quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os Elefantes Elegantes mergulham na poesia acida de Charles Bukowski
by Tony Lopes

Comecei a ler Bukowski 30 anos atrás. Eram dias ainda mais estranhos que hoje. Já sabia um pouco sobre a solidão. Sobre a dor aprendi depois aos poucos. A bebida era o elo que ligava uma coisa a outra, e o velho Chinaski um dos poucos companheiros das horas mais lúcidas.

Foi paixão eterna. O escritor que mais li. Devorei com voracidade todos os seus livros lançados no nosso país tropical. Li tudo que foi editado e traduzido aqui. E logo percebi que havia muito mais ali, porque ele sempre falava em leituras de poesias.Mas tudo que podíamos ler eram seus contos e/ou romances. Esperei muito até poder botar meus olhos (que a essa altura não eram dois) nas tais “poesias”. As primeiras não me impactaram. Esperei para encontrar algo melhor...

E finalmente tive a sorte de me bater com as traduções/versões feitas por Fernando Koproski.

E dai surgiu um novo desejo: torná-las musicas. E o mais difícil, feitas por mim. A sorte enfim me sorriu e me pegou numa fase que acabara de descobrir as facilidades de um aplicativo musical. Ele me propiciou a chance de fazer “músicas” ou MiniSongs como prefiro chamá-las. O resto foi fácil, mesmo porque nunca fui muito exigente. Só deixei as palavras saírem da minha boca com o suporte musical da minha banda virtual: Os Elefantes Elegantes.
Esse é o primeiro cd dos Elefantes Elegantes que ganha suporte físico, em uma edição limitada da Brechó Discos/BigBrossRecords/São Rock Discos. Com capa de Bruno Aziz e produção gráfica de Wilson PdM Santana. Então aproveite.

Talvez você esperasse algo diferente do que aqui está. Mas o velho safado era, e é bem mais amplo e profundo que algum marinheiro de primeira viagem possa supor.

O passo seguinte foi conhecer o Koproski e ter a sua aprovação (mesmo que parcial) e convencer/convidar dois amigos muito importantes para um novo projeto: mostrar ao mundo, ao menos o meu, que Buk era muito mais que simples pornografia e escracho. Havia muito mais ali e os seus escritos agora podiam provar isso.

Gustavo Rios que compactuava das mesmas ideias topou a brincadeira de comentar os livros e fazer uma entrevista com Koproski e o nosso band leader Lima Trindade deu o aval para publicar na sua/nossa revista eletrônica Verbo21. Infelizmente essa parte da historia não teve o final feliz, não por culpa dos envolvidos, mas por circunstâncias adversas e alheias à nossa vontade.

O resto fica por sua conta, caro leitor/ouvinte.

Creia

Tony Lopes
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
os poemas do velho Buk nas palavras da querida poeta Regina Azevedo: 

"Amor é tudo que nós dissemos que não era – Charles Bukowski (Ed. 7 Letras) Como já disse, comecei com um livro de poemas de Bukowski. Depois de ler livros de contos, textos autobiográficos e romances, fui atrás de algo mais e encontrei o maravilhoso tradutor Fernando Koproski, que nos presenteia com essa incrível seleção de poemas do Buk."

sexta-feira, 15 de maio de 2015

ASSIM É QUE SE FAZ UM BLUES

você acha que sou louco
    por passar a vida nas nuvens
só pensando em azuis
    mas sente só a canção que compus

amor, não sou louco
    muito menos um bêbado de luz
acontece que o amor esqueceu
    de me dar o troco

mas ainda faço jus
    todo o amor que me deste
é uma dádiva e não uma dívida
    que eu já repus

assim é que se faz um blues
    veja o que se desenha
no canto dos teus lábios
    e enche teu olho de luz

assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues

assim é que se faz um blues
    essa é a minha cruz
você acha que estou morto
    mas ainda faço jus

mesmo com as rosas
    com a garganta cortada,
toda a tua pureza amordaçada
    eu ainda te vejo, blues

quando não tem luz
    trago a lua no peito
só para o amor deixar de ser besta
    e ver nós dois nus

assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues

assim é que se faz um blues
    veja o que se desenha
no canto dos teus lábios
    e enche teu olho de luz

Fernando Koproski
fragmento do poema “Assim é que se faz um blues”
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
e aqui está o “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A EFEMERIDADE FLORIDA EM: NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA DO AUTOR FERNANDO KOPROSKI

Depois de assistir a algumas tragicômicas performances pretensamente artístico/poéticas, molhadas de desespero e largadas à mediocridade, reli um livro de Fernando Koproski, lançado em 2009. Foi minha tentativa de olhar para o retrovisor da poesia curitibana, para tentar limpar as minhas retinas das retas e patéticas cenas que avisto no para-brisa do atual cenário poético de Curitiba, salvas raras exceções.

