Poeta, Tradutor e letrista * http://fernandokoproski.bandcamp.com/ * www.facebook.com/Fkoproski
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Meus 2 novos livros já estão
disponíveis na Biblioteca Pública do Paraná. Com o maior prazer, antes de
esgotar essa tiragem, doei exemplares pra esta instituição que foi muito
importante para minha formação como leitor. E agora, pra quem quiser conferir,
toda a trilogia "UM POETA DEVE MORRER" está lá: o "NUNCA SEREMOS
TÃO FELIZES COMO AGORA" (2009), "RETRATO DO ARTISTA QUANDO
PRIMAVERA" (2014) e o "RETRATO DO AMOR QUANDO VERÃO, OUTONO E
INVERNO" (2014).
quarta-feira, 25 de junho de 2014
EX-CANÇÃO DE AMOR
on/tem/ es/cre/vi
mais/ um/ poe/ma i/mor/tal/ pra/ vo/cê
mas/ é/ cla/ro/ que/ vo/cê/ não/ no/tou
é/ cla/ro/ que/ vo/cê/ nem/ per/ce/beu
fiz/ de/ vo/cê/ a/ mi/nha/ mu/sa
fiz/ teu/ no/me,/ cor/po e/ mú/si/ca
vi/ver/ pa/ra/ sem/pre
mais/ u/ma/ vez
– a quinta vez só essa semana –
e/ vo/cê/ nem/ no/tou
vo/cê/ não/ per/ce/beu/ na/da
fiz/ ter/ce/tos/ so/bre/ tua/ tez
fiz/ so/ne/tos/ e/ quar/te/tos/ tan/tos
a/té/ fi/car/ ton/to/ de/ tua/ sen/sa/tez
ves/ti/ meus/ ver/sos/ com/ tua/ ver/da/de
e/ fiz/ can/ções/ a/té/ can/sar
de/ tuas/ co/xas
mas/ não/ can/sei
Fernando Koproski
fragmento do poema EX-CANÇÃO DE AMOR do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
terça-feira, 24 de junho de 2014
PODE FICAR COM O DESPERTADOR
pode ficar com tudo
pode ficar com a televisão
o carro, a geladeira e o fogão
pode ficar com toda a dor
porque afinal toda a dor
é só sua mesmo, não?
pode ficar com o despertador
a escritura da casa, o seu som
e o seu computador
pode ficar com meus poemas
com teus certificados de musa
pode ficar com todas as músicas
pode ficar com todos os livros
discos e filmes onde eu te vi
pode ficar com todas
as nuvens de teus quadris
pode ficar com todas as flores
violentas da ternura
pode ficar com aquele colar
que eu fiz em tua cintura
aquele entre os ossinhos
onde senti teu gosto doce
mais perigoso
onde você um pingente
de pelos preciosos
pode ficar com tudo
meu amor
nesse verão
sou as pétalas dos ipês
espatifadas pelo chão
você sai da minha vida
assim como entrou
assim como sai do banho
pingando pétalas pelo corredor
Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
segunda-feira, 23 de junho de 2014
FIM DE JOGO
só para você saber, mágica:
não tem mais nada aqui dentro
isso aqui é só uma máquina
de carne pra marcar o tempo
aquele que antes me traía
ou distraía a todo momento
de tão afiado que vinha
fatiava a lágrima do vento
só para você saber, poema:
não tem mais nada aqui dentro
isso aqui é só uma ampulheta
de sangue pra passar o tempo
aquele que driblava minha emoção
só fingia que brilhava pra multidão
não sei se foi defeito ou passe perfeito
mas aquele coração eu matei no peito
Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
sexta-feira, 20 de junho de 2014
ANTES E DEPOIS
antes de te conhecer
eu só queria morrer
e morria de tantas maneiras
morria de raiva
morria de ódio
morria de ciúme
morria de vergonha mas
se fosse pra morrer eu era capaz
na hora de morrer eu
era um verdadeiro ás
morria tanto por cada besteira
que não morria em paz
depois de te conhecer
eu só queria morrer
e se não morria de amor
eu morria de felicidade
morria de alegria
ou morria de saudade
morria até do que hoje
não se morre mais
na hora de morrer eu
era um verdadeiro ás
morria de vodka
ou de licor de ananás
mas não morria de tédio
às vezes morrer demais
era o único remédio
para eu deixar de viver
da falta que você faz
Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski
A LITERATURA POR UMA BOA
CAUSA
Jonatan Rafael
Para o Paraná Online
Quem acha que literatura é
uma causa perdida está redondamente enganado. E não pense que é pelo fato de
que – dizem que – os livros estão morrendo e dando lugar a tablets e afins. O
poeta e tradutor curitibano Fernando Koproski resolveu deixar às claras o
impacto que a literatura – e sobretudo a poesia – tem na vida do ser humano.
