domingo, 24 de março de 2013


Azul é a primeira luz do amanhecer. É a cor que começa o dia. E também a cor que o termina. Assim, nesse tempo ou espaço de seu viver as cores nascem e morrem azuis.
Sim, azul é a cor de um poema. A cor, forma, duração, densidade, peso, dimensão, idade, função e sentido de um poema. Tudo isso e mais alguma coisa que os sistemas de medidas não aferem.
Mesmo assim, para muitos que se ocupam de estudar a anatomia de um poema, ele não é considerado. Por não ser facilmente detectado nas chapas de raio x, o azul é invariavelmente desprezado. E um desperdício de azul é indesculpável, é como deixar com sede os sentidos apenas por mesquinhez. Mas que não se condene a crítica, ela quase que não tem culpa. Em seus estudos de taxidermia, ela se habituou a dissecar asas, tentando inutilmente entender os procedimentos do vôo.
    Porque o azul de um poema é como um sistema propulsor de vôo para os pássaros e borboletas.

Fernando Koproski
do livro “Pétalas, pálpebras e pressas”
http://www.livrariascuritiba.com.br/petalas-palpebras-e-pressas-aut-paranaenses,product,LV220050,3394.aspx


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