quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A FIM DE VOLTAR

Não me perdi
não mais do que as folhas se perdem
ou do que os vasos enterrados
Ainda não é minha hora
Para você só tenho segundas intenções

Sei que me considera um traidor
por eu ter dado meu sangue
a amores inúteis
e você está certa
Sangue como esse
nunca alcançou nem sombra de estrela

fragmento do poema de Leonard Cohen
traduzido por Fernando Koproski
publicado no livro “ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR”
(7letras)

pra quem quiser conhecer, o livro está aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana,product,LV220048,3406.aspx

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014


Poema de aniversário

Não escrevo para os inimigos
Escrevo só para quem está comigo
Nessa de atravessar as luas brancas
Das páginas cheias de costas nuas

Sua vida é minha, minha página é sua
E não há amor acima de tuas ancas
Nenhum amor que se possa comparar
Aos teus olhos nos meus no mesmo olhar

Hoje faço quarenta e um bem assim
Esmurrando rosas em pontas de facas,
Nos versos afiando a mais bela lágrima
E podando excessos do mar sem fim

Assim falo com você na mesma página
Sim, com você, leitor, o meu melhor amigo
É com você que eu brindo e derramo o vinho
Quem viver, verá nesse verso nós dois sorrindo

Fernando Koproski,
22 de janeiro de 2014

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A antropofágica poesia paranaense contemporânea
 “...há os norte-americanos mais recentes (Bukowski e Leonard Cohen) vertidos ao português por Fernando Koproski. Diante dessa profusão de tradutores, pode-se imaginar o impacto que essa prática poderá ter na nova poesia paranaense. (...) Com marcante lirismo amoroso e irônico, Fernando Koproski, em livros de poemas e letras de músicas, demonstrou domínio e sutileza de escrita cujo desdobramento causa curiosidade após a passagem por Bukowski e Cohen.

Organizador da Antologia de Poetas Paranaenses que a Biblioteca Pública do Paraná lança no primeiro semestre deste ano, o poeta e crítico Ademir Demarchi traça um panorama da poética contemporânea feita no Estado

O ensaio inteiro do Ademir Demarchi está publicado no jornal Cândido #30 (da Biblioteca Pública do Paraná) desse mês aqui:



Fernando Koproski
Os melhores poetas
o poema inédito "Os melhores poetas..." também está nesta mesma edição do jornal, aqui nesse link:
http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=545

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Aleluia

Ouvi dizer que há um acorde secreto
Que Davi tocava pra ter Deus por perto,
Mas sem dúvida você não liga pra música.
Começa assim: a quarta, a quinta
Uma nota desce, outra sobe, sinta
Como o rei se complica compondo Aleluia!

Sua fé tinha força mas queria provas.
Quando viu ela no banho em águas novas
Você ficou alucinado com ela à luz da lua
Ela te deixou amarrado até os pelos
Rompeu seu reinado, cortou seus cabelos,
E arrancou dos teus lábios um Aleluia!

Você diz que falei o Nome em vão;
Qual seria o nome, eu não sei não.
Mas se eu soubesse, sério, qual é a tua?
Há uma luz nua em cada palavra;
Não importa qual escute quando falada,
A suja ou a sagrada Aleluia!

Fiz o melhor que pude; nem foi tanto.
Como não sabia sentir, aprendi tocando.
Só disse a verdade, não se iluda.
E ainda que tudo acabe em não,
Ficarei diante do Deus da Canção
Com nada mais nos lábios, só Aleluia!

poema e música: Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski

e a música gravada pelo Carlos Machado está aqui:
http://carlosmachado.bandcamp.com/track/aleluia

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013


meus caros, há 3 poemas inéditos meus na revista Helena (pág. 60) editada pela Secretaria de Estado da Cultura/PR. Quem quiser adquirir, pode retirar seu exemplar gratuitamente na Biblioteca Pública no Paraná ou ler a versão virtual aqui: http://bit.ly/1i21h4b



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


uma vez perguntaram ao velho Buk o que ele procura num poema... e ele respondeu:

"O verso limpo e sólido que diz a que veio. E ele tem que ter um
pouco de sangue; ele tem que ter um pouco de humor; ele tem que
ter aquela coisa inominável que você sabe que está lá na hora em
que começa a ler".

BUKOWSKI POR KOPROSKI

do livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (7 Letras)

http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores,product,LV314864,3406.aspx

e o livro ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras) também do Bukowski está aqui:

http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-autores,product,LV314866,3406.aspx

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


é sempre bom lembrar desse poema do velho Buk...

ENTÃO VOCÊ QUER SER ESCRITOR?

se não estiver explodindo em você
apesar de tudo,
não faça.
a não ser que saia espontâneo de seu
coração e de sua mente e de sua boca
e de suas entranhas,
não faça.
se você tiver que passar horas
encarando a tela do computador
ou encurvado sobre sua
máquina de escrever
procurando palavras,
não faça.
se você estiver fazendo isso por dinheiro ou
fama,
não faça.
se você estiver fazendo isso porque deseja
mulheres em sua cama,
não faça.
se você tiver que sentar ali e
reescrever mais uma vez e mais uma vez,
não faça.
se der o maior trabalho só de pensar em fazer,
não faça.
se você estiver tentando escrever como outra
pessoa,
esqueça.

