quinta-feira, 23 de julho de 2015

Um poema para a aniversariante do dia. Os versos traduzem bem o nosso dia a dia. E por falar nos meus dias com ela... Que ela possa ficar ao meu lado assim como eu do lado dela por mais muitos e muitos dias... Um beijo pra vc, Ingrid...

UM ARSENAL DE NUVENS NA CABEÇA

eu um arsenal de nuvens na cabeça
como esse céu
como essa luz dourando
os pelos ao redor do umbigo das nuvens
como essa luz correndo por minhas veias 

a luz correndo por minhas linhas

e botando pressão
em um ou dois sonhos adiados
o fogo desbotado de alguns versos
minha imortalidade com a validade vencida

hoje de tarde
uma página em branco
e esse céu
com uma intimidade
que mais parece intimidação

eu um arsenal de nuvens na cabeça
os teus lábios de avelã no meu gosto ainda
a luz do sol com o púbis das nuvens na ponta da língua

e você
você de novo

com sua pressa de sol as chaves perdidas sapatos desconfiados bolsas indecisas blusas com a cara amassada vestidos com sono perdido espelhos ansiosos cabelos que te desobedecem brincos sem pistas um beijo fora de hora cães à vista sobrancelhas levantadas as notícias mastigadas sem margarina um pão de plástico dois lances de escada e três gatas aflitas

e você
de novo nervosa

você, uma expressão natural da linguagem, sem
metrificação intencional e não sujeita a ritmos regulares

você
toda prosa
na minha poesia

poema: Fernando Koproski
do livro “RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA” (7Letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

terça-feira, 14 de julho de 2015

Meus caros, a nova fornada dos 2 BUKS já está disponível nas lojas das Livrarias Curitiba. Pra quem quiser conferir, está na área:
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p

quinta-feira, 9 de julho de 2015

A cada dia que passa deus fuma mais compulsivamente. Desde aquela nossa última noite juntos, ele fuma um sol atrás do outro. E assim todo fim de tarde, quando a gente olha para cima, ele aperta o sol sobre nós. Não preciso nem presenciar. Sei que a brasa, quando queima, atira estilhaços de ouro pelas nuvens, deixando-as por um momento inutilmente douradas.

Ingrid, quando você não está aqui, como cigarros amassados num cinzeiro, deus apaga sol a sol os nossos fins de tarde.

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7Letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p

Crédito: A foto é do talentoso Daniel Castellano!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

É difícil ter um amigo (de verdade) para conversar. Mais difícil ainda é ter um poeta (de verdade) para conversar. E muito mais difícil ainda é ter um amigo e poeta (de verdade) para conversar... E eu tive um, acredite. Por essa e por muitas outras coisas é que você faz tanta falta, Rodrigo... Hoje faz 6 anos que vc partiu e aqui está o poema que fiz na época pra ti e publiquei no meu "Retrato do amor quando verão, outono e inverno (7letras)":

POEMA PARA MEU AMIGO

meu amigo se foi
e levou consigo
mais que um amigo

ele levou a ousadia de fotografar
o silêncio suave e selvagem dos aquários
a coragem de mergulhar fundo
em suas imagens de delírio exato

meu amigo só não foi sensato
ao voltar pra superfície das páginas
a fim de nos fazer respirar
poemas verdadeiros
e toda aquela loucura lúcida de seu romance

meu amigo foi insensato
ao ser generoso
e compartilhar conosco
suas mais puras
e belas anêmonas de sangue

ele foi digno,
ousado, corajoso, verdadeiro e generoso
e como se isso tudo não fosse o bastante
ele também foi um grande poeta
que agora deixou:

toda a poesia brasileira estanque
seis perfurações azuis em meu peito
os livros livres para queimar
fora das estantes

em seus últimos poemas
meu amigo já dava pistas de seu mais novo plano
– fotografar cada um dos aquários
do fundo do oceano –

tanto que no dia 2 de julho de 2009
rodrigo tirou o escafandro do armário
e partiu

para outras águas

para definir essa dor, meu amigo,
tudo que eu não preciso são palavras

(para Rodrigo de Souza Leão)

poema: Fernando Koproski
do livro "Retrato do amor quando verão, outono e inverno (7letras)"