O livro de Koproski é uma bela edição envolta por uma capa em Cartão Supremo 250 g/m² e impresso sobre Pólen Bold 90g/m², lançado pela editora 7 LETRAS, composto por cerca de 120 páginas.

Como sempre digo e repito, é muito difícil julgar um livro de poemas, pois cada poema é uma obra completa. Assim, falarei sobre minhas impressões gerais a respeito da obra e analisarei um poema, para suprir as expectativas dos meus fãs que aguardam as minhas análises como forma de ampliar sua competência leitora para a poesia.

Interessante notar que Koproski na página 24 de seu livro faz uma advertência aos leitores: "nos poemas não está o melhor de mim, nos poemas não vive o que me torna adequado, mais possível a essa realidade que é viver." Este poeta maduro está pronto para a crítica, pois sabe que não será ele o alvo das análises, mas a sua estética a sua mentira desfiada em verso, tira a tira.

É isso o que diferencia os grandes poetas dos medíocres poeteiros, que assumem as críticas feitas a sua obra como se fossem ofensas pessoais. Mas isso é compreensível... Poetas medíocres são sinceros demais em seus versos e colocam seus corações, quase sempre partidos, na ponta de suas canetas. Para os medíocres o poema é um divã, onde eles desabafam suas dores que jamais saram: Oh, vós, quando sarais?

Vamos à análise da obra "nunca seremos tão felizes como agora".
De maneira geral, o livro é composto por poemas e prosas poéticas. A temática do livro gira em torno efemeridade e do instante. Tudo o que está ligado à efemeridade e ao instante é alvo de reflexões profundas do "eu lírico", tais como o amor, as flores, Romeu & Julieta, Ofélia, Lady Macbeth, Desdemona, Miranda, Dark Ladies e toda uma lírica shakesperiana que contrasta o efêmero e o eterno.

Para expressar-se e tentar captar o instante profundo de suas reflexões, o "eu lírico" abusa no uso de sinestesias, deverbalizações, nominalizações e metáforas. Isso torna a obra um pouco repetitiva e, por vezes, cansativa. O uso reiterado de estratégias sintáticas e metafóricas semelhantes interfere no ritmo da leitura e passa a sensação de que todo o texto é o mesmo texto, o que é um crime do ponto de vista da estética proposta pela obra. Por isso, este é um livro para ser bebidos em pequenos goles, em breves instantes.
Se o livro for sorvido num só trago, além de ser um desperdício de instantes, ainda poderá afogar o leitor com sinestesias sistemáticas atravessadas na garganta como um nó.

Como o próprio autor adverte, o livro não deve ser lido como um manual de autoajuda sentimental, até porque está longe disto. Faço essa admoestação no intuito de impedir que qualquer leitor, seja ele médico, professor, advogado ou feirante, por exemplo, possa ler a obra como se ela fosse a mais pura expressão da verdade acerca do instante. Isso levaria, por exemplo, um feirante depressivo ao suicídio.

A leitura do livro deve ser feita de maneira leve, sorvendo cada instante. O leitor deve permitir-se demorar em cada sinestesia, devorar cada deverbalização, degustar cada nominalização ou neologismo. metamorfosear-se a cada metáfora, para gozar da instável leveza do instante proposto pelo "eu lírico".

Trata-se de uma obra leve, sem ser leviana e breve, sem ser passageira. Uma boa leitura de uma boa literatura curitibana.

Agora para a felicidade geral da nação, vamos à análise de um dos poemas da obra:

pensei em te trazer flores
mas as flores são inúteis
só sabem florir
a velocidade de minha dor
não sabem sentir
o que eu sinto

pensei em te trazer poemas
mas os poemas são inúteis
só sabem sentir
minhas asas mutiladas
não sabem ferir
o que eu sinto

pensei em te trazer estrelas
mas as estrelas são inúteis
só sabem ferir
meu brilho escuro
não sabem mentir
o que eu sinto

pensei em te trazer mentiras
mas as mentiras são inúteis
só sabem mentir
minha beleza ulcerada
não sabem amar
o que eu sinto

pensei em te trazer um amor
mas os amores são inúteis
só sabem amar
não sabem florir
sentir ferir e mentir
o que eu sinto

(Koproski, p. 76-77)

ou
Disponível em: <http://fernandokoproski.blogspot.com.br/…/blog-post_2207.ht…> Acesso em 11 de maio de 2015.
Acesso público.

