sexta-feira, 31 de julho de 2015

o amigo Jonatan Silva sacou esse click da manga. 2 BUKS na vitrine da Livrarias Curitiba do Shopping Curitiba. Valeu pela foto, Jony!
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
e o leo cohen aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/atras-das-linhas-inimigas-de-meu-amor-aut-parana-lv220048/p

terça-feira, 28 de julho de 2015

Sobre peixes pequenos e Oceanos

Um amigo me perguntou, “Fernando, como vc se sente sendo um dos poetas concorrentes ao prêmio OCEANOS?” Eu falei: “Como um poeta fora d’água...” rsrs... E é verdade. Nunca me senti à vontade em competições e concursos. Sempre achei idiota essa ideia de chegar em primeiro lugar (embora algumas vezes aconteceu de eu chegar...). Possivelmente, foi por isso que larguei a natação quando era pequeno, e desisti da sinuca na idade adulta. A ideia de competir, de objetivar uma medalha ou um troféu, partindo da premissa de que devo subjugar o outro (e fazê-lo se sentir diminuído) sempre me pareceu estúpida e uma verdadeira indecência. Afinal de contas, nunca houve ou haverá melhores, ou mais aptos. Todos somos aptos, embora alguns às vezes se sintam mais à vontade em sua inaptidão. Escrever poesia é isso, se sentir inapto, inadequado, e o tempo todo inconformado seja com a ditadura das formas (e regras e normas) ou com as pré-formatações desagradáveis da realidade. E poetas sempre serão inconformados, indivíduos fatalmente “problemáticos” que apesar disso (ou talvez exatamente por causa disso) têm um sismógrafo ultrassensível aos desajustes e “desconcertos desse mundo”. Daí vem o motivo de eu não acreditar em competições, e em especial as literárias...

Mesmo assim e apesar disso, estou concorrendo com 2 livros ao prêmio Oceanos, os 2 livros de poesia que lancei no ano passado (o “RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA” e o “RETRATO DO AMOR QUANDO VERÃO, OUTONO E INVERNO”). E fico feliz por participar dessa festa literária nesse momento, porque neste ano de 2015 completo 20 ANOS DE CARREIRA. São 11 livros autorais, mais 3 livros de tradução (antologias poéticas que organizei e traduzi) e mais algumas dezenas de letras para canções. É um momento de comemoração e estou feliz por ter chego até aqui sem ter concorrido com ninguém, sem querer competir com ninguém (embora em minha cidade há muitos escritores que me odeiam e compitam comigo). Eles querem competir, não há o que os convença do contrário. Já disse que poesia não é uma corrida de 100 metros rasos. Mas muitos ignoram isso e insistem na grande tolice que é a competição literária. Certamente, é por isso que gastam tanto tempo e energia em fechar portas para você (na UFPR, na FCC ou em qualquer outra sigla com pouca Arte e várias Letras...). Mas não estou nem aí pra isso. Continuo fazendo meu trabalho, como disse um crítico “Sem alarde, sendo entre os invisíveis um dos mais conhecidos...”. Adorei essa referência à minha pessoa... rsrs... Sim, sou um homem invisível, assim como se torna invisível todo artista que pretenda trabalhar com arte em Curitiba (Lembram da crônica do Jamil “Como tornar-se invisível em Curitiba”?)

Enfim, invisibilidades à parte, completo 20 anos de carreira, e fico feliz pelos livros publicados, e pelos vários leitores que se tornaram meus amigos (e vice-versa) e sobretudo por todos vocês que de alguma forma, ou em algum momento, ainda dão ouvidos ao que a poesia tem a dizer.

Apesar de eu me sentir muitas vezes inadequado ou enGATAdo (entre um problema e outro ou entre uma coisa e outra), e não ser capaz de expressar no momento certo o quão grato eu sou por ter vocês em minha vida, agora eu digo: Obrigado... Obrigado a todos os profissionais que participaram de meus livros (revisores, designers, capistas, editores). Obrigado a todos os talentosos poetas e escritores com quem eu dividi ou ainda dividirei livros futuros... E principalmente Obrigado por todas as amizades que eu fiz e por todas as pessoas que eu conheci em função dos livros... Essa é a melhor premiação que eu poderia receber... Livro a livro, pensado, sentido e repartido, eu faço de vocês aí do outro lado da página: os meus melhores amigos...

Abraço do ‘peixe pequeno flutuando no Oceano’,
Fernando

ps. Na foto acima do texto, o poeta num típico momento enGATAdo...