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Esta é a entrevista que concedi ao jornalista Matheus Campos, falando sobre poesia e Charles Bukowski:

- Qual era a essência dos poemas e da escrita de Bukowski?
A grosso modo, quando se trata de literatura, a essência é sempre “o que” falar, antes do “como” falar. E o Bukowski sempre teve algo a dizer. É por isso que sua poética encontra tamanha receptividade junto aos leitores. Aqui estamos diante de um autor que tinha muito a dizer e o disse com concisão, beleza e intensidade. Conciliou simplicidade e sofisticação em sua poesia ao tratar de temas universais tais como as dificuldades de relacionamento entre pais e filhos, os reveses no relacionamento entre homens e mulheres, ou a gritante inadequação do homem ao se relacionar com seu próprio tempo, em sua busca desesperada por significação em um mundo cada vez mais prenhe de barbárie e falta de sentido.

- Qual o maior desafio em adaptar seus textos para o português?
O maior desafio nessa prática de tradução foi a singular coloquialidade dos textos. A poesia bukowskiana apresenta uma beleza única ao se servir da coloquialidade. E seria muito fácil traduzir os poemas do Bukowski, apenas se norteando pela coloquialidade sem dar conta de ao mesmo tempo traduzir a beleza da linguagem do original em sua simplicidade. Em outras palavras, é fácil fazer uma tradução “tosca” do original, porque é fácil confundir simplicidade com simplismo. Mais desafiador e recompensador é conciliar no texto em português a simplicidade da linguagem do autor com a beleza de seu discurso e a beleza incomum das imagens poéticas inusitadas que ele utiliza.

- E quais você considera as características mais marcantes de seus textos?
Acho que já respondi essa nas duas anteriores... rsrs...

- O que mais lhe chama a atenção na figura de Bukowski? De vida a escrita.
Talvez seja esta atraente combinação, isto é, a muito bem humorada, comunicativa, lúcida, louca e lírica forma de reescrever sua biografia, ampliando-a, distorcendo-a, e moldando-a em seus trabalhos de poesia e ficção, conforme uma visão de mundo corrosiva e ao mesmo tempo terna, passível de compaixão, ensaiando mesmo nos momentos mais difíceis um humanismo sem igual.

- O senhor também é poeta. O Bukowski é uma das maiores inspirações?
Acho que é uma inspiração contínua, assim como a poesia do Leonard Cohen, onde também pratiquei um trabalho de imersão e tradução (“Atrás das linhas inimigas de meu amor” é o título da antologia poética que organizei e traduzi desse poeta canadense). Mesmo após concluir minhas traduções do Bukowski, continuo envolto por sua poética pois ano após ano sou alimentado por novos livros de poemas (são diversos os livros póstumos), biografias, livros de entrevistas, ou ensaios do autor de modo que desde 2000 (quando comecei a ler e traduzir seus poemas) convivo com ele quase que diariamente. E acho que tem sido uma boa convivência... rsrs...

- O que torna uma poesia boa, em sua opinião?
É tudo aquilo que está além do poema, muitas vezes é aquela sensação, sentimento ou constatação que vem depois da última linha lida no papel. Pois um bom poema tem muito a ver com quem lê. Dependendo de como se lê, o poema cresce, ganha altura, verdade, beleza e prazer sensorial de formas jamais vistas. Compartimentado no papel, o poema pouco pode. Mas livre, solto e saltando aos olhos, fazendo um som na mente do leitor é que ele ganha significação e força, muito além de sua aparente fragilidade. Um bom poema é meio que essa parceria: uma letra em carne viva no papel, intimando uma música na sua cabeça a sonhar ousadias.