Na primeira estrofe o "eu lírico" pensa em presentear seu interlocutor com flores. As flores, símbolos da beleza, também são símbolos da fugacidade. Essa fugacidade não corresponde ao sentimento do "eu lírico" por isso as flores são descartadas. Note que no terceiro verso há uma afimação: "só sabem florir". Sim, as flores só sabem florir e são indiferentes à dor, à solidão ou a qualquer sentimento humano. Isso as torna inúteis. Sua fugacidade é indiferente, porém de floral beleza.

É interessante notar a insistência do "eu lírico" em utilizar o paralelismo sintático em cada estrofe. Esse paralelismo inicia-se pela palavra "pensei" e se encerra com a conjunção adversativa "mas". Sim, pensar é uma condenação, que o diga Sísifo, e as impossibilidades de se concretizar o pensamento por meio de inutilidades são, de fato, más.

Na segunda estrofe o "eu lírico" manifesta seu desejo de presentear com poemas e se depara com a inutilidade deles. Alega que os poemas "só sabem sentir". Repare que , aqui, há uma prosopopeia muito interessante. Não é o leitor que sente o poema, mas o poema que sente o leitor.
Na terceira estrofe, logo após a ideia de presentear com poemas, o "eu lírico" resolve presentear com estrelas. Repare que relação interessante : Tema: o amor - poemas + estrelas = Olavo Bilac - Ouvir estrelas. A luz das estrelas não dialogam com o breu da mentira sentida pelo eu lírico, que mente o que sente, numa metapoesia muito discreta, pois "o poeta é um fingidor" - como diria Fernando Pessoa.

Na quarta estrofe, depois do silêncio das estrelas que disparam luz sobre o que mente/sente o "eu lírico", resta a ele a mentira. E mais uma vez a inutilidade e a fugacidade aparecem. A mentira é inútil, pois ela "não sabe amar", assim como as flores, os poemas e as estrelas.

Na quinta e derradeira estrofe o "eu lírico" esquece as representações românticas do amor ( flores, poemas, estrelas e mentiras) e resolve trazer o coração, assim, na mão, para o interlocutor. Pensa em trazer, então, não mais as representações de um mal do século, mas o próprio mal do século: o amor. Porém o "eu lírico" se dá conta de que o próprio amor é inútil, pois até mesmo ele é pouco para expressar seu sentimento que ama, flore, sente, fere e mente, tudo ao mesmo tempo e não a esmo.

Repare que, como o primeiro movimento da primeira sinfonia de Mahler, o "eu lírico" luta contra o instante que se transforma a cada instante, sem chegar a ser concreto. Essa é a beleza desse poema: buscar no fugaz uma tentativa de eternidade.

Apenas uma curiosidade: logo após o sumário, o autor faz uma dedicatória. Essa dedicatória é assim: "para você, Ingrid". Como crítico não me interessa quem seja essa Ingrid, mas quero chamar a atenção dos meus fãs para que o nome Ingrid significa "a bela deusa". Uma obra dedicada a uma bela deusa.

Mas que deusa é esta? A deusa das flores, dos poemas, das estrelas, das mentiras, do amor, das mentiras do amor. A deusa de tudo o que é instante, instável e fugaz. A deusa das pequenas sensações da vida, como afundar a mão em um saco de grãos, lamber a tampa de um iogurte aberto, quebrar a camada que reveste um pudim, jogar pedras em um lago para ver as reverberações ou simplesmente observar inutilmente a vida alheia para, num ato desesperado, tentar conter a ampulheta e sua areia.

Bem, meus caros leitores, espero tê-los saciado com um pouco de beleza.

A seguir, posto,em boa hora, momentos de pequenas sensações, pois nunca seremos tão felizes como agora!
Cordialmente,
Professor Robson Lima
http://www.livrariascuritiba.com.br/nunca-seremos-tao-fel…/p

https://www.youtube.com/watch?v=T-kY7JEGrNI
Amelie cultive un gout particulier pour les tout petits plaisirs...Plonger la main au plus profond d'un sac de grains, briser la croute des cremes brulees av...
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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Meus caros, é com prazer que anuncio as novas fornadas do velho Buk! Nada como o cheirinho de pão quentinho... Saindo do forno agora as novas tiragens do ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM e AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA. Bom apetite!

http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p

http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Tony Lopes, mais conhecido como reverendo T, é compositor lendário do rock baiano. Além da banda "Reverendo T e os discípulos descrentes", o músico possui o projeto ELEFANTES ELEGANTES, que musicou diversos poemas do BUKOWSKI traduzidos por mim nos livros ESSA LOUCURA ROUBADA... e AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA. E é um prazer ver esses poemas do velho Buk saltando do espaço das páginas, e agora dissuadindo as ondas sonoras e pensando com bom gosto e inteligência músicas e canções... Confere lá!www.elefanteselegantes.blogspot.com.br

http://rockloco.blogspot.com.br/2015/04/os-elefantes-elegantes-de-tony-lopes.html

terça-feira, abril 28, 2015

OS ELEFANTES ELEGANTES DE TONY LOPES LANÇA ÁLBUM COM POEMAS MUSICADOS DE CHARLES BUKOWSKI

Tony Lopes AKA Reverendo T e Elefante Elegante. Foto Rogério Big Bross
Veterano do underground local, Tony Lopes atua no cenário desde os anos 1980.

