terça-feira, 21 de abril de 2015

MAGOO

Nunca me diverti tanto fazendo a capa de um livro. O livro se chamava NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA e o designer que convidei pra fazer a capa era o Magoo. Já conhecia o Magoo de algumas cervejas que não tomamos juntos enquanto dividíamos os mesmos cenários noturnos. Eu bebia em algum canto do balcão (do Linus, QG, Birinights etc...) e ele noutro, ou numa mesa qualquer onde tínhamos amigos em comum. E assim, ia conhecendo pouco a pouco aquele cara, de conversa em conversa de bar que compartilhávamos, ou da arte de capa de CD em CD de bandas de Curitiba que ele assinava com talento e destreza admiráveis. Aos poucos fui ficando fã do sujeito, tanto que convidei ele pra fazer a capa do meu CD “POESIA EM DESUSO” (2005), que foi o registro ao vivo de um recital de poesia que fiz com o grande Alexandre França e a minha esposa Ingrid, onde líamos os poemas do Bukowski numa noite memorável no Wonka Bar. Depois disso, ficamos mais próximos e passamos a tomar as cervejas juntos no balcão. Fui lendo os poemas dele, vendo os desenhos loucos e incríveis que ele fazia. O tempo foi passando, umas cervejas foram se esvaziando, e outras foram se abrindo na nossa frente. Até que surgiu a oportunidade de fazer um livro de poemas pela 7Letras, o meu primeiro livro feito por uma editora de renome nacional. Precisava portanto de um grande artista pra fazer a capa. Daí não pensei duas vezes, recrutei o Magoo. O que se seguiu foi um período de 2 meses de cervejas, altos papos e algumas loucuras já fugindo ao controle na casa onde ele morava (um quartinho na casa do Norberto Pie, músico e fundador de inúmeras bandas em Curitiba). Depois dessa época extremamente criativa, divertida, louca e feliz (e porque não?), surgiu a capa de NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA, a melhor capa de livro que já tive. Quando lancei o livro em 2009, cheguei todo machucado pra fazer o recital de lançamento. Tinha combinado de fazer o recital de abertura com o Rogério Sabatella, um grande guitarrista e meu amigo. Mas algumas horas antes, quando estava na frente de minha casa em SJP, no dia do meu lançamento, me envolvi numa discussão de trânsito com um infeliz que me espancou com um cacetete, acertou minha cabeça me fazendo perder os sentidos, e ainda não contente, muito covardemente agrediu minha mulher. O resultado disso foi a gente passar a tarde entre pronto-socorro, laudo de IML e delegacia de polícia. Quando finalmente cheguei na Livrarias Curitiba para fazer o lançamento do livro, estava com as costas e braços detonados, ainda sangrando, mas mesmo assim fiz o recital e ironicamente li o poema “um poeta deve morrer”, que faz parte desse livro... O recital acabou, encontrei o Magoo e contei pra ele a história... Na hora, ele me falou "Koproski, vamos pegar esse FDP agora! Vc sabe onde ele mora? Vamos lá agora resolver isso..." Foi bom ouvir isso, era o que um amigo de verdade diria... E ele disse. Esse era o Magoo. Acabou o lançamento e acabamos não indo atrás do agressor, porque convenci ele a esquecer isso e tomar uma cerveja comigo. Era o que eu mais precisava naquele momento: um amigo e uma cerveja. E isso eu tive... Obrigado, parceiro. Pelas ótimas conversas, pela incrível capa do livro, pela arte do CD, e sobretudo pela amizade honesta e a sincera cumplicidade. Um dia a gente se encontra pra mais uma cerveja... Pode deixar que eu levo pra vc. Não vou esquecer. Abraço do amigo Fernando
 http://www.livrariascuritiba.com.br/nunca-seremos-tao-felizes-como-agora-7-letras,product,LV244140,3393.aspx

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