é um poema
tampouco é o fim do meu lirismo
ou o começo de qualquer outra doença

Esses versos são apenas o que são
como o osso é músculo
e a carne é sangue
e o sangue é pulmão

É, talvez esse poema não seja
o que você pensa...

Só sei que ainda serei pra vocês:
aqueles versos resistentes à qualquer analgésico
e
uma bela dor de cabeça

Fernando Koproski
no livro A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA (livro 3 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A HISTÓRIA DE UM FILHO DA PUTA DURÃO

uma noite ele apareceu na porta molhado magro espancado e
aterrorizado
um gato branco vesgo e sem rabo
pus ele pra dentro e o alimentei e ele ficou
cresceu até pegar confiança em mim até que um amigo entrando na garagem
passou com o carro por cima dele
levei o que sobrou para o veterinário que disse, “sem muita
esperança... dê essas pílulas para ele... sua coluna
está esmagada, mas já foi esmagada antes e de alguma maneira
emendou, se ele viver nunca mais andará, veja
essas radiografias, ele foi baleado, olhe aqui, as balas
ainda estão lá... e mais, ele já teve um rabo um dia, alguém
o cortou fora...”

levei o gato de volta, era um verão bem quente, um dos mais
quentes das últimas décadas, pus ele no piso do
banheiro, dei água e pílulas para ele, ele não comia, ele
não tocava na água, mergulhei meu dedo nela
e molhei sua boca e falei com ele, eu não saí
dali, investi um bom tempo no banheiro e conversava com
ele e tocava nele com cuidado ao que ele me olhava
com aqueles olhos azul-claros vesgos e conforme os dias
passavam ele fez seu primeiro movimento
se arrastou com as patas dianteiras
(as traseiras não funcionavam)
ele conseguiu chegar à caixa de areia
se arrastou pra dentro,
foi como se o clarim de uma possível vitória
soprasse naquele banheiro e pela cidade afora, eu
me identifiquei com aquele gato – eu me dei mal, não tão
mal assim mas mal o bastante...

uma manhã ele se levantou, ficou de pé, caiu pra trás e
apenas olhou pra mim.

“você consegue,” eu disse pra ele.

ele continuou tentando, se levantando e caindo, finalmente
deu alguns passos, ele parecia um bêbado, as
patas traseiras não queriam funcionar mesmo e ele caiu de novo, descansou,
aí se levantou.

o resto você sabe: hoje ele está melhor do que nunca, vesgo,
quase sem dente, mas o encanto está de volta, e aquele olhar
nunca abandonou seus olhos...

e hoje às vezes sou entrevistado, eles querem saber sobre
a vida e a literatura e eu fico bêbado e levanto meu gato vesgo,
baleado, atropelado, de rabo arrancado e falo, “olha, olha
isso!”

mas eles não entendem, eles dizem algo do tipo, “você
disse que foi influenciado por Céline?”

“não,” eu levanto o gato, “pelo que acontece, por
coisas como essa, por isso, por isso!”

eu chacoalho o gato, levanto ele sob
a luz esfumaçada e bêbada, ele está tranquilo ele sabe...

é aí que as entrevistas acabam
embora eu fique com orgulho às vezes quando vejo as fotos
depois e lá estou eu e lá está o gato e nós somos
fotografados juntos.

ele também sabe que isso é besteira mas ajuda de alguma maneira.

Charles Bukowski
traduzido por Fernando Koproski
no livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
MALDITO DEUS ARRANCANDO ESSES POEMAS DE MINHA CABEÇA (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/maldito-deus-arrancando-esses-poemas-de-minha-cabeca-aut-paranaense-lv386681/p
ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p

terça-feira, 4 de outubro de 2016

COMO VAI O CORAÇÃO?

nas minhas piores fases
nos bancos de parque
nas cadeias
ou morando com
putas
sempre tive esse tipo
de satisfação –
não chamaria isso
de felicidade –
era mais um equilíbrio
interior
que botava no eixo
tudo que estivesse acontecendo
e isso ajudou
nas fábricas
e quando deram errado
os relacionamentos
com as
garotas.

isso ajudou
a passar pelas
guerras e
ressacas
as brigas nos becos
os
hospitais.

acordar num quarto vagabundo
numa cidade estranha e
abrir as cortinas –
era o tipo mais louco de
satisfação

e andar pelo quarto
até uma velha cômoda com
o espelho quebrado –
e me olhar, horrível,
rindo disso tudo.

o que vale mais
é o teu talento
pra atravessar o
fogo.

Charles Bukowski
traduzido por Fernando Koproski
no livro MALDITO DEUS ARRANCANDO ESSES POEMAS DE MINHA CABEÇA (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/maldito-deus-arrancando-esses-poemas-de-minha-cabeca-aut-paranaense-lv386681/p
AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (antologia poética de CHARLES BUKOWSKI) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

    Seus seios são lindos
um sabor de porcelana quente
de adoração e cobiça
    Seus olhos chegam a mim
sob as lanças perfeitas
de cílios imperecíveis
    Sua boca se alimenta
de palavras francesas
e das sombras suaves de sua maquiagem
Só com você
    eu não imito a mim mesmo
só com você
    eu não peço mais nada
seus dedos longos longos
decifrando seus cabelos
    sua blusa de renda
emprestada de um fotógrafo
as luzes do banheiro
cintilando em suas novas unhas vermelhas
suas longas pernas a postos
    assim que te olho da cama
enquanto você remove o orvalho
        do espelho
para atuar atrás das linhas inimigas
        de sua obra-prima
Venha para mim se estiver envelhecendo
venha para mim se estiver a fim de um café

poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski

fragmento do livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (antologia poética de LEONARD COHEN) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana-lv220048/p


COMO É DIFÍCIL FAZER UM REFRÃO

se teu coração está com fome
se teu coração está cansado
se teu coração parece que foge
a cada novo machucado

coração, toma cuidado
coração, fica aqui do meu lado
canta pra mim uma canção
alcança pra mim outro coração

se teu coração esfria com razão
se teu coração ferve teu sangue
se teu coração procura outro coração
como uma canção de Neil Young

como é difícil fazer um refrão
quando você não está aqui,
e pra que serve uma canção, se
meu coração não alcança teu coração?

Fernando Koproski
do livro RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p