Em 1991, lançou com sua banda Tony & Os Sobreviventes um LP de vinil hoje raro, De Quem é a Culpa? – título que, aliás, virou piada interna no rock local quando algo dá errado...

De lá para cá, teve lojas de discos / centros culturais independentes importantes como Na Mosca (anos 1990) e São Rock (anos 2000), integrou outras bandas e hoje tem dois projetos autorais: Reverendo T & Os Discípulos Descrentes e Os Elefantes Elegantes.

Enquanto no primeiro ele atua com uma banda (o pessoal da Pastel de Miolos), o Elefantes é só ele e um iPad equipado com o programa Garage Band.

“Uso o aplicativo pra musicar meus poemas e, com o tempo, cheguei a algo próximo do que chamamos de ‘música’. É uma colagem: vou colando acordes e instrumentos e, eventualmente chegamos numa canção”, conta.

Fã do escritor e poeta underground Charles Bukowski (1920-1994), Tony teve a ideia de musicar os poemas do Velho Safado ao ler as traduções do curitibano Fernando Koproski: “Pra mim, são as primeiras traduções de poemas dele que achei muito boas, representando de forma exata o que ele quis dizer. Ele é poeta e já traduziu os poemas de Leonard Cohen. Não conheço nenhuma tradução melhor de Bukowski no Brasil”, opina.

Performance de elefante

O passo do elefantinho. Foto Rogério Big Bross
Koproski traduziu dois livros do Velho Buk: Essa Loucura Roubada Que Não Desejo A Ninguém A Não ser a Mim Mesmo Amém (2ª edição em 2012) e Amor é Tudo Que Nós Dissemos Que Não Era (2012), ambos pela editora 7 Letras.

Tony entrou em contato com o tradutor, pedindo autorização para musicar os poemas: “Foi tranquilo, ele aprovou a ideia. São 12 faixas curtas, com um minuto e meio a dois minutos. O arremate foi o envelope absurdamente genial desenhado pelo cartunista Bruno Aziz. Sem essa capa linda o projeto não teria o valor que tem”, elogia.

Lançado em versão física pela joint venture de selos independentes Big Bross, Brechó e São Rock, o álbum Os Elefantes Elegantes Mergulham na Poesia Ácida de Charles Bukowski teve uma performance para marcar o lançamento terça-feira passada no evento Quanto Vale o Show?, no Dubliner’s.

“Me vesti de elefante (foto ao lado), fiz um discurso e puf!,  lancei o disco. Vendi vários exemplares, tirei foto com todo mundo e tal. Faço performances em aniversário, batizado, casamento, bodas de ouro e formatura”, diverte-se.

“Minha filha ficou meio assustada com a fantasia, mas a vida real é bem mais difícil”, afirma Tony.

Inquieto, o poeta / cantor / performer / elefante cor-de-rosa tem mais de 150 outras faixas autorais criadas sozinho de madrugada e planeja gravar material novo do Reverendo T ainda este ano.

"O Reverendo eu tô pensando em gravar coisa nova, dar continuidade ao single Azul Profundo (lançado em 2014). O caminho é aquele, a ideia é acrescentar algo aquilo ali", conta.

“Outra ideia é pegar discos antigos do rock baiano, como o do Treblinka, Tony & Os Sobreviventes e outros e botar bandas novas para fazer releituras. Tira-los do limbo, mostrar que temos história”, conclui Tony.

www.elefanteselegantes.blogspot.com.br

terça-feira, 28 de abril de 2015

UM MOMENTO DE PERFEIÇÃO

13 ou 14 noites:
o tempo que leva pro olho da lua abrir
ou o tempo que leva pro olho da lua fechar
ou o tempo que leva pro olho da lua abrir completamente

1 noite de perfeição:
o olho da lua completamente aberto
me olhando lá do alto

26 ou 27 segundos de perfeição:
Randy Rhoads na guitarra no primeiro solo de goodbye to romance
dois gatos dormindo no sol um sobre o outro
ela e o seu jeito de segurar a toalha no corpo quando na frente do espelho
os peixes coloridos de seus sonhos mais ingênuos
os cavalos correndo tudo que podiam e mais um pouco e mais e mais ainda quando eu era criança