Fernando Koproski é poeta, tradutor e letrista. É autor da trilogia "Um poeta deve morrer", composta pelos livros "Nunca seremos tão felizes como agora (7Letras, 2009)", "Retrato do artista quando primavera (7Letras, 2014)", e "Retrato do amor quando verão, outono e inverno (7Letras, 2014)". Como tradutor, organizou e traduziu as antologias poéticas de Charles Bukowski "Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém (7Letras, 2005)" e "Amor é tudo que nós dissemos que não era (7Letras, 2012)", bem como da antologia poética de Leonard Cohen "Atrás das linhas inimigas de meu amor (7Letras, 2007)".



terça-feira, 30 de junho de 2015

Amor é tudo que nós dissemos que não era:

quando li esse verso no original de um certo poema do Buk (love is everything we said it wasn't), senti que o verso tinha aquele "gostinho" que podia dar um bom título de livro... e não é que deu certo?

http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p


http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p

você já pode morrer agora.
você já pode morrer do jeito
que as pessoas deveriam
morrer:
esplêndidas,
vitoriosas,
ouvindo a música,
sendo a música,
rugindo,
rugindo,
rugindo.

fragmento do poema de Charles Bukowski
tradução do Koproski
do livro "Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém" (7Letras)

http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p

http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
AS FLORES EM GREVE DE FOME

enquanto você me fala
que entre nós
as flores em greve de fome
forçada
o sonho ainda com sede
as gatas ainda com sono
a gente na mesma sintonia
da antena da tevê quebrada

enquanto você me fala
que meus poemas são tão necessários
quanto um relógio parado

ainda penso que mesmo parado
o relógio
marca 2 vezes por dia
a hora certa

enquanto você me fala
sobre dias sem piano
da roupa amassada
da casa desarrumada
do sonho de uma vida inteira

das árvores estourando a calçada
da pia enchendo de pratos
ou da chuva há dias
comandando uma verdadeira invasão
através das goteiras

enquanto você me fala
disso tudo

ao invés de lavar a louça
ainda fico aqui lavando palavras
nessa página em branco
encardindo dia após dia essa página
com meus versos

enquanto você me fala
do livro do amor

o evangelho do desejo
se abre à minha frente
e eu

ainda com as mãos
nas coxas pálidas das páginas

leio com os dedos seu rosto
seus braços suas mãos
seus olhos fechados
acesos

leio com a língua seus joelhos
seu umbigo sua nuca
suas pernas
seus tornozelos

leio toda a sua pele

toda a epiderme das páginas
desse livro

que sou eu e você

enquanto você me fala
que entre nós
as flores,

seus dedos brisam
por minhas costas

e uma suavidade impera
sobre todos os segredos

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p


sexta-feira, 12 de junho de 2015

POEMA DE AMOR

o amor não tem mesmo coração
o amor não foi quem eu pensei que era
não fui quem o amor pensou que eu fosse
mas o amor estava à minha espera

ah o amor fez o que quis
e o que não quis comigo
se você tem amor no coração
não queira o amor como inimigo

pois o amor não tem fim
o amor dançava em teus lábios
o amor sorria em teus braços
o amor fez sua cabeça contra mim

tava com o amor na ponta da língua
tava com o amor na palma da mão
mas o amor escorre entre os dedos
o amor não tem mesmo coração

o amor agora não me deixa em paz
o amor sempre esteve dentro de você
o amor dessa vez foi longe demais
o amor parece que leu a minha mente

agora o amor só quer saber da gente
mas o amor nunca foi meu forte
o amor é o que te mantém em pé
o amor gosta de viver perigosamente

no coração o amor foi o último a chegar
o amor é sempre o primeiro a sair
o amor parece que deu um nó dentro de nós
agora o amor não tem mais onde ir

Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Dance me to the end of love é uma canção do Leonard Cohen que traduzi como “Dance-me até o fim do amor” no livro ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR. (vc acha ele aqui: http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inim…/p ) E ela está nesse vídeo em que por um Perfume de mulher Al Pacino, dança com aquela velha destreza de quem sente, às cegas, e mesmo assim vê claramente... ou seja, o tipo de coisa que se faz quando se dança até o fim de um amor...