O escritor, que também é um
apaixonado por cães e gatos, fez uma parceria com o coletivo Salva Bicho
Curitiba, organização responsável pelo resgate de muitos amigos de quatro patas
em Curitiba e também na região metropolitana. Para ajudar o grupo, que em
tempos de enchente tem trabalhado dobrado, o poeta resolveu doar seu lucro com
a venda do livro Nunca seremos tão felizes como agora para o
coletivo.
“A ideia surgiu em função da
realidade das tragédias naturais que aconteceram em todo o Paraná. E eu
gostaria de participar também, mas única coisa que tenho são livros. Minha
esposa deu a ideia de doar uma parte do meu lucro com livro e eu concordei”,
comentou Koproski.
Trocando em miúdos, quem
comprar o livro na Livrarias Curitiba estará doando R$ 10 para o Salva Bicho.
Koproski, que sempre se colocou contra as formalidades da poesia, com esse
gesto coloca uma pá de cal sobre a (triste) visão (erroneamente) idealizada de
que a poesia não se funde ao cotidiano.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
que maravilha, estamos
chegando ao fim dessa tiragem! quem ainda não tem os livros do Bukowski,
precisa se espertar que está acabando... e na foto, mais um poema do AMOR É
TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA! abraços aos amigos fãs do velho Buk! é pra
vcs que eu queimo meus neurônios traduzindo... rsrs
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-autores,product,LV314866,3406.aspx
ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski
amor é tudo que nós dissemos que não era:
essa loucura roubada:
amor é tudo que nós dissemos que não era:
segunda-feira, 16 de junho de 2014
e porque hoje é Bloomsday,
nada como lembrar desse poema que fiz pro meu amigo Renatão, com quem passei o
meu melhor Bloomsday: em Dublin tomando uma Guiness às 9 da manhã:
RETRATO DO
ARTISTA QUANDO JOVEM
perto do que seria
preciso ser
mas ainda longe de
acontecer comigo
era onde fui só para me
ver
morrer em Dublin com um
amigo
meus eus, o que há com
vocês?
morrer assim não é pra
qualquer um
nem se vocês todos
fossem Bloom
ou me lembrassem em
Trieste
nem assim, esqueço meus
sins
em
qualquer fim de filme de faroeste
e
se eu presto ou não presto enfim
não
há verso que eu não desconverse
(para Renato Quege)
Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski
quinta-feira, 12 de junho de 2014
POEMA DE AMOR
o amor não tem mesmo coração
o amor não foi quem eu pensei que era
não fui quem o amor pensou que eu fosse
mas o amor estava à minha espera
ah o amor fez o que quis
e o que não quis comigo
se você tem amor no coração
não queira o amor como inimigo
pois o amor não tem fim
o amor dançava em teus lábios
o amor sorria em teus braços
o amor fez sua cabeça contra mim
tava com o amor na ponta da língua
tava com o amor na palma da mão
mas o amor escorre entre os dedos
o amor não tem mesmo coração
o amor agora não me deixa em paz
o amor sempre esteve dentro de você
o amor dessa vez foi longe demais
o amor parece que leu a minha mente
agora o amor só quer saber da gente
mas o amor nunca foi meu forte
o amor é o que te mantém em pé
o amor gosta de viver perigosamente
no coração o amor foi o último a chegar
o amor é sempre o primeiro a sair
o amor parece que deu um nó dentro de nós
agora o amor não tem mais onde ir
Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski
quarta-feira, 11 de junho de 2014
“Oração” é outro poema do
livro NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES COMO AGORA que teve a sorte de receber uma “roupagem
musical”, ao virar canção pelas mãos do Carlos Machado. Ao adquirir este livro,
vc está colaborando com a campanha pra SALVA BICHO!