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

quinta-feira, 23 de julho de 2015

https://www.youtube.com/watch?v=F_1EiVAb_O8
Taí um belo video poema... Traduzi esse poema do velho Buk no livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA. Ele se chama “Então você quer ser escritor?” e aqui ele aparece num belo filme do Willem Martinot. Deixo, de preza, os primeiros versos do poema. Pra quem quiser conferir ele todo, o livro está aqui:
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p

ENTÃO VOCÊ QUER SER ESCRITOR?

se não estiver explodindo em você
apesar de tudo,
não faça.
a não ser que saia espontâneo de seu
coração e de sua mente e de sua boca
e de suas entranhas,
não faça.
se você tiver que passar horas
encarando a tela do computador
ou encurvado sobre sua
máquina de escrever
procurando palavras,
não faça.
se você estiver fazendo isso por dinheiro ou
fama,
não faça.
se você estiver fazendo isso porque deseja
mulheres em sua cama,
não faça.
se você tiver que sentar ali e
reescrever mais uma vez e mais uma vez,
não faça.
se der o maior trabalho só de pensar em fazer,
não faça.
se você estiver tentando escrever como outra
pessoa,
esqueça.
se você tiver que esperar até isso rugir em
você,
então espere com paciência.
se isso nunca rugir em você,
faça outra coisa.
se você tiver que ler primeiro para sua esposa
ou para sua namorada ou para seu namorado
ou para seus pais ou para qualquer um,
você não está pronto.
...
fragmento do poema de Charles Bukowski
tradução: Fernando Koproski
do livro AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (7Letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p

Um poema para a aniversariante do dia. Os versos traduzem bem o nosso dia a dia. E por falar nos meus dias com ela... Que ela possa ficar ao meu lado assim como eu do lado dela por mais muitos e muitos dias... Um beijo pra vc, Ingrid...

UM ARSENAL DE NUVENS NA CABEÇA

eu um arsenal de nuvens na cabeça
como esse céu
como essa luz dourando
os pelos ao redor do umbigo das nuvens
como essa luz correndo por minhas veias 

a luz correndo por minhas linhas

e botando pressão
em um ou dois sonhos adiados
o fogo desbotado de alguns versos
minha imortalidade com a validade vencida

hoje de tarde
uma página em branco
e esse céu
com uma intimidade
que mais parece intimidação

eu um arsenal de nuvens na cabeça
os teus lábios de avelã no meu gosto ainda
a luz do sol com o púbis das nuvens na ponta da língua

e você
você de novo

com sua pressa de sol as chaves perdidas sapatos desconfiados bolsas indecisas blusas com a cara amassada vestidos com sono perdido espelhos ansiosos cabelos que te desobedecem brincos sem pistas um beijo fora de hora cães à vista sobrancelhas levantadas as notícias mastigadas sem margarina um pão de plástico dois lances de escada e três gatas aflitas

e você
de novo nervosa

você, uma expressão natural da linguagem, sem
metrificação intencional e não sujeita a ritmos regulares

você
toda prosa
na minha poesia

poema: Fernando Koproski
do livro “RETRATO DO ARTISTA QUANDO PRIMAVERA” (7Letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

terça-feira, 14 de julho de 2015

Meus caros, a nova fornada dos 2 BUKS já está disponível nas lojas das Livrarias Curitiba. Pra quem quiser conferir, está na área:
http://www.livrariascuritiba.com.br/essa-loucura-roubada-que-nao-desejo-a-ninguem-a-nao-ser-a-mim-mesmo-amem-7-letras-lv314866/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/amor-e-tudo-que-nos-dissemos-que-nao-era-autores-lv314864/p

quinta-feira, 9 de julho de 2015

A cada dia que passa deus fuma mais compulsivamente. Desde aquela nossa última noite juntos, ele fuma um sol atrás do outro. E assim todo fim de tarde, quando a gente olha para cima, ele aperta o sol sobre nós. Não preciso nem presenciar. Sei que a brasa, quando queima, atira estilhaços de ouro pelas nuvens, deixando-as por um momento inutilmente douradas.

Ingrid, quando você não está aqui, como cigarros amassados num cinzeiro, deus apaga sol a sol os nossos fins de tarde.

Fernando Koproski
do livro “Retrato do amor quando verão, outono e inverno” (7Letras)
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p
http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p

Crédito: A foto é do talentoso Daniel Castellano!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

É difícil ter um amigo (de verdade) para conversar. Mais difícil ainda é ter um poeta (de verdade) para conversar. E muito mais difícil ainda é ter um amigo e poeta (de verdade) para conversar... E eu tive um, acredite. Por essa e por muitas outras coisas é que você faz tanta falta, Rodrigo... Hoje faz 6 anos que vc partiu e aqui está o poema que fiz na época pra ti e publiquei no meu "Retrato do amor quando verão, outono e inverno (7letras)":

POEMA PARA MEU AMIGO

meu amigo se foi
e levou consigo
mais que um amigo

ele levou a ousadia de fotografar
o silêncio suave e selvagem dos aquários
a coragem de mergulhar fundo
em suas imagens de delírio exato

meu amigo só não foi sensato
ao voltar pra superfície das páginas
a fim de nos fazer respirar
poemas verdadeiros
e toda aquela loucura lúcida de seu romance

meu amigo foi insensato
ao ser generoso
e compartilhar conosco
suas mais puras
e belas anêmonas de sangue

ele foi digno,
ousado, corajoso, verdadeiro e generoso
e como se isso tudo não fosse o bastante
ele também foi um grande poeta
que agora deixou:

toda a poesia brasileira estanque
seis perfurações azuis em meu peito
os livros livres para queimar
fora das estantes

em seus últimos poemas
meu amigo já dava pistas de seu mais novo plano
– fotografar cada um dos aquários
do fundo do oceano –

tanto que no dia 2 de julho de 2009
rodrigo tirou o escafandro do armário
e partiu

para outras águas

para definir essa dor, meu amigo,
tudo que eu não preciso são palavras

(para Rodrigo de Souza Leão)

poema: Fernando Koproski
do livro "Retrato do amor quando verão, outono e inverno (7letras)"