DANCE-ME ATÉ O FIM DO AMOR

Dance-me até a sua beleza
com um violino ardente
Dance-me pelo pânico
até eu estar calmamente
Hasteie-me como a oliveira
e seja meu pombo orientador
Dance-me até o fim do amor

Deixe-me olhar sua beleza
quando não há testemunhas
Sentir o que te movimente
como na Babilônia intuas
Leve-me onde mora com demora
o que eu só sei a se pôr
Dance-me até o fim do amor

Dance-me até a hora do sim
dance-me ininterruptamente
Dance-me por muito tempo
mas dance-me ternamente
Estamos ambos abaixo de nosso amor
e ambos onde acima for
Dance-me até o fim do amor

Dance-me até as crianças
que estão pedindo para nascer
Dance-me pelas cortinas
que o nosso beijo desbotou
Arme uma tenda agora
embora cada fio se soltou
Dance-me até o fim do amor

Dance-me até a sua beleza
com um violino ardente
Dance-me pelo pânico
até eu estar calmamente
Alcance-me de mãos nuas
alcance-me onde sua luva supor
Dance-me até o fim do amor

poema do Leonard Cohen
traduzido por Fernando Koproski
e incluído na antologia poética ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS DE MEU AMOR
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inim…/p


segunda-feira, 25 de maio de 2015

Koproski e as quatro estações

koproskiO poeta e tradutor curitibano Fernando Koproski acaba de publicar dois novos livros: Retrato do artista quando primavera e Retrato do amor quando verão, outono e inverno, ambos pela editora carioca 7Letras. As obras completam a trilogia Um poeta deve morrer, que teve início com a livro Nunca seremos tão felizes quanto agora (2009). Os textos dialogam com as estações e apontam o revelam o imaginário do autor durante as mudanças do ano. Nos poemas de Koproski, estações do ano são marcados por ritmos e gêneros musicais: na primavera, predominam blues, flamenco, rock; no inverno, os versos tem tons tristes, de nuvens, de morte, mais frios; o outono é enebriado pela melancolia de um blues. Como tradutor, Koproski organizou as antologias poéticas de Charles Bukowski e de Leonard Cohen. Letrista, tem canções musicadas por Beijo AA Força, Alexandre França e Carlos Machado.

Fonte: CÂNDIDO - Jornal da Biblioteca Pública do Paraná

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p
--= Sinopses dos seus Livros Favoritos =--- ISBN: 9788542101614 Sinopse do livro RETRATO DO...
https://www.youtube.com/watch?v=DDmiNUMvAn8

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os Elefantes Elegantes mergulham na poesia acida de Charles Bukowski
by Tony Lopes

Comecei a ler Bukowski 30 anos atrás. Eram dias ainda mais estranhos que hoje. Já sabia um pouco sobre a solidão. Sobre a dor aprendi depois aos poucos. A bebida era o elo que ligava uma coisa a outra, e o velho Chinaski um dos poucos companheiros das horas mais lúcidas.

Foi paixão eterna. O escritor que mais li. Devorei com voracidade todos os seus livros lançados no nosso país tropical. Li tudo que foi editado e traduzido aqui. E logo percebi que havia muito mais ali, porque ele sempre falava em leituras de poesias.Mas tudo que podíamos ler eram seus contos e/ou romances. Esperei muito até poder botar meus olhos (que a essa altura não eram dois) nas tais “poesias”. As primeiras não me impactaram. Esperei para encontrar algo melhor...

E finalmente tive a sorte de me bater com as traduções/versões feitas por Fernando Koproski.

E dai surgiu um novo desejo: torná-las musicas. E o mais difícil, feitas por mim. A sorte enfim me sorriu e me pegou numa fase que acabara de descobrir as facilidades de um aplicativo musical. Ele me propiciou a chance de fazer “músicas” ou MiniSongs como prefiro chamá-las. O resto foi fácil, mesmo porque nunca fui muito exigente. Só deixei as palavras saírem da minha boca com o suporte musical da minha banda virtual: Os Elefantes Elegantes.
Esse é o primeiro cd dos Elefantes Elegantes que ganha suporte físico, em uma edição limitada da Brechó Discos/BigBrossRecords/São Rock Discos. Com capa de Bruno Aziz e produção gráfica de Wilson PdM Santana. Então aproveite.