8 ou 9 segundos de perfeição:
casas e lagos e telhados e carros e pessoas e guitarras e ruas e árvores e gatos e calçadas e cavalos e luas e mãos e toalhas e tudo o mais ficando azul antes do sol nascer
o sangue incendiando de dourado e o fogo sangrando ouro no abdômen aberto das nuvens antes do sol morrer

5 ou 6 segundos de perfeição:
a primavera de pernas abertas ao meu redor
o ouro e fogo dos teus olhos sobre os meus
a hora em que a leitura desse poema te faz lembrar de outra coisa
ou de uma pessoa

um momento de perfeição:
quando o que você está lendo agora simplesmente passa
dessa linha

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p
e aqui está o livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p
outros livros do autor estão aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/fernando%20koproski

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O escritor Jonatan Silva entrevistou Sylvie Simmons que escreveu a biografia de Leonard Cohen "I’m your man: the life of Leonard Cohen":

I’m you man: the life of Leonard Cohen [ainda sem título no Brasil] será publicado por aqui ainda neste ano. Apesar da música dele ser conhecida no Brasil, o trabalho literário ainda é obscurecido - somente o poeta curitibano Fernando Koproski traduziu os poemas de Cohen e, dos dois romances, apenas “A Brincadeira favorita” foi publicada. Você acha que seu livro pode iluminar a poesia e a ficção de Leonard Cohen no Brasil?

Seria maravilhoso se isso acontecesse. Desde que meu livro saiu nos Estados Unidos em 2012, eu tenho recebido muitos e-mails e cartas de fãs do trabalho musical de Cohen que, após terem lido a biografia, compraram os romances e os livros de poesia e estão lendo pela primeira vez. Espero que isso também aconteça com a edição brasileira. Para o próprio Cohen, sua poesia e sua música são inseparáveis, tudo é parte do seu trabalho de vida. Um dos momentos mais significativos de sua juventude é quando, aos 15 anos, ele encontrou a poesia do espanhol Federico García Lorca. Cohen disse que quando leu aqueles versos ouviu música em sua cabeça. Pouco depois disso ele comprou o seu primeiro violão. Existia música, disse ele, por trás de tudo o que escreveu: a poesia, as duas novelas, muito antes de sonhar em assinar com uma gravadora.
PS. O livro "ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR" do Leonard Cohen está esgotado... Só sei de um ponto de venda que (por enquanto) possui exemplares à venda. Está aqui:

http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana-lv220048/p
http://www.parana-online.com.br/colunistas/contracapa/108845/BIOGRAFIA+DE+LEONARD+COHEN+DEVE+SAIR+NO+BRASIL+AINDA+NESTE+ANO
Biografia de Leonard Cohen deve sair no Brasil ainda neste ano
Publicado em em 22/04/2015 às 10:19:34 - Atualizado em 22/04/2015 às 13:39:30
Perfil de Jonatan Silva


Jonatan Silva é formado em Jornalismo e apaixonado por literatura e cinema. Escreve sobre o hábito neurótico e pouco ortodoxo de ler.

Quando o cantor e poeta canadense Leonard Cohen completou 80 anos, em 2014, ele revelou que voltaria a fumar. “O que tinha para ser vivido já havia sido vivido”, brincou enquanto segurava um cigarro entre os lábios. Octogenário, Cohen continua na ativa e lançou no ano passado o disco Popular problems. No Brasil, sua carreira musical possui o reconhecimento que um artista do seu peso merece, no entanto, seu trabalho literário ainda está distante do que lhe é de direito. Talvez o cenário mude com a publicação da biografia mais completa,I’m your man: the life of Leonard Cohen, escrito pela jornalista musical Sylvie Simmons, que tem no currículo livros sobre Neil Young e Serge Gainsbourg. Ainda em processo de tradução, a biografia sairá pela editora Best Seller e não tem título definido.

Para Simmons, é impossível dissociar a poesia da música de Cohen. Ainda assim, no Brasil temos disponível somente a coletânea de poemas Atrás das linhas inimigas de meu amor, com organização e tradução do curitibano Fernando Koproski, e o primeiro romance escrito pelo canadense: A Brincadeira favorita. Beautiful losers, a novela lisérgica e apocalíptica de Cohen, permanece inédita por aqui, mas já teve os direitos adquiridos pela Cosac Naify.
A Contracapa conversou com Sylvie sobre a escrita de I’m your man: the life of Leonard Cohen, sua relação com o cantor e também o atual cenário da música pop.

