CORCUNDA
momentos
de agonia e momentos de glória
marcham
sobre o telhado.
o gato
passa
parecendo
saber tudo.
minha
sorte foi melhor, eu acho,
que a
sorte dos gladíolos cortados,
embora não
tenha certeza.
eu fui
amado por muitas mulheres,
e para uma
vida corcunda,
isso é uma
sorte.
tantos
dedos adentrando meus cabelos
tantos
abraços apertados
tantos
sapatos atirados sem cuidado no tapete do meu
quarto.
tantos
corações em busca
agora tão
nítidos em minha memória que
caminharei
para a morte,
lembrando.
fui
tratado melhor do que deveria
ser –
não pela
vida em geral
nem pelo
mecanismo das coisas
mas pelas
mulheres.
mas houve
mulheres
que me
deixaram
plantado
no quarto sozinho
encurvado
–
com as
mãos no saco –
pensando
por quê
por quê por quê por quê por quê por quê?
mulheres
vão para homens que são porcos
mulheres
vão para homens com almas mortas
mulheres
vão para homens que trepam pessimamente
mulheres
vão para sombras de homens
mulheres
vão
vão
porque
precisam ir
pela ordem
das
coisas.
as
mulheres sabem mais
mas muitas
vezes escolhem na
confusão e
desordem.
elas podem
curar com seu toque
elas podem
matar o que tocam e
eu estou
morrendo
mas não
estou morto
ainda.
poema:
Charles Bukowski
tradução:
Fernando Koproski
do livro
essa loucura roubada que não desejo a ninguém a
não ser a mim mesmo amém (7 Letras)
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