Talvez você esperasse algo diferente do que aqui está. Mas o velho safado era, e é bem mais amplo e profundo que algum marinheiro de primeira viagem possa supor.

O passo seguinte foi conhecer o Koproski e ter a sua aprovação (mesmo que parcial) e convencer/convidar dois amigos muito importantes para um novo projeto: mostrar ao mundo, ao menos o meu, que Buk era muito mais que simples pornografia e escracho. Havia muito mais ali e os seus escritos agora podiam provar isso.

Gustavo Rios que compactuava das mesmas ideias topou a brincadeira de comentar os livros e fazer uma entrevista com Koproski e o nosso band leader Lima Trindade deu o aval para publicar na sua/nossa revista eletrônica Verbo21. Infelizmente essa parte da historia não teve o final feliz, não por culpa dos envolvidos, mas por circunstâncias adversas e alheias à nossa vontade.

O resto fica por sua conta, caro leitor/ouvinte.

Creia

Tony Lopes
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
os poemas do velho Buk nas palavras da querida poeta Regina Azevedo: 

"Amor é tudo que nós dissemos que não era – Charles Bukowski (Ed. 7 Letras) Como já disse, comecei com um livro de poemas de Bukowski. Depois de ler livros de contos, textos autobiográficos e romances, fui atrás de algo mais e encontrei o maravilhoso tradutor Fernando Koproski, que nos presenteia com essa incrível seleção de poemas do Buk."

sexta-feira, 15 de maio de 2015

ASSIM É QUE SE FAZ UM BLUES

você acha que sou louco
    por passar a vida nas nuvens
só pensando em azuis
    mas sente só a canção que compus

amor, não sou louco
    muito menos um bêbado de luz
acontece que o amor esqueceu
    de me dar o troco

mas ainda faço jus
    todo o amor que me deste
é uma dádiva e não uma dívida
    que eu já repus

assim é que se faz um blues
    veja o que se desenha
no canto dos teus lábios
    e enche teu olho de luz

assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues

assim é que se faz um blues
    essa é a minha cruz
você acha que estou morto
    mas ainda faço jus

mesmo com as rosas
    com a garganta cortada,
toda a tua pureza amordaçada
    eu ainda te vejo, blues

quando não tem luz
    trago a lua no peito
só para o amor deixar de ser besta
    e ver nós dois nus

assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues
assim é que se faz um blues
    assim é que se faz um blues

assim é que se faz um blues
    veja o que se desenha
no canto dos teus lábios
    e enche teu olho de luz

Fernando Koproski
fragmento do poema “Assim é que se faz um blues”
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras)
e aqui está o “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A EFEMERIDADE FLORIDA EM: NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA DO AUTOR FERNANDO KOPROSKI

Depois de assistir a algumas tragicômicas performances pretensamente artístico/poéticas, molhadas de desespero e largadas à mediocridade, reli um livro de Fernando Koproski, lançado em 2009. Foi minha tentativa de olhar para o retrovisor da poesia curitibana, para tentar limpar as minhas retinas das retas e patéticas cenas que avisto no para-brisa do atual cenário poético de Curitiba, salvas raras exceções.

O livro de Koproski é uma bela edição envolta por uma capa em Cartão Supremo 250 g/m² e impresso sobre Pólen Bold 90g/m², lançado pela editora 7 LETRAS, composto por cerca de 120 páginas.

Como sempre digo e repito, é muito difícil julgar um livro de poemas, pois cada poema é uma obra completa. Assim, falarei sobre minhas impressões gerais a respeito da obra e analisarei um poema, para suprir as expectativas dos meus fãs que aguardam as minhas análises como forma de ampliar sua competência leitora para a poesia.