O seu livro é a biografia mais completa de Leonard Cohen disponível. Quando você começou a escrever tinha como objetivo esse senso de completude ou a escrita é que se tornou cada vez mais intensa com detalhes da vida pessoal e artística de Cohen?
De início, na primeira vez em que falei com Cohen, meu objetivo era escrever a biografia mais completa possível. Existiam duas razões para isso e ambas estão relacionados com o porquê de alguém passar anos imerso na vida de outra pessoa. A primeira razão, é claro, é a fascinação pelo assunto. Como jornalista musical eu havia me encontrado e entrevistado Cohen por vários anos, mas ainda sobraram muitas coisas que eu queria saber e também o mistério do homem e seu trabalho que eu tanto desejava compreender. Então, eu li todos os livros sobre ele mas ainda sentia que não o conhecia. Alguns livros o apresentavam como poeta e figura literária que caiu na música popular e outros o colocavam como músico que caiu na literatura.
Escrever uma biografia de alguém como Cohen é um processo longo e complexo de pesquisa e escrita. Qual a maior dificuldade que você encontrou?
Uma das coisas mais difíceis é manter o senso de distância do biografado. Quando você está examinando a vida de alguém o dia todo, todos os dias, com tamanha profundidade - conversando desde ex-namoradas dessa pessoa à mãe de seus filhos, seus amigos de infância, seus amigos monges e rabinos, os produtores musicais, os editores de seus livros - é como se você vivesse a vida dessa pessoa em alta velocidade dentro da sua própria cabeça. E isso não para, nem mesmo quando você dorme. Mas em algum momento, na luz do dia ou no brilho da tela do seu computador, você precisa avançar pelas pilhas e mais pilhas de “evidências” que acumulou em sua pesquisa, seu trabalho de investigação e suas entrevistas (e tudo isso você precisa checar os fatos antes de usá-los) e juntar as peças como o quebra-cabeça 3D de um DNA. Sim, isso é realmente muito maluco. Mas a parte mais complicada ou menos prazerosa não tem nada a ver com pesquisar e escrever e sim toda aquela coisa prática e sem fim: conseguir permissão para citar músicas, livros, matéria, etc, enquanto tenta negociar um preço justo (as pessoas não percebem que é preciso pagar muito dinheiro para citar poucos versos de uma canção) ou negociar com um editor que tem a sua própria ideia de como o livro deveria ser.
Por trás do cantor, compositor e poeta, existe um homem comum e você explorou isso muito bem. Mas Cohen também é descrito como um conquistador. Enquanto você conversava com ele, qual destas “personas” está mais presente?
Ele é definitivamente um conquistado - e ele ama as mulheres. Mas ele não ama as mulheres apenas “horizontalmente” - ele as ama na “vertical” e em todos os ângulos. As mulheres são a razão de suas primeiras poesias e ainda são suas musas. Mas elas são também suas amigas de trabalho e colaboradoras. Cohen fez discos em parceria com Sharon Robinson e Anjani Thomas. Ele teve uma engenheira de som por anos. Sua primeira empresária também foi uma mulher. A primeira pessoa a gravar suas músicas - e levá-las para o palco - antes mesmo que tivesse contrato com uma gravadora foi uma mulher, Judy Collins. Canções como “I’m your man” (Eu sou seu homem), que dá nome ao meu livro, brinca com a ideia do “conquistador” como personagem (Cohen menciona usar uma máscara na letra dessa música) mas isso não faz justiça ao Cohen fora do palco, que é um galanteador, sim, porém, ele é também uma figura erudita, articulada, graciosa, cavalheiresca, compreensiva e profunda. E que se veste com um terno! Em aproximadamente 40 anos de jornalismo, conversei incontáveis vezes com celebridades e, na primeira nosso primeiro encontro, ele ou ela não eram nada do que eu esperava que fossem. Por exemplo, Iggy Pop - na primeira vez que o encontrei, não muito depois de vê-lo saltar do palco, quebrar um dente, e ter sangue escorrendo pelo queixo - estava em uma cadeira, usando óculos de leitura e lendo um livro sério. No entanto, Leonard Cohen é completamente e totalmente “Leonard Cohen” dentro e fora do palco.


O jornalista e biógrafo brasileiro Ruy Castro disse uma vez que era mais fácil escrever sobre alguém que já morreu, pois você não precisa satisfazer o ego do seu personagem. Você teve a experiência de biografar um artista morto (Serge Gainsbourg) e um vivo (Cohen). Portanto, pergunto: Ruy Castro estava certo?
Isso é verdade na maioria dos casos, mas com Cohen eu estava na posição perfeita de ter sua ajuda sem nenhuma interferência. Ele não me pediu para ler o livro em nenhum momento, não impediu ninguém de conversar comigo, foi generoso dando seu tempo, entrevistas, fotos e arquivos pessoais. A única coisa que me disse sobre o livro foi: “não deixe que eles [os editores] encubram meus erros”. Bem oposto a ter seu ego inflado. Esse tipo de confiança e aceitação é rara - e sem preço.