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-amor-quando-verao-outono-e-inverno-7-letras-lv341626/p

http://www.livrariascuritiba.com.br/retrato-do-artista-quando-primavera-7-letras-lv341627/p

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Esta é a entrevista que concedi ao jornalista Matheus Campos, falando sobre poesia e Charles Bukowski:

- Qual era a essência dos poemas e da escrita de Bukowski?
A grosso modo, quando se trata de literatura, a essência é sempre “o que” falar, antes do “como” falar. E o Bukowski sempre teve algo a dizer. É por isso que sua poética encontra tamanha receptividade junto aos leitores. Aqui estamos diante de um autor que tinha muito a dizer e o disse com concisão, beleza e intensidade. Conciliou simplicidade e sofisticação em sua poesia ao tratar de temas universais tais como as dificuldades de relacionamento entre pais e filhos, os reveses no relacionamento entre homens e mulheres, ou a gritante inadequação do homem ao se relacionar com seu próprio tempo, em sua busca desesperada por significação em um mundo cada vez mais prenhe de barbárie e falta de sentido.

- Qual o maior desafio em adaptar seus textos para o português?
O maior desafio nessa prática de tradução foi a singular coloquialidade dos textos. A poesia bukowskiana apresenta uma beleza única ao se servir da coloquialidade. E seria muito fácil traduzir os poemas do Bukowski, apenas se norteando pela coloquialidade sem dar conta de ao mesmo tempo traduzir a beleza da linguagem do original em sua simplicidade. Em outras palavras, é fácil fazer uma tradução “tosca” do original, porque é fácil confundir simplicidade com simplismo. Mais desafiador e recompensador é conciliar no texto em português a simplicidade da linguagem do autor com a beleza de seu discurso e a beleza incomum das imagens poéticas inusitadas que ele utiliza.

- E quais você considera as características mais marcantes de seus textos?
Acho que já respondi essa nas duas anteriores... rsrs...

- O que mais lhe chama a atenção na figura de Bukowski? De vida a escrita.
Talvez seja esta atraente combinação, isto é, a muito bem humorada, comunicativa, lúcida, louca e lírica forma de reescrever sua biografia, ampliando-a, distorcendo-a, e moldando-a em seus trabalhos de poesia e ficção, conforme uma visão de mundo corrosiva e ao mesmo tempo terna, passível de compaixão, ensaiando mesmo nos momentos mais difíceis um humanismo sem igual.

- O senhor também é poeta. O Bukowski é uma das maiores inspirações?
Acho que é uma inspiração contínua, assim como a poesia do Leonard Cohen, onde também pratiquei um trabalho de imersão e tradução (“Atrás das linhas inimigas de meu amor” é o título da antologia poética que organizei e traduzi desse poeta canadense). Mesmo após concluir minhas traduções do Bukowski, continuo envolto por sua poética pois ano após ano sou alimentado por novos livros de poemas (são diversos os livros póstumos), biografias, livros de entrevistas, ou ensaios do autor de modo que desde 2000 (quando comecei a ler e traduzir seus poemas) convivo com ele quase que diariamente. E acho que tem sido uma boa convivência... rsrs...

- O que torna uma poesia boa, em sua opinião?
É tudo aquilo que está além do poema, muitas vezes é aquela sensação, sentimento ou constatação que vem depois da última linha lida no papel. Pois um bom poema tem muito a ver com quem lê. Dependendo de como se lê, o poema cresce, ganha altura, verdade, beleza e prazer sensorial de formas jamais vistas. Compartimentado no papel, o poema pouco pode. Mas livre, solto e saltando aos olhos, fazendo um som na mente do leitor é que ele ganha significação e força, muito além de sua aparente fragilidade. Um bom poema é meio que essa parceria: uma letra em carne viva no papel, intimando uma música na sua cabeça a sonhar ousadias.

Fernando Koproski é poeta, tradutor e letrista. É autor da trilogia "Um poeta deve morrer", composta pelos livros "Nunca seremos tão felizes como agora (7Letras, 2009)", "Retrato do artista quando primavera (7Letras, 2014)", e "Retrato do amor quando verão, outono e inverno (7Letras, 2014)". Como tradutor, organizou e traduziu as antologias poéticas de Charles Bukowski "Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém (7Letras, 2005)" e "Amor é tudo que nós dissemos que não era (7Letras, 2012)", bem como da antologia poética de Leonard Cohen "Atrás das linhas inimigas de meu amor (7Letras, 2007)".