Interessante notar que Koproski na página 24 de seu livro faz uma advertência aos leitores: "nos poemas não está o melhor de mim, nos poemas não vive o que me torna adequado, mais possível a essa realidade que é viver." Este poeta maduro está pronto para a crítica, pois sabe que não será ele o alvo das análises, mas a sua estética a sua mentira desfiada em verso, tira a tira.

É isso o que diferencia os grandes poetas dos medíocres poeteiros, que assumem as críticas feitas a sua obra como se fossem ofensas pessoais. Mas isso é compreensível... Poetas medíocres são sinceros demais em seus versos e colocam seus corações, quase sempre partidos, na ponta de suas canetas. Para os medíocres o poema é um divã, onde eles desabafam suas dores que jamais saram: Oh, vós, quando sarais?

Vamos à análise da obra "nunca seremos tão felizes como agora".
De maneira geral, o livro é composto por poemas e prosas poéticas. A temática do livro gira em torno efemeridade e do instante. Tudo o que está ligado à efemeridade e ao instante é alvo de reflexões profundas do "eu lírico", tais como o amor, as flores, Romeu & Julieta, Ofélia, Lady Macbeth, Desdemona, Miranda, Dark Ladies e toda uma lírica shakesperiana que contrasta o efêmero e o eterno.

Para expressar-se e tentar captar o instante profundo de suas reflexões, o "eu lírico" abusa no uso de sinestesias, deverbalizações, nominalizações e metáforas. Isso torna a obra um pouco repetitiva e, por vezes, cansativa. O uso reiterado de estratégias sintáticas e metafóricas semelhantes interfere no ritmo da leitura e passa a sensação de que todo o texto é o mesmo texto, o que é um crime do ponto de vista da estética proposta pela obra. Por isso, este é um livro para ser bebidos em pequenos goles, em breves instantes.
Se o livro for sorvido num só trago, além de ser um desperdício de instantes, ainda poderá afogar o leitor com sinestesias sistemáticas atravessadas na garganta como um nó.

Como o próprio autor adverte, o livro não deve ser lido como um manual de autoajuda sentimental, até porque está longe disto. Faço essa admoestação no intuito de impedir que qualquer leitor, seja ele médico, professor, advogado ou feirante, por exemplo, possa ler a obra como se ela fosse a mais pura expressão da verdade acerca do instante. Isso levaria, por exemplo, um feirante depressivo ao suicídio.

A leitura do livro deve ser feita de maneira leve, sorvendo cada instante. O leitor deve permitir-se demorar em cada sinestesia, devorar cada deverbalização, degustar cada nominalização ou neologismo. metamorfosear-se a cada metáfora, para gozar da instável leveza do instante proposto pelo "eu lírico".

Trata-se de uma obra leve, sem ser leviana e breve, sem ser passageira. Uma boa leitura de uma boa literatura curitibana.

Agora para a felicidade geral da nação, vamos à análise de um dos poemas da obra:

pensei em te trazer flores
mas as flores são inúteis
só sabem florir
a velocidade de minha dor
não sabem sentir
o que eu sinto

pensei em te trazer poemas
mas os poemas são inúteis
só sabem sentir
minhas asas mutiladas
não sabem ferir
o que eu sinto

pensei em te trazer estrelas
mas as estrelas são inúteis
só sabem ferir
meu brilho escuro
não sabem mentir
o que eu sinto

pensei em te trazer mentiras
mas as mentiras são inúteis
só sabem mentir
minha beleza ulcerada
não sabem amar
o que eu sinto

pensei em te trazer um amor
mas os amores são inúteis
só sabem amar
não sabem florir
sentir ferir e mentir
o que eu sinto

(Koproski, p. 76-77)

ou
Disponível em: <http://fernandokoproski.blogspot.com.br/…/blog-post_2207.ht…> Acesso em 11 de maio de 2015.
Acesso público.

