Azul é a primeira
luz do amanhecer. É a cor que começa o dia. E também a cor que o termina.
Assim, nesse tempo ou espaço de seu viver as cores nascem e morrem azuis.
Sim, azul é a cor
de um poema. A cor, forma, duração, densidade, peso, dimensão, idade, função e
sentido de um poema. Tudo isso e mais alguma coisa que os sistemas de medidas
não aferem.
Mesmo assim, para
muitos que se ocupam de estudar a anatomia de um poema, ele não é considerado.
Por não ser facilmente detectado nas chapas de raio x, o azul é invariavelmente
desprezado. E um desperdício de azul é indesculpável, é como deixar com sede os
sentidos apenas por mesquinhez. Mas que não se condene a crítica, ela quase que
não tem culpa. Em seus estudos de taxidermia, ela se habituou a dissecar asas,
tentando inutilmente entender os procedimentos do vôo.
Porque
o azul de um poema é como um sistema propulsor de vôo para os pássaros e
borboletas.
Fernando Koproski
do livro “Pétalas, pálpebras
e pressas”
http://www.livrariascuritiba.com.br/petalas-palpebras-e-pressas-aut-paranaenses,product,LV220050,3394.aspx
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