MAGOO
Nunca me
diverti tanto fazendo a capa de um livro. O livro se chamava NUNCA SEREMOS TÃO
FELIZES COMO AGORA e o designer que convidei pra fazer a capa era o Magoo. Já
conhecia o Magoo de algumas cervejas que não tomamos juntos enquanto dividíamos
os mesmos cenários noturnos. Eu bebia em algum canto do balcão (do Linus, QG,
Birinights etc...) e ele noutro, ou numa mesa qualquer onde tínhamos amigos em
comum. E assim, ia conhecendo pouco a pouco aquele cara, de conversa em
conversa de bar que compartilhávamos, ou da arte de capa de CD em CD de bandas
de Curitiba que ele assinava com talento e destreza admiráveis. Aos poucos fui
ficando fã do sujeito, tanto que convidei ele pra fazer a capa do meu CD
“POESIA EM DESUSO” (2005), que foi o registro ao vivo de um recital de poesia
que fiz com o grande Alexandre França e a minha esposa Ingrid, onde líamos os
poemas do Bukowski numa noite memorável no Wonka Bar. Depois disso, ficamos
mais próximos e passamos a tomar as cervejas juntos no balcão. Fui lendo os
poemas dele, vendo os desenhos loucos e incríveis que ele fazia. O tempo foi
passando, umas cervejas foram se esvaziando, e outras foram se abrindo na nossa
frente. Até que surgiu a oportunidade de fazer um livro de poemas pela 7Letras,
o meu primeiro livro feito por uma editora de renome nacional. Precisava
portanto de um grande artista pra fazer a capa. Daí não pensei duas vezes,
recrutei o Magoo. O que se seguiu foi um período de 2 meses de cervejas, altos
papos e algumas loucuras já fugindo ao controle na casa onde ele morava (um
quartinho na casa do Norberto Pie, músico e fundador de inúmeras bandas em
Curitiba). Depois dessa época extremamente criativa, divertida, louca e feliz
(e porque não?), surgiu a capa de NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA, a
melhor capa de livro que já tive. Quando lancei o livro em 2009, cheguei todo
machucado pra fazer o recital de lançamento. Tinha combinado de fazer o recital
de abertura com o Rogério Sabatella, um grande guitarrista e meu amigo. Mas
algumas horas antes, quando estava na frente de minha casa em SJP, no dia do
meu lançamento, me envolvi numa discussão de trânsito com um infeliz que me
espancou com um cacetete, acertou minha cabeça me fazendo perder os sentidos, e
ainda não contente, muito covardemente agrediu minha mulher. O resultado disso
foi a gente passar a tarde entre pronto-socorro, laudo de IML e delegacia de
polícia. Quando finalmente cheguei na Livrarias Curitiba para fazer o
lançamento do livro, estava com as costas e braços detonados, ainda sangrando,
mas mesmo assim fiz o recital e ironicamente li o poema “um poeta deve morrer”,
que faz parte desse livro... O recital acabou, encontrei o Magoo e contei pra
ele a história... Na hora, ele me falou "Koproski, vamos pegar esse FDP agora!
Vc sabe onde ele mora? Vamos lá agora resolver isso..." Foi bom ouvir isso,
era o que um amigo de verdade diria... E ele disse. Esse era o Magoo. Acabou o
lançamento e acabamos não indo atrás do agressor, porque convenci ele a
esquecer isso e tomar uma cerveja comigo. Era o que eu mais precisava naquele
momento: um amigo e uma cerveja. E isso eu tive... Obrigado, parceiro. Pelas
ótimas conversas, pela incrível capa do livro, pela arte do CD, e sobretudo
pela amizade honesta e a sincera cumplicidade. Um dia a gente se encontra pra mais
uma cerveja... Pode deixar que eu levo pra vc. Não vou esquecer. Abraço do amigo
Fernando
http://www.livrariascuritiba.com.br/nunca-seremos-tao-felizes-como-agora-7-letras,product,LV244140,3393.aspx
Nenhum comentário:
Postar um comentário