Na primeira estrofe o "eu lírico" pensa em presentear seu interlocutor com flores. As flores, símbolos da beleza, também são símbolos da fugacidade. Essa fugacidade não corresponde ao sentimento do "eu lírico" por isso as flores são descartadas. Note que no terceiro verso há uma afimação: "só sabem florir". Sim, as flores só sabem florir e são indiferentes à dor, à solidão ou a qualquer sentimento humano. Isso as torna inúteis. Sua fugacidade é indiferente, porém de floral beleza.

É interessante notar a insistência do "eu lírico" em utilizar o paralelismo sintático em cada estrofe. Esse paralelismo inicia-se pela palavra "pensei" e se encerra com a conjunção adversativa "mas". Sim, pensar é uma condenação, que o diga Sísifo, e as impossibilidades de se concretizar o pensamento por meio de inutilidades são, de fato, más.

Na segunda estrofe o "eu lírico" manifesta seu desejo de presentear com poemas e se depara com a inutilidade deles. Alega que os poemas "só sabem sentir". Repare que , aqui, há uma prosopopeia muito interessante. Não é o leitor que sente o poema, mas o poema que sente o leitor.
Na terceira estrofe, logo após a ideia de presentear com poemas, o "eu lírico" resolve presentear com estrelas. Repare que relação interessante : Tema: o amor - poemas + estrelas = Olavo Bilac - Ouvir estrelas. A luz das estrelas não dialogam com o breu da mentira sentida pelo eu lírico, que mente o que sente, numa metapoesia muito discreta, pois "o poeta é um fingidor" - como diria Fernando Pessoa.

Na quarta estrofe, depois do silêncio das estrelas que disparam luz sobre o que mente/sente o "eu lírico", resta a ele a mentira. E mais uma vez a inutilidade e a fugacidade aparecem. A mentira é inútil, pois ela "não sabe amar", assim como as flores, os poemas e as estrelas.

Na quinta e derradeira estrofe o "eu lírico" esquece as representações românticas do amor ( flores, poemas, estrelas e mentiras) e resolve trazer o coração, assim, na mão, para o interlocutor. Pensa em trazer, então, não mais as representações de um mal do século, mas o próprio mal do século: o amor. Porém o "eu lírico" se dá conta de que o próprio amor é inútil, pois até mesmo ele é pouco para expressar seu sentimento que ama, flore, sente, fere e mente, tudo ao mesmo tempo e não a esmo.

Repare que, como o primeiro movimento da primeira sinfonia de Mahler, o "eu lírico" luta contra o instante que se transforma a cada instante, sem chegar a ser concreto. Essa é a beleza desse poema: buscar no fugaz uma tentativa de eternidade.

Apenas uma curiosidade: logo após o sumário, o autor faz uma dedicatória. Essa dedicatória é assim: "para você, Ingrid". Como crítico não me interessa quem seja essa Ingrid, mas quero chamar a atenção dos meus fãs para que o nome Ingrid significa "a bela deusa". Uma obra dedicada a uma bela deusa.

Mas que deusa é esta? A deusa das flores, dos poemas, das estrelas, das mentiras, do amor, das mentiras do amor. A deusa de tudo o que é instante, instável e fugaz. A deusa das pequenas sensações da vida, como afundar a mão em um saco de grãos, lamber a tampa de um iogurte aberto, quebrar a camada que reveste um pudim, jogar pedras em um lago para ver as reverberações ou simplesmente observar inutilmente a vida alheia para, num ato desesperado, tentar conter a ampulheta e sua areia.

Bem, meus caros leitores, espero tê-los saciado com um pouco de beleza.

A seguir, posto,em boa hora, momentos de pequenas sensações, pois nunca seremos tão felizes como agora!
Cordialmente,
Professor Robson Lima
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Amelie cultive un gout particulier pour les tout petits plaisirs...Plonger la main au plus profond d'un sac de grains, briser la croute des cremes brulees av...
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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Meus caros, é com prazer que anuncio as novas fornadas do velho Buk! Nada como o cheirinho de pão quentinho... Saindo do forno agora as novas tiragens do ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM e AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA. Bom apetite!

http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p

http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p