I’m you man: the life of Leonard Cohen [ainda sem título no Brasil] será publicado por aqui ainda neste ano. Apesar da música dele ser conhecida no Brasil, o trabalho literário ainda é obscurecido - somente o poeta curitibano Fernando Koproski traduziu os poemas de Cohen e, dos dois romances, apenas “A Brincadeira favorita” foi publicada. Você acha que seu livro pode iluminar a poesia e a ficção de Leonard Cohen no Brasil?
Seria maravilhoso se isso acontecesse. Desde que meu livro saiu nos Estados Unidos em 2012, eu tenho recebido muitos e-mails e cartas de fãs do trabalho musical de Cohen que, após terem lido a biografia, compraram os romances e os livros de poesia e estão lendo pela primeira vez. Espero que isso também aconteça com a edição brasileira. Para o próprio Cohen, sua poesia e sua música são inseparáveis, tudo é parte do seu trabalho de vida. Um dos momentos mais significativos de sua juventude é quando, aos 15 anos, ele encontrou a poesia do espanhol Federico García Lorca. Cohen disse que quando leu aqueles versos ouviu música em sua cabeça. Pouco depois disso ele comprou o seu primeiro violão. Existia música, disse ele, por trás de tudo o que escreveu: a poesia, as duas novelas, muito antes de sonhar em assinar com uma gravadora.
Pela sua experiência como jornalista e historiadora musical - que começou na metade da década de 70 - você acha que a música está melhor ou pior?
Eu vi o showbusiness mudar muitas vezes, mas nunca tão drasticamente como agora. É como se fosse um “velho oeste”. Talvez, em algum momento, a troca de tiros acabe, os bandidos vão deixar a cidade, a poeira vai assentar, as pessoas que amam a música, quem escreve música ou sobre ela vão ter uma ideia melhor do que está acontecendo. A pior coisa do estágio atual da música “como negócio” é que muitos “usuários” dela tem uma visão muito diferente da música em si do que nós, que crescemos nos “anos de ouro”, que foi a década de 1960 - mas existiram momentos grandiosos depois desses anos também. As pessoas agora não compram CD ou LP. Elas fazem download de uma canção para ouvir no celular (!) e consideram a música como um produto que tem que ser obtido de graça. Por isso, os selos que restaram vão assinar somente com grupos “seguros” [de lucratividade] e nada de novo. Não existe mais a criação de um novo talento. Ainda existe boa música lá fora, no underground e muito além do mainstream. Uma coisa boa desses selos pequenos e independentes e discos lançados pelas próprias bandas é que o campo está muito aberto. Ei, até eu mesma lancei um álbum. Eu assinei com um selo independente ano passado chamado Light in the attic e lancei o meu disco de estreia com canções que gravei com um música norte-americano chamado Howe Gelb-Giant Sand. Para quem quiser conhecer ele está disponível na internet de graça ou para aqueles que amam a música também pode ser comprado em CD (e estou bem feliz por isso) e em LP.


