“Valsa de um amor do futuro”, do escritor curitibano Fernando
Koproski, integrará o volume 2 da antologia “Hiperconexões”, organizada por
Luiz Brás.
“Valsa de um amor do futuro”
num mundo futurista, só a poesia
conta os dias nas folhinhas riscadas
amor, até hoje sou à minha revelia
o futuro de tuas vidas passadas!
meus sonhos passam em cinemascope
no último cinema que sobrou no bairro
já os teus sonhos até onde eu soube
nascem direto na retina, não fazem páreo
meus desejos são guardados em VHSs
que mofam nas estantes, ano após ano
já os teus são escaneados a cada prece
e na nova realidade convivem sem danos
entre nós, se algo ainda dói, pode chorar
lágrimas de cristal líquido não me convencem
a dor real, em 33 rotações, ainda faz girar
aquilo em mim com um chiado persistente
quando tuas pernas cibernéticas pisam
minha rede neural de maneira neurótica e ilógica
vejo como nossa desumanidade é evoluída
a cada nova e incrível conquista tecnológica
às próteses e globos oculares de amanhã
deixo apenas uma certeza ao apertar o pause
o amor é retrógrado, meu amor, como a lã,
é antigo e ultrapassado, a cereja do meu halls
ah, para prolongar nossas vidas mais e mais
o amor deve ser eliminado nas gerações futuras
pois amor é o que nos envelhece, dá dor na coluna
amor é o que ataca nossos anticorpos sem paz
o amor acaba com as defesas de nosso organismo
diante de um amor passa a ser pouco um coração
e volta e meia só a poesia pra fazer um cateterismo
e reabrir com lirismo os vasos sanguíneos da ilusão
ah, se um dia pudermos extinguir essa chama
deixa teus cabelos em meu ombro e não reclama
até esqueço que não são tuas essas pernas...
sem amor ainda vamos dançar uma juventude eterna!
amor, até hoje sou à minha revelia
o futuro de tuas vidas passadas!
meus sonhos passam em cinemascope
no último cinema que sobrou no bairro
já os teus sonhos até onde eu soube
nascem direto na retina, não fazem páreo
meus desejos são guardados em VHSs
que mofam nas estantes, ano após ano
já os teus são escaneados a cada prece
e na nova realidade convivem sem danos
entre nós, se algo ainda dói, pode chorar
lágrimas de cristal líquido não me convencem
a dor real, em 33 rotações, ainda faz girar
aquilo em mim com um chiado persistente
quando tuas pernas cibernéticas pisam
minha rede neural de maneira neurótica e ilógica
vejo como nossa desumanidade é evoluída
a cada nova e incrível conquista tecnológica
às próteses e globos oculares de amanhã
deixo apenas uma certeza ao apertar o pause
o amor é retrógrado, meu amor, como a lã,
é antigo e ultrapassado, a cereja do meu halls
ah, para prolongar nossas vidas mais e mais
o amor deve ser eliminado nas gerações futuras
pois amor é o que nos envelhece, dá dor na coluna
amor é o que ataca nossos anticorpos sem paz
o amor acaba com as defesas de nosso organismo
diante de um amor passa a ser pouco um coração
e volta e meia só a poesia pra fazer um cateterismo
e reabrir com lirismo os vasos sanguíneos da ilusão
ah, se um dia pudermos extinguir essa chama
deixa teus cabelos em meu ombro e não reclama
até esqueço que não são tuas essas pernas...
sem amor ainda vamos dançar uma juventude eterna!
Fernando Koproski
Nenhum comentário:
Postar um comentário