ORAÇÃO
amor, não me acuse de traição
todo este evangelho da beleza
que foi escrito em sua pele
a minha pele lê com perfeição,
se eu leio com minhas mãos
se eu leio com meus lábios
assim eu faço a minha oração
amor, não me acuse de distração
quando suas coxas se abrem
uma pirâmide de veludo
nesse vale suplica por atenção,
assim em sinal de devoção
ofereço meu vale, campos e mares
às tuas montanhas do coração
amor, não me acuse de heresia
por eu ousar escrever poesia
sobre o evangelho de sua pele
que eu leio com tal adoração,
se não acredita em minha oração
antes de partir me passa
um sermão dos seios às mãos
Poema do
Livro: "Nunca seremos tão felizes como agora"
de Fernando Koproski
de Fernando Koproski
http://carlosmachado.bandcamp.com/track/ora-o
Meus amigos, agradeço as
muitas demonstrações de carinho e apoio à campanha que estamos fazendo em
conjunto com a SALVA BICHO. Pra quem não sabe, estou doando meu lucro, isto é
R$10,00 de cada exemplar vendido do meu livro NUNCA SEREMOS TÃO FELIZES
COMO AGORA para as ações da SALVA BICHO (que são muitas!). Essa campanha é
válida exclusivamente pra compras pelas lojas da Livrarias Curitiba, ou então
pelo site aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/nunca-seremos-tao-felizes-como-agora-autores,product,LV244140,3393.aspx
e como amostra desse livro, aqui vai o poema "PENSEI EM TE TRAZER FLORES" que foi musicado e teve clip do compositor Carlos Machado:
http://www.youtube.com/watch?v=Q98chRV6320
PENSEI EM TE TRAZER FLORES
mas as flores são inúteis
só sabem florir
a velocidade de minha dor
não sabem sentir
o que eu sinto
pensei em te trazer poemas
mas os poemas são inúteis
só sabem sentir
minhas asas mutiladas
não sabem ferir
o que eu sinto
pensei em te trazer estrelas
mas as estrelas são inúteis
só sabem ferir
meu brilho escuro
não sabem mentir
o que eu sinto
pensei em te trazer mentiras
mas as mentiras são inúteis
só sabem mentir
minha beleza ulcerada
não sabem amar
o que eu sinto
pensei em te trazer um amor
mas os amores são inúteis
só sabem amar
não sabem florir
sentir ferir e mentir
o que eu sinto
Poema do Livro: "Nunca seremos tão felizes como agora"
de Fernando Koproski
e como amostra desse livro, aqui vai o poema "PENSEI EM TE TRAZER FLORES" que foi musicado e teve clip do compositor Carlos Machado:
http://www.youtube.com/watch?v=Q98chRV6320
PENSEI EM TE TRAZER FLORES
mas as flores são inúteis
só sabem florir
a velocidade de minha dor
não sabem sentir
o que eu sinto
pensei em te trazer poemas
mas os poemas são inúteis
só sabem sentir
minhas asas mutiladas
não sabem ferir
o que eu sinto
pensei em te trazer estrelas
mas as estrelas são inúteis
só sabem ferir
meu brilho escuro
não sabem mentir
o que eu sinto
pensei em te trazer mentiras
mas as mentiras são inúteis
só sabem mentir
minha beleza ulcerada
não sabem amar
o que eu sinto
pensei em te trazer um amor
mas os amores são inúteis
só sabem amar
não sabem florir
sentir ferir e mentir
o que eu sinto
Poema do Livro: "Nunca seremos tão felizes como agora"
de Fernando Koproski
domingo, 8 de junho de 2014
POESIA PARANAENSE VIVE O PRESENTE SEM
MEDO DO PASSADO
Jonatan Rafael
Para o Paranaonline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/804684/?noticia=POESIA+PARANAENSE+VIVE+O+PRESENTE+SEM+MEDO+DO+PASSADO
O filósofo e
pensador alemão Theodor W. Adorno (1903 – 1969) dizia que era impossível haver
poesia após o holocausto. Apesar da gravidade da frase, ela não se aplica à
Curitiba – e ao Paraná como um todo. Celeiro literário profícuo, as terras
paranaenses deram luz a importantes vozes da poesia brasileira, como os irmãos
Perneta – Júlio (1869 – 1921) e Emiliano (1866 – 1921) -, responsáveis por
introduzir o Simbolismo no Brasil, Dario Vellozoo (1869 – 1937) e a poetisa
Helena Kolody (1912 – 2004) – que era amiga e admiradora de outro importante
nome dos versos do Paraná, o poeta marginal Paulo Leminski (1944 – 1989),
considerado por muitos como o maior nome da literatura local.
Mas o
passado é apenas parte de uma história que é construída pouco a pouco com os
nomes contemporâneos. A prova da força da produção atual está na lista de
finalistas do Prêmio Portugal Telecom, na categoria “poesia”, que conta com
Guilherme Gontijo Flores, e o livro Brasa
enganosa e Rodrigo Garcia Lopes, que disputa com Estúdio realidade.
Garcia
Lopes, que também é músico, lembra que a poesia “tem a importante missão de
apontar e incorporar outros modos de ver, sentir, ser e estar no mundo. É,
sobretudo, a capacidade crítica e na busca do estranhamento ao chamado “mundo
real” que a linguagem poética pode cumprir seu papel ideológico de ser
intérprete de uma época, de questionar os padrões medianos de sensibilidade e
sentido, e de provocar uma ‘ressensibilização’ no leitor e do cidadão”.
E é,
justamente, esse poder de colocar o ser humano em contato consigo que o poeta e
tradutor curitibano Fernando Koproski defende. “A poesia não veio dessas
faculdades. Ela veio de outro lugar, mais quieto, mais limpo e mais sozinho.
Mais sangue e menos vinho. Mais cárie e menos carinho. E quem sabe um dia eu
ainda volte por este caminho”, desabafa.
Koproski é
devoto dos versos de “Então você quer ser escritor?”, poema do norte-americano
Charles Bukowiski (1920 – 1944) e que faz parte da coletânea Amor é tudo que
nós dissemos que não era (organizada e traduzida pelo próprio Koproski): “se
não estiver explodindo em você / apesar de tudo, / não faça / (…)e você estiver
fazendo isso por dinheiro ou / fama, /não faça. / se você estiver fazendo isso
porque deseja / mulheres em sua cama, / não faça”. Para o poeta, “radicado” em
São José dos Pinhais, a poesia não é um ato de vaidade, longe disso, ela é
universal e serve de alimento para a alma do poeta.
Pelas bordas
Poesia não
vende. A máxima não é atual, mas ainda faz parte do cotidiano dos poetas. O
catálogo das editoras sempre parecem desdenhar da poesia, como se fosse um
gênero menor – e, em muitos casos, os contos e as crônicas também recebem
olhares de ressaca de publishers. A tendência, infelizmente, é mundial, o que
não é um alento e nem serve como desculpa.
Desde o ano
passado, com o lançamento de Toda poesia, de Leminski, a poesia conseguiu
entrar na lista dos mais vendidos, desbancando os livros mais óbvios. Com o
sucesso do paranaense, a publicação de outras duas coletâneas de poetas
brasileiros “esquecidos” veio à tona em 2014: Poesia total, do tropicalista Waly Salomão (1943 – 2003) e Poética, de Ana Cristina Cesar (1952 –
1983).
O poeta é um
escravo da dupla função, da jornada dupla e das horas a fio de lapidação. Se é
difícil (sobre)viver de prosa no Brasil, tentar viver de poesia é quase um
suicídio. Para a poetisa e tradutora Josely Vianna Baptista, a situação é
diferente. “Não é a poesia que deve sustentar o poeta, o poeta é que deve
encontrar sustentação para sua poesia, e acho que isso vale para todas as
artes”, explicou a autora. Josely, que
possuiu no currículo um Prêmio Jabuti por sua tradução das Obras Completas, de Borges, em 1999, e ficou com o terceiro lugar,
em 2012, com Roça barroca – que também ficou entre os finalistas do Portugal
Telecom, não acredita na visão romântica de que a poesia e o poeta vivam em um
espaço secundário, desvinculado da realidade.
Inspiração e transpiração
A realidade
é, na verdade, o alimento do poeta, que o coloca dentro do mundo. Os versos
seriam então a sua visão de mundo. Por isso, a poesia nem sempre busca apoio
nas teorias e pragmatismos da literatura. Para Fernando Koproski é impossível
criar uma poesia sólida se o fazer poético precisa ser sustentado pelo
conhecimento teórico. “A
verdadeira poesia não segue a teoria literária, nem os teóricos e muito menos a
teoria diluída pelos professores de literatura. A universidade que me desculpe
mas a poesia feita por professorzinhos agremiados ao Currículo lattes só late,
mas nunca morde”, dispara o poeta, que já debateu o tema em “Universidade
federal”, poema presente no livro Retrato
do artista quando primavera, lançado neste ano.
Menos
radical, Josely acredita que a poesia não precisa, necessariamente, se
preocupar com a fonte teórica ou empírica. A coisa vai além. “Nem uma coisa [só
teoria] nem outra [só prática]: a poesia de Shakespeare é baseada somente na
inspiração? O poeta de cordel lê muita teoria? Fundamental é a construção de
uma linguagem; você recebe a tocha, faz seu percurso com ela e depois a passa
adiante. Acho que só se pode buscar o novo visitando o passado e de olho vivo
no presente”, disse.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
“Valsa de um amor do futuro”, do escritor curitibano Fernando
Koproski, integrará o volume 2 da antologia “Hiperconexões”, organizada por
Luiz Brás.