terça-feira, 21 de abril de 2015

MAGOO

Nunca me diverti tanto fazendo a capa de um livro. O livro se chamava NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA e o designer que convidei pra fazer a capa era o Magoo. Já conhecia o Magoo de algumas cervejas que não tomamos juntos enquanto dividíamos os mesmos cenários noturnos. Eu bebia em algum canto do balcão (do Linus, QG, Birinights etc...) e ele noutro, ou numa mesa qualquer onde tínhamos amigos em comum. E assim, ia conhecendo pouco a pouco aquele cara, de conversa em conversa de bar que compartilhávamos, ou da arte de capa de CD em CD de bandas de Curitiba que ele assinava com talento e destreza admiráveis. Aos poucos fui ficando fã do sujeito, tanto que convidei ele pra fazer a capa do meu CD “POESIA EM DESUSO” (2005), que foi o registro ao vivo de um recital de poesia que fiz com o grande Alexandre França e a minha esposa Ingrid, onde líamos os poemas do Bukowski numa noite memorável no Wonka Bar. Depois disso, ficamos mais próximos e passamos a tomar as cervejas juntos no balcão. Fui lendo os poemas dele, vendo os desenhos loucos e incríveis que ele fazia. O tempo foi passando, umas cervejas foram se esvaziando, e outras foram se abrindo na nossa frente. Até que surgiu a oportunidade de fazer um livro de poemas pela 7Letras, o meu primeiro livro feito por uma editora de renome nacional. Precisava portanto de um grande artista pra fazer a capa. Daí não pensei duas vezes, recrutei o Magoo. O que se seguiu foi um período de 2 meses de cervejas, altos papos e algumas loucuras já fugindo ao controle na casa onde ele morava (um quartinho na casa do Norberto Pie, músico e fundador de inúmeras bandas em Curitiba). Depois dessa época extremamente criativa, divertida, louca e feliz (e porque não?), surgiu a capa de NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA, a melhor capa de livro que já tive. Quando lancei o livro em 2009, cheguei todo machucado pra fazer o recital de lançamento. Tinha combinado de fazer o recital de abertura com o Rogério Sabatella, um grande guitarrista e meu amigo. Mas algumas horas antes, quando estava na frente de minha casa em SJP, no dia do meu lançamento, me envolvi numa discussão de trânsito com um infeliz que me espancou com um cacetete, acertou minha cabeça me fazendo perder os sentidos, e ainda não contente, muito covardemente agrediu minha mulher. O resultado disso foi a gente passar a tarde entre pronto-socorro, laudo de IML e delegacia de polícia. Quando finalmente cheguei na Livrarias Curitiba para fazer o lançamento do livro, estava com as costas e braços detonados, ainda sangrando, mas mesmo assim fiz o recital e ironicamente li o poema “um poeta deve morrer”, que faz parte desse livro... O recital acabou, encontrei o Magoo e contei pra ele a história... Na hora, ele me falou "Koproski, vamos pegar esse FDP agora! Vc sabe onde ele mora? Vamos lá agora resolver isso..." Foi bom ouvir isso, era o que um amigo de verdade diria... E ele disse. Esse era o Magoo. Acabou o lançamento e acabamos não indo atrás do agressor, porque convenci ele a esquecer isso e tomar uma cerveja comigo. Era o que eu mais precisava naquele momento: um amigo e uma cerveja. E isso eu tive... Obrigado, parceiro. Pelas ótimas conversas, pela incrível capa do livro, pela arte do CD, e sobretudo pela amizade honesta e a sincera cumplicidade. Um dia a gente se encontra pra mais uma cerveja... Pode deixar que eu levo pra vc. Não vou esquecer. Abraço do amigo Fernando
 http://www.livrariascuritiba.com.br/nunca-seremos-tao-felizes-como-agora-7-letras,product,LV244140,3393.aspx

sábado, 11 de abril de 2015

A alegria do dia: mais um livro esgotado! Agora, é a antologia poética do Leonard Cohen, ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR. Pra quem correr, os últimos exemplares estão à venda aqui:

http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana-lv220048/p

Meus sinceros agradecimentos a todos que apreciaram este trabalho de tradução focalizando 8 livros do poeta, músico e compositor canadense, que volta e meia é cotado para ganhar o Nobel de literatura... Se um dia a academia sueca acordar pra vida, vai valorizar essa obra plena de poesia, beleza e verdade...

CANÇÃO

A menina nua em prantos
está pensando em meu nome
volvendo e revolvendo
meu nome em bronze
com os mil dedos
de seu corpo
untando seus ombros
com a fragrância lembrada
de minha pele

Oh sou o general
de sua história
conduzindo cavalos majestosos
pelos campos
vestindo trajes de ouro
com o vento em meu torso
o sol na barriga

Possam os pássaros suaves
suaves como uma estória para seus olhos
proteger seu rosto
de meus inimigos
e os pássaros impuros
cujas asas afiadas
foram forjadas em mares metálicos
guardem seu quarto
de meus assassinos

E que a noite a trate com cuidado
as estrelas altas sustentem a palidez
de sua pele descoberta

E possa meu nome em bronze
sempre alcançar seus mil dedos
iluminar-se com suas lágrimas
até que eu esteja fixado como uma galáxia
e memorizado
em seus céus delicados e secretos.

Poema: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
este poema faz parte da antologia poética “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR” (7Letras)

http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx



terça-feira, 7 de abril de 2015

vai com deus, meu tio querido
guarda minha infância nos teus braços
leva ela e todo aquele tempo limpo
onde eu vivia seguindo teus passos

se quiser, leva também aquele menino
tímido com tanta magia por perto
que ouvia tuas histórias de peito aberto
e então aprendia a ser homem contigo

o tempo é outro agora, eu sei meu tio
não há pegadas tuas mostrando o caminho
e eu às vezes tropeço até nas águas do deserto
mas ainda estou aprendendo com você, Roberto

para Roberto Antoneli
de seu sobrinho Fernando

7/abril/2015