(...)
a não ser que saia de
sua alma como um foguete,
a não ser que ficar parado te
leve à loucura ou
ao suicídio ou assassinato,
não faça.
a não ser que o sol dentro de você esteja
queimando suas vísceras,
não faça.

quando for realmente o momento,
e se você for escolhido,
isso irá acontecer por
conta própria e continuará acontecendo
até você morrer ou isso morrer em
você.
não há outro jeito.
e nunca houve outro.

fragmento do poema “então você quer ser escritor?” de Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
do livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA  (7 Letras)


e o livro ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM (7 Letras) também do Bukowski está aqui:


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013


conselho de amigo para muitos jovens

Vá para o Tibete.
Viaje de camelo.
Leia a Bíblia.
Tinja de azul seus sapatos.
Deixe crescer a barba.
Dê a volta ao mundo numa canoa de papel.
Assine o The Saturday Evening Post.
Mastigue apenas com o lado esquerdo da boca.
Case com uma mulher sem uma perna e se barbeie com uma
navalha.
E entalhe seu nome no braço dela.

Escove os dentes com gasolina.
Durma o dia todo e suba em árvores à noite.
Seja um monge e beba chumbo grosso e cerveja.
Fique com a cabeça debaixo d’água e toque violino.
Faça a dança do ventre diante de velas cor-de-rosa.
Mate seu cão.
Candidate-se para prefeito.
More num barril.
Arrebente sua cabeça com um machado.
Plante tulipas na chuva.
Mas não escreva poesia.

Bukowski por Koproski
do livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores,product,LV314864,3406.aspx

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

de como um certo poeta fernando
resolveu dar uma de pessoa
mas algo acabou dando errado
surgiu na área um tal de marcos prado


um aqui, este ali, outro lá
sem contar aquele parado
não importa aonde olho há
um eu meu ao meu lado

tinha um dado a conselhos
sempre me deixava um caco
pensando que fosse meu espelho
foi o primeiro que fiz em pedaços

setenta e sete anos de azar
fácil então não tem sido
não param mais de falar
agora de novo no meu ouvido

meus eus, cá entre nós
vamos enfim chegar a um acordo
vocês, me deixem a sós
eu, viver vocês todos? nem morto!

Fernando Koproski
do livro MANUAL DE VER NUVENS

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013


Nessa foto, o Leo Cohen e a Marianne na ilha grega de Hidra. Lá ele escreveu seu segundo romance “Beautiful Loosers” e muitas das melhores canções. Detalhe para a moda praia do verão de 1960...

CANÇÃO

A menina nua em prantos
está pensando em meu nome
volvendo e revolvendo
meu nome em bronze
com os mil dedos
de seu corpo
untando seus ombros
com a fragrância lembrada
de minha pele

Oh sou o general
de sua história
conduzindo cavalos majestosos
pelos campos
vestindo trajes de ouro
com o vento em meu torso
o sol na barriga

Possam os pássaros suaves
suaves como uma estória para seus olhos
proteger seu rosto
de meus inimigos
e os pássaros impuros
cujas asas afiadas
foram forjadas em mares metálicos
guardem seu quarto
de meus assassinos

E que a noite a trate com cuidado
as estrelas altas sustentem a palidez
de sua pele descoberta

E possa meu nome em bronze
sempre alcançar seus mil dedos
iluminar-se com suas lágrimas
até que eu esteja fixado como uma galáxia
e memorizado
em seus céus delicados e secretos.

poema do Leonard Cohen
tradução: Fernando Koproski
do livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR (7 Letras)



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

ÁCIDOS LÍRICOS

meu bem, desculpe estar
hoje um tanto diferente
se penso mar, lê-se amar
e assim continuamente

mas não sou eu o problema
são os ácidos líricos falando
dissolvendo, transformando
tudo que escrevo em poema

tentei mentir, usar essa energia
para algo útil mas infelizmente
essa é minha sina, minha cisma

só o que eu vivo vira poesia
os ácidos líricos não mentem
essa vida ou será rima ou minha ruína

Fernando Koproski

poema do livro NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA (7 Letras)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013


Lembro dessa noite como se fosse ontem. Eu, Thadeu e dos Casilleros del Diablo (safra de 1998). Enquanto o Renatão tocava o solo de Just like heaven, a gente ia abrindo a segunda garrafa de vinho, se abrindo em versos e fechando com Baudelaire... Aí surgiu esse texto que talvez não seja o que a ‘Teoria da tradução’ quer, mas é um drink nosso com Baudelaire...

estou bêbado
e nada mais importa
não sinto mais o peso das horas
nem da gravidade
mas continuo bêbado
de vinho, poesia e divindade

eu já estive aqui um dia
de cara com a coroa
o relógio dando corda
ao que o tempo não perdoa

estou bêbado
e nada mais importa
nem o Guimarães
e seu mar de Rosa
entre nebulosas Magalhães

a porta que leva
para fora do bar
já não está no mesmo lugar

poema do Charles Baudelaire
numa livre adaptação de Fernando Koproski e Thadeu Wojciechowski
mixado em algum lugar em 1999...



quinta-feira, 14 de novembro de 2013


Tendo 2 opções, ser professor de literatura ou lavar pratos, fique com a de lavar pratos. Talvez não pra salvar o mundo, mas para prejudicá-lo menos. Mas digamos que você tenha a vocação, você se reserva ao direito de escrever poesia, não do jeito que ela é ensinada, mas como a força ou a falta de força dessa poesia ao entrar e sair de seu íntimo conforme você vive a sua pequena opção.

Bukowski
em AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA
antologia poética organizada e traduzida por Fernando Koproski
(7 Letras)