“Valsa de um amor do futuro”
num mundo futurista, só a poesia
conta os dias nas folhinhas riscadas
amor, até hoje sou à minha revelia
o futuro de tuas vidas passadas!
meus sonhos passam em cinemascope
no último cinema que sobrou no bairro
já os teus sonhos até onde eu soube
nascem direto na retina, não fazem páreo
meus desejos são guardados em VHSs
que mofam nas estantes, ano após ano
já os teus são escaneados a cada prece
e na nova realidade convivem sem danos
entre nós, se algo ainda dói, pode chorar
lágrimas de cristal líquido não me convencem
a dor real, em 33 rotações, ainda faz girar
aquilo em mim com um chiado persistente
quando tuas pernas cibernéticas pisam
minha rede neural de maneira neurótica e ilógica
vejo como nossa desumanidade é evoluída
a cada nova e incrível conquista tecnológica
às próteses e globos oculares de amanhã
deixo apenas uma certeza ao apertar o pause
o amor é retrógrado, meu amor, como a lã,
é antigo e ultrapassado, a cereja do meu halls
ah, para prolongar nossas vidas mais e mais
o amor deve ser eliminado nas gerações futuras
pois amor é o que nos envelhece, dá dor na coluna
amor é o que ataca nossos anticorpos sem paz
o amor acaba com as defesas de nosso organismo
diante de um amor passa a ser pouco um coração
e volta e meia só a poesia pra fazer um cateterismo
e reabrir com lirismo os vasos sanguíneos da ilusão
ah, se um dia pudermos extinguir essa chama
deixa teus cabelos em meu ombro e não reclama
até esqueço que não são tuas essas pernas...
sem amor ainda vamos dançar uma juventude eterna!
amor, até hoje sou à minha revelia
o futuro de tuas vidas passadas!
meus sonhos passam em cinemascope
no último cinema que sobrou no bairro
já os teus sonhos até onde eu soube
nascem direto na retina, não fazem páreo
meus desejos são guardados em VHSs
que mofam nas estantes, ano após ano
já os teus são escaneados a cada prece
e na nova realidade convivem sem danos
entre nós, se algo ainda dói, pode chorar
lágrimas de cristal líquido não me convencem
a dor real, em 33 rotações, ainda faz girar
aquilo em mim com um chiado persistente
quando tuas pernas cibernéticas pisam
minha rede neural de maneira neurótica e ilógica
vejo como nossa desumanidade é evoluída
a cada nova e incrível conquista tecnológica
às próteses e globos oculares de amanhã
deixo apenas uma certeza ao apertar o pause
o amor é retrógrado, meu amor, como a lã,
é antigo e ultrapassado, a cereja do meu halls
ah, para prolongar nossas vidas mais e mais
o amor deve ser eliminado nas gerações futuras
pois amor é o que nos envelhece, dá dor na coluna
amor é o que ataca nossos anticorpos sem paz
o amor acaba com as defesas de nosso organismo
diante de um amor passa a ser pouco um coração
e volta e meia só a poesia pra fazer um cateterismo
e reabrir com lirismo os vasos sanguíneos da ilusão
ah, se um dia pudermos extinguir essa chama
deixa teus cabelos em meu ombro e não reclama
até esqueço que não são tuas essas pernas...
sem amor ainda vamos dançar uma juventude eterna!
Fernando Koproski
quinta-feira, 5 de junho de 2014
PARA QUEM ME OLHA
a importância de um poema
não é outra senão
um olhar apenas
um olhar que em outro
se entenda
olhar que signifique
e imagine,
ainda que uns digam que enigme
ou simplifique
mas um olhar apenas
onde o poema na gente se veja
não o que uma lágrima pisque,
mas um olhar que faísque
assim, quem sabe em silêncio
uma ou outra ternura
sem terceiras intenções
a gente amplifique
não importa se nessas linhas
as coisas que te olharem
possam parecer mais artimanhas
que artes minhas
o que importa neste olhar
é apenas um simples reconhecer
na página
disso que os calendários
insistem em esquecer
em seus diários de pressas:
sem seu olhar o meu não começa
pois este não é um olhar de poema
tampouco um olhar de poeta
aqui, entre pétalas de silêncio
apenas o que de nós
pensa esta página de forma incerta:
sentir teu olhar no meu,
ainda será minhas obras completas
Fernando Koproski
do livro “Retrato do artista quando primavera” (7letras, 2014)
ou pela site da editora 7letras:
https://www.7letras.com.br/catalogsearch/result/?q=fernando+koproski
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