hoje é aniversário do velho Buk e pra comemorar um poema propício!
SE ACEITÁSSEMOS –
se
aceitássemos o que podemos ver –
as
máquinas nos enlouquecendo,
amantes
por fim odiando;
este peixe
no mercado
olhando
fixo pra dentro de nossas mentes;
flores
apodrecendo, moscas presas na teia;
tumultos,
rugidos de leões enjaulados,
palhaços
apaixonados por notas de dinheiro,
nações
movendo pessoas como peões;
ladrões à
luz do dia da beleza
noturna de
esposas e vinhos;
as cadeias
lotadas,
os
desempregados habituais,
a grama
morrendo, fogos baratos;
homens
velhos o suficiente para amar a sepultura.
Estas
coisas, e outras, em essência
mostram a
vida girando sobre um eixo podre.
Mas eles
nos deixaram um pouco de música
e um
espetáculo estimulante na esquina,
uma dose
de uísque, uma gravata azul,
um pequeno
livro de poemas de Rimbaud,
um cavalo
correndo como se o diabo estivesse
torcendo
seu rabo
sobre a
grama e gritando, e então,
o amor
novamente
como um
bonde dobrando a esquina
bem na
hora,
a cidade
esperando,
o vinho e
as flores,
a água
caminhando sobre o lago
e verão e
inverno e verão e verão
e inverno
novamente.
poema:
Charles Bukowski
tradução:
Fernando Koproski
da
antologia poética ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM
MESMO AMÉM (